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20 de janeiro de 2014

AMPLIAÇÃO DA VAZÃO DOS RIOS DAS BACIAS PCJ, POR TEMPESTADES, DÃO FALSA SENSAÇÃO DE CHEIAS

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Rio Piracicaba em janeiro deste ano. Foto: Consórcio PCJ



















20/1/2014 

Tempestades dão falsa sensação de cheias em rios das Bacias PCJ


por Murilo F. de Sant’Anna*

A ocorrência de tempestades no início da segunda quinzena do mês de janeiro tem ocasionado a ampliação da vazão dos rios das Bacias PCJ em áreas pontuais e em períodos curtos, mas sem ainda conseguir recarregar o lençol freático e os reservatórios da região. Prova disso, é o índice de pluviosidade que tem ficado abaixo da média nos meses de dezembro e janeiro, em vários pontos de medição na Bacia.
Em Bragança Paulista, a média de chuvas esperada para dezembro é de 197 mm, mas a média do mês em 2013 foi de 116 mm. Em janeiro deste ano a diferença aumentou ainda mais, até o momento choveu 51,3 mm, enquanto que o esperado é que chova 266 mm.
No município de Campinas, os números também são preocupantes. Em dezembro a média mensal foi de 98 mm, o que não corresponde à metade da média esperada para esse período, que é de 213 mm. No mês de janeiro, o esperado é que chova 278 mm, mas até o dia 15 o acumulado do mês chegou a 74,2 mm.
O Rio Piracicaba, apesar das chuvas intensas, porém, de pouca duração, também não está apresentando as vazões esperadas para o período. No mês de dezembro de 2013 o curso d’água teve uma vazão média de 71m³/s, que corresponde a 57% da vazão esperada para o período, que é de 128m³/s.
Já em janeiro, a média esperada é de 208m³/s, porém as vazões estão sendo de aproximadamente 90m³/s, como por exemplo, ontem (16/01) que o Rio apresentou vazão de 96m³/s. No entanto, no início de 2014, o Piracicaba chegou a apresentar 29 m3/s, um número considerado de estiagem.
O Coordenador de Projetos do Consórcio PCJ, José Cezar Saad, explica por que isso ocorre. “As chuvas por serem muito intensas e de curta duração, não permite que o solo absorva a água necessária para a recarga dos mananciais, por isso as vazões nos corpos d’água, quando ocorrem essas chuvas, aumentam significativamente, porém não se mantêm em função da pouca duração dessas chuvas”.
Segundo o técnico e pesquisador do Cepagri da Unicamp, Hilton Silveira Pinto, o ano de 2013 foi o mais seco nos últimos 25 anos. “Em 2013 tivemos chuvas muito abaixo da média, ele foi o mais seco desde 1988. O esperado é que chovesse 1.350 mm, mas o número chegou apenas a 1.177 mm. Dezembro também foi o mais seco, a média é de 220 mm, mas choveu 83 mm no mês”.
Nas fotos que anexamos junto à matéria podemos comparar a vazão atual do Rio Piracicaba, em Piracicaba (SP), que é de 124,12 m³/s, e a vazão de cheia verificada em janeiro de 2012, que estava acima de 600 m³/s.
Situação de atenção também vive a região das cabeceiras das Bacias PCJ, que é a área produtora de água do Sistema Cantareira. A ocorrência de chuvas por lá também está muito aquém do esperado. Em Extrema (MG), por onde passa o Rio Jaguari que irá formar a represa Jaguari/Jacareí, a maior das cinco que compõe o Cantareira, a média de chuvas para janeiro é de 335mm e até momento choveu 38,6mm.
Atualmente, o Sistema Cantareira está operando a 24,6% da sua capacidade. Estão entrando no Sistema 13,38 m3/s e saindo 3 m3/s para as Bacias PCJ e 27,33 m3/s para a Grande São Paulo, uma diferença de 16,95 m3/s, o que explica porque os reservatórios não estão conseguindo se recarregar.
Diante dessas informações, vê-se que os rios ainda que aparentem estar bem cheios não estão na proporção que é verificada para essa época do ano. Estamos passando por uma estiagem fora de época e fica o alerta de que as práticas de consumo racional de água devem ser realizadas de imediato. Desde o dia 19 de dezembro, o Consórcio PCJ vem emitindo alertas a todos os municípios das Bacias PCJ e aos órgãos gestores, solicitando o início de um plano de conscientização da população sobre o atual nível dos reservatórios e do volume de chuvas abaixo da média e a necessidade de início imediato de ações para economizar água.
O que são tempestades?
As tempestades, normalmente, chegam a cair num território de 4 a 5 km, e duram em média 30 minutos, considerando a chuva fraca inicial, os trovões e relâmpagos, a chuva intensa, que pode ocorrer com granizo, e a forte corrente de ar.
Segundo o Instituto de Pesquisas Tecnológicas uma tempestade que chove mais de 30 mm em uma hora, pode causar alagamentos. E caso chova mais de 80 mm nas últimas 72 horas, podem ocorrer deslizamentos de terras.
Murilo F. de Sant’Anna é jornalista.
(Consórcio PCJ)  - AGÊNCIA ENVOLVERDE


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