Longa seca no Pantanal expõe degradação
no Rio Paraguai
É na seca, como agora, que o Pantanal revela as interferências que vem recebendo em consequência das alterações ambientais que ocorrem em seu entorno, como o desmatamento, o uso desordenado dos recursos naturais e as barragens para produção de energia. Como reflexo desse desequilíbrio, acentua-se a cada ano o assoreamento do Rio Paraguai, que banha a planície de Norte a Sul.
Com níveis de água no alto Pantanal que se comparam aos dos anos de 1960 (0,82 cm, no último dia 15, em Cáceres), quando se registrou um dos ciclos mais intensos de seca, o principal rio do ecossistema está sendo engolido pela concentração acelerada de sedimentos, grande parte do planalto. Fruto do manejo inadequado da agricultura e falta de políticas de proteção dos seus mananciais.
Há dois anos, quando integrou uma expedição científica do Centro de Pesquisa do Pantanal, de Cuiabá, a bióloga Emiko Resende, chefe da Embrapa Pantanal, alertou: “Prevejo um futuro sombrio se nada for feito nas cabeceiras dos rios que desaguam no Paraguai. Me assustei com o assoreamento do Rio Paraguai. Já está parecido com o Rio Taquari (que sofreu desastre ambiental nos anos 80)”.Ao Correio do Estado, Emiko Resende disse que o surgimento de “um novo Taquari” é um processo lento, mas fatalmente ocorrerá se nenhuma ação for feita para conter a degradação das cabeceiras e os projetos das usinas hidrelétricas. O problema não se resume à retirada das matas ciliares, mas também ao climático (falta de chuvas) e às mudanças dos ciclos de seca e cheia.
“A agricultura em larga escala já está começando a mudar esse padrão – que chamamos de pulso de inundação”, explica Paulo de Souza Junior, do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Áreas Úmidas (Inau). “Essa prática aumenta a compactação do solo e intensifica o assoreamento, pois leva sedimentos para dentro dos rios. As consequências podem ser catastróficas.”
Barco encalhado
Barco encalhado
De Cáceres (MT) a Lagoa Gaíva, próximo à divisa de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, o trecho estreito e sinuoso do rio é o mais crítico. As dificuldades de navegação não são de agora, mas, segundo os comandantes de grandes embarcações, como os barcos-hotéis de turismo, as restrições aumentam a cada ano. É preciso experiência para navegar em um canal raso, que muda constantemente.
No início deste mês, o barco “Ieié”, com 30 turistas a bordo, encalhou no trecho conhecido como “Beiçudo”, onde o leito deslocou-se do centro para a margem direita do rio.
Outras três embarcações também bateram nos bancos de areia no mesmo local. Logo abaixo, no “Morro Pelado”, o barco de turismo São Lucas interrompeu a viagem após furar o casco ao bater em uma pedra.
“O rio já não é mais o mesmo e precisamos de investimentos do governo para não parar o turismo”, disse Cleres Tubino, da Associação Ambientalista, Empresarial e Turística de Cáceres (Asatec).
O empresário cobra dragagem permanente dos trechos assoreados e uma melhor sinalização náutica (de responsabilidade da Marinha), cuja desatualização, segundo ele, compromete a segurança.
Volume de águas é o menor em quatro décadas em Cáceres
Depois da grande cheia do ano passado, atingindo o pico de 5,62 m na régua de Ladário, o Rio Paraguai leve uma vazão na mesma proporção e chegou ao mínimo de 0,73 cm na primeira semana de janeiro de 2012, paralisando a navegação comercial por mais de dois meses. As previsões para este ano são sombrias, considerando a forte seca e a estiagem, que se prolonga por quase três meses.
O comportamento do rio, tendo como parâmetro a régua da Marinha (em Ladário), deve ser igual ou ainda mais intenso em relação a 2010, quando, após uma seca semelhante à de agora, o seu nível mínimo foi de 0,92 cm, em 27 de dezembro.
Ontem, estava em 1,90 m (0,31 cm abaixo da marca registrada na mesma data de 2010), e deve chegar a 1,24 m na primeira semana de outubro.
Ontem, estava em 1,90 m (0,31 cm abaixo da marca registrada na mesma data de 2010), e deve chegar a 1,24 m na primeira semana de outubro.
Voltou a chover em Cáceres, onde o rio subiu sete centímetros, depois de 86 dias de estiagem. É o chamado repique. Mesmo chovendo intensamente no alto Pantanal, essa água chega a Ladário depois de 40 dias. O volume de água do rio naquela região é o menor em quatro décadas. “É possível atravessar o rio a pé em alguns pontos”, informa o capitão da Marinha Josinaldo Sobrinho.
Drenagem
A navegação no Norte está sendo normalizada com o serviço de dragagem de manutenção realizada desde maio pela Ahipar (Administração da Hidrovia do Paraguai), com sede em Corumbá. O trabalho, autorizado pelo Ibama, ocorre em 23 trechos críticos (com nível do rio abaixo de 1,10 m), por uma extensão de 120 quilômetros, e previsão de remoção de 126 mil metros cúbicos de areia. Durante viagem técnica de inspeção da via, entre Cáceres e Corumbá, na semana passada, o chefe da Diretoria de Infraestrutura Aquaviária do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), Adão Magnus Proença, anunciou que, para o próximo ano, o Ministério dos Transportes pleiteará uma licença ambiental para recompor o leito do rio em 2,50 m. Hoje a dragagem eleva o canal a 1,80 m.
Fonte: Silvio Andrade – Correio do Estado
Foto: Fabio Pellegrini
Foto: Fabio Pellegrini
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