POSTAGEM ESPECIAL
Neste sábado (17), o Movimento Xingu Vivo para Sempre (MXVS) organiza o Dia X pelo Xingu – Dia de Luta contra Belo Monte. A mobilização ocorrerá na cidade de Altamira, no estado do Pará, onde as obras da hidrelétrica já começaram, e em nove capitais brasileiras – Belém, São Paulo, Rio de Janeiro, Cuiabá, Manaus, Salvador, Porto Alegre, Curitiba e Campinas.
A reportagem é de Camila Queiroz e publicada por Adital, 16-12-2011.
Um dos focos dos protestos deve ser a campanha Belo Monte: com meu dinheiro não!, lançada na última semana pelo Movimento Xingu Vivo para Sempre para pressionar os bancos a não participarem do financiamento da usina.
Em Altamira, os manifestantes se concentrarão em frente à Feira Grande da cidade, local de bastante circulação aos sábados. De lá, seguirão em marcha, denunciando as violações causadas por Belo Monte contra os povos da Amazônia. Participarão professores e estudantes da Universidade Federal do Pará (UFPA), prelazia do Xingu, Mutirão pela Cidadania, sindicatos, movimento negro e movimento de agricultores.
Coordenadora do Movimento Xingu Vivo para Sempre, Antonia Melo destaca que a marcha terá o papel de formação política da população, denunciando a situação atual de Altamira – que ela caracteriza como um "caos” –, e também alertando para novos ataques do governo.
"Mais de 60 barragens estão programadas até 2020, em todos os rios da Amazônia. Só Belo Monte vai ter complexo de quatro ou cinco barragens, com capacidade instalada para produzir 11 mil MW, mas só produzirá 4MW durante três ou quatro meses, e no resto do ano, em meses de seca do rio, quase nada”, alerta.
Durante a noite, a partir de sábado, o Movimento Xingu Vivo fará exibição de vídeos em apoio ao Movimento Gota D´Água, em que artistas explicam razões para se contrapor ao megaprojeto de Belo Monte. As sessões ocorrerão na Orla do Cais, um dos locais mais movimentados em Altamira nesta época do ano.
A luta contra Belo Monte conta ainda com o apoio das redes sociais. "As redes sociais são fundamentais, principalmente nas capitais, onde elas contam muito forte para a articulação. É muita pressão, fala e expressão popular em defesa da vida”, comemora a militante.
Para os manifestantes que forem participar das marchas nas capitais brasileiras, o Movimento Xingu Vivo para Sempre disponibiliza, em seu sítio, sugestões de materiais – panfletos, banners e faixas.
Caos
Essa é a palavra utilizada por Antonia para descrever a situação em Altamira após o início das obras de Belo Monte. A cidade já abriga quase 200 mil pessoas – mais que o dobro da população de 2009, quando o governo começou a propagandear as "benesses” de Belo Monte e o númeor passou para 90 mil habitantes.
Segundo a ativista, órgãos de atendimento à população não dão mais conta da demanda, principalmente os da Saúde e da Segurança Pública. "O contingente policial é muito pequeno para atender a todas essas pessoas e ainda nove municípios da região”, conta. Uma mostra disso está no aumento significativo do número de homicídios e de casos de violência sexual contra crianças e adolescentes.
Na Saúde, faltam leitos e não é possível realizar exames médicos. "As pessoas estão morrendo sem atendimento”, relata. Também o sistema de saneamento básico enfrenta problemas e a água continua sem tratamento.
Outra situação já prevista pelos movimentos sociais é a especulação imobiliária, que aumentou o aluguel em 500%, assim como o preço das terras, impossibilitando a compra de terrenos pelas pessoas que foram indenizadas pelo governo – a Norte Energia, consórcio responsável pela construção de Belo Monte, não fez o reassentamento de nenhuma família, segundo ela denuncia.
A região de Volta Grande, onde vivem duas grandes comunidades indígenas, terá o curso do rio desviado, deixando 100 km praticamente secos. Enquanto isso, o barulho nos canteiros da obra afeta profundamente as famílias.
