A letargia observada nas obras de transposição do rio São Francisco durante todo o ano de 2011, aliada à divulgação de imagens de rachaduras em um dos canais por onde correrão as águas, irritou a presidente da República, Dilma Rousseff, que distribuiu broncas no Ministério da Integração Nacional, responsável pelo projeto.
A reportagem é de Murillo Camarotto e publicada pelo jornal Valor, 19-12-2011.
A repreensão funcionou: na sexta-feira, o ministro da pasta, Fernando Bezerra Coelho (PSB), já estava no campo de obras, ao volante de um gigantesco caminhão, com pneus de mais de dois metros de diâmetro e capacidade para carregar até 120 toneladas de rochas.
Apesar da disposição em acelerar as obras, o ministro não estava, naturalmente, botando a mão na massa. O passeio no supercaminhão marcou apenas o início das obras do lote 8 da transposição, um dos mais importantes do projeto, localizado no município de Salgueiro, sertão de Pernambuco.
A licitação do trecho foi vencida em novembro pelo consórcio formado pelas empreiteiras Mendes Júnior e GDK, que além da abertura do canal, vai construir três estações de bombeamento, a um custo de R$ 275 milhões. Cerca de 1,2 mil pessoas vão trabalhar no local.
Minutos antes, Bezerra Coelho visitou as obras do lote 3, também em Salgueiro, um dos poucos que avançam a contento. Sob o sol de 40 graus, o paraibano Francisco Badu de Souza disse que trabalha no trecho há 11 meses, sem interrupções. As atividades, no entanto, serão paralisadas em janeiro e só devem ser retomadas mais de três meses depois.
O lote 3, assim como outros 11 lotes, de um total de 14, serão relicitados. Isso ocorre porque os valores definidos na primeira licitação não foram suficientes para a conclusão das obras, que acabaram paralisadas. Essa é a principal justificativa do governo federal para o fato de o projeto da transposição ter avançado apenas 5% em 2011.
Bezerra Coelho espera lançar todos os editais até março, para que os trabalhos sejam acelerados no início do segundo semestre. "Acreditamos que dê para avançar algo entre 12% e 15% no ano que vem", afirmou. O novo prazo para conclusão do empreendimento, hoje com 57% das obras executadas, ficou para dezembro de 2015.
Uma das metas do governo para a próxima etapa será reduzir o número de construtoras contratadas. A ideia é que as chamadas obras complementares, objeto das novas licitações, sejam tocadas por no máximo duas empresas, que vão se juntar às outras duas que tocam atualmente os lotes 5 e 8. "Acreditamos que quatro empreiteiras seja um bom número", avaliou.
Ele também considerou razoável o reajuste de 36% calculado para o custo final da transposição, que passou a ser de R$ 6,9 bilhões. O valor, segundo o ministro, é condizente com a variação do INCC, índice que corrige os preços do setor da construção civil. Apesar de Bezerra Coelho garantir que o valor se manterá até a conclusão das obras, pessoas próximas ao projeto duvidam que isso seja possível.
Nos bastidores, há o temor de que as empreiteiras continuem solicitando reajustes. A tese é que em tempos de construção civil aquecida, as empresas não estão muito dispostas a apertar suas margens de ganho em nome de contratos como o da transposição. "Obra para eles é o que não falta, ainda mais aqui no Nordeste", afirmou uma fonte próxima ao projeto. Até agora, a tranposição consumiu R$ 2,77 bilhões. Fonte: IHU Unisinos
A repreensão funcionou: na sexta-feira, o ministro da pasta, Fernando Bezerra Coelho (PSB), já estava no campo de obras, ao volante de um gigantesco caminhão, com pneus de mais de dois metros de diâmetro e capacidade para carregar até 120 toneladas de rochas.
Apesar da disposição em acelerar as obras, o ministro não estava, naturalmente, botando a mão na massa. O passeio no supercaminhão marcou apenas o início das obras do lote 8 da transposição, um dos mais importantes do projeto, localizado no município de Salgueiro, sertão de Pernambuco.
A licitação do trecho foi vencida em novembro pelo consórcio formado pelas empreiteiras Mendes Júnior e GDK, que além da abertura do canal, vai construir três estações de bombeamento, a um custo de R$ 275 milhões. Cerca de 1,2 mil pessoas vão trabalhar no local.
Minutos antes, Bezerra Coelho visitou as obras do lote 3, também em Salgueiro, um dos poucos que avançam a contento. Sob o sol de 40 graus, o paraibano Francisco Badu de Souza disse que trabalha no trecho há 11 meses, sem interrupções. As atividades, no entanto, serão paralisadas em janeiro e só devem ser retomadas mais de três meses depois.
O lote 3, assim