Publicação: 13/03/2012 16:32 Atualização: 13/03/2012 20:19
Marselha - Os ministros do Meio Ambiente de mais de 80 países reunidos no Fórum Mundial da Água se comprometeram nesta terça-feira (13/3), em Marselha (sul da França), a acelerar o acesso ao saneamento e à água potável, dos quais ainda estão privados 80 milhões de habitantes no mundo.
Em uma declaração adotada nesta terça-feira "por aclamação", os titulares do Meio Ambiente presentes no Fórum de Marselha expressaram seu compromisso "para acelerar o acesso à água potável e ao saneamento através de todos os meios apropriados", em sinal de "nossos esforços para superar a crise da água".
No entanto, em declarações pouco depois da adoção do documento, o ministro boliviano do Meio Ambiente, Felipe Quispe Quenta, expressou sua rejeição à Declaração Ministerial adotada no segundo dia do Fórum da Água.
"Não nos juntamos a essa Declaração" adotada pelos ministros porque acreditamos que ela estimula "a privatização dos serviços da água", declarou Quispe Quenta, que acrescentou que seu país considera "obrigação do Estado garantir e administrar o direito à água".
O titular do Meio Ambiente boliviano expressou seu descontentamento ao considerar que o Fórum, organizado pelo Conselho Mundial de Água, fala, sobretudo, de investimentos privados.
"A água não é uma mercadoria. E garantir o acesso a ela requer mais investigações públicas, não privatizar os serviços", afirmou o ministro boliviano.
"Na Bolívia, a privatização da água fracassou", porque "a água é um direito humano universal, é um direito para garantir outros direitos humanos", afirmou. "Em Marselha, não temos sido ouvidos", queixou-se Quispe Quenta.
O Sexto Fórum Mundial da Água reúne, durante seis dias, dirigentes governamentais, empresários, associações e organizações não-governamentais em torno do tema dos recursos hídricos, ameaçados pelo crescimento da população e a mudanças climáticas.
Mas a sociedade civil se ausentou deste fórum, que promete encontrar "soluções concretas" para impulsionar uma melhor distribuição e gestão da água doce, cuja demanda disparou no mundo devido ao crescimento da população e às mudanças climáticas.
Uma das razões da ausência de representantes da sociedade civil é o preço da entrada, que "custa 600 euros", explicou Jaume Delclos, porta-voz da organização Engenharias sem Fronteiras e Ecologistas em Ação.
"Essa é uma primeira barreira para se celebrar um verdadeiro debate mundial sobre a água, onde todos os pontos de vista estejam presentes", reclamou Delclos.
Por este motivo, militantes e ativistas se reunirão a partir de quarta-feira em um Fórum Alternativo da Água, no centro de Marselha.
"O que nós acreditamos - insistiu - é que o acesso à água não pode depender da capacidade de pagamento. Porque sem água, morremos", continuou.
"A água é um direito humano universal, como afirma a ONU. E embora haja custos relacionados ao acesso domiciliar à água, não se pode aceitar que a implementação do acesso à água esteja em mãos privadas", insistiu Delclos.
O ativista lembrou que o fórum é organizado pelo Conselho Mundial da Água, presidido por Loic Fauchon, que é o presidente da Suez Environment, "a maior transnacional do mundo em termos de água".
"O que o fórum faz, na verdade, é promover a privatização dos serviços de água e saneamento, ao invés de tirar a água da lógica do mercado, como quer a sociedade civil", assegurou.
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