"As pessoas que ainda estão ali sofrem com barulho dia e noite, constantes explosões de dinamite. Idosos e crianças não têm mais sossego, estão estressados e doentes. Cadê o respeito aos direitos humanos que o governo prometeu? É como disseram os 80 operários demitidos pela Norte Energia: ‘Belo Monte é uma ilusão’”, arremata. Fonte: IHU - UNISINOS
Um dos focos dos protestos deve ser a campanha Belo Monte: com meu dinheiro não!, lançada na última semana pelo Movimento Xingu Vivo para Sempre para pressionar os bancos a não participarem do financiamento da usina.
Em Altamira, os manifestantes se concentrarão em frente à Feira Grande da cidade, local de bastante circulação aos sábados. De lá, seguirão em marcha, denunciando as violações causadas por Belo Monte contra os povos da Amazônia. Participarão professores e estudantes da Universidade Federal do Pará (UFPA), prelazia do Xingu, Mutirão pela Cidadania, sindicatos, movimento negro e movimento de agricultores.
Coordenadora do Movimento Xingu Vivo para Sempre, Antonia Melo destaca que a marcha terá o papel de formação política da população, denunciando a situação atual de Altamira – que ela caracteriza como um "caos” –, e também alertando para novos ataques do governo.
"Mais de 60 barragens estão programadas até 2020, em todos os rios da Amazônia. Só Belo Monte vai ter complexo de quatro ou cinco barragens, com capacidade instalada para produzir 11 mil MW, mas só produzirá 4MW durante três ou quatro meses, e no resto do ano, em meses de seca do rio, quase nada”, alerta.
Durante a noite, a partir de sábado, o Movimento Xingu Vivo fará exibição de vídeos em apoio ao Movimento Gota D´Água, em que artistas explicam razões para se contrapor ao megaprojeto de Belo Monte. As sessões ocorrerão na Orla do Cais, um dos locais mais movimentados em Altamira nesta época do ano.
A luta contra Belo Monte conta ainda com o apoio das redes sociais. "As redes sociais são fundamentais, principalmente nas capitais, onde elas contam muito forte para a articulação. É muita pressão, fala e expressão popular em defesa da vida”, comemora a militante.
Para os manifestantes que forem participar das marchas nas capitais brasileiras, o Movimento Xingu Vivo para Sempre disponibiliza, em seu sítio, sugestões de materiais – panfletos, banners e faixas.
Caos
Essa é a palavra utilizada por Antonia para descrever a situação em Altamira após o início das obras de Belo Monte. A cidade já abriga quase 200 mil pessoas – mais que o dobro da população de 2009, quando o governo começou a propagandear as "benesses” de Belo Monte e o númeor passou para 90 mil habitantes.
Segundo a ativista, órgãos de atendimento à população não dão mais conta da demanda, principalmente os da Saúde e da Segurança Pública. "O contingente policial é muito pequeno para atender a todas essas pessoas e ainda nove municípios da região”, conta. Uma mostra disso está no aumento significativo do número de homicídios e de casos de violência sexual contra crianças e adolescentes.
Na Saúde, faltam leitos e não é possível realizar exames médicos. "As pessoas estão morrendo sem atendimento”, relata. Também o sistema de saneamento básico enfrenta problemas e a água continua sem tratamento.
Outra situação já prevista pelos movimentos sociais é a especulação imobiliária, que aumentou o aluguel em 500%, assim como o preço das terras, impossibilitando a compra de terrenos pelas pessoas que foram indenizadas pelo governo – a Norte Energia, consórcio responsável pela construção de Belo Monte, não fez o reassentamento de nenhuma família, segundo ela denuncia.
A região de Volta Grande, onde vivem duas grandes comunidades indígenas, terá o curso do rio desviado, deixando 100 km praticamente secos. Enquanto isso, o barulho nos canteiros da obra afeta profundamente as famílias.
"As pessoas que ainda estão ali sofrem com barulho dia e noite, constantes explosões de dinamite. Idosos e crianças não têm mais sossego, estão estressados e doentes. Cadê o respeito aos direitos humanos que o governo prometeu? É como disseram os 80 operários demitidos pela Norte Energia: ‘Belo Monte é uma ilusão’”, arremata. Fonte: IHU - UNISINOS
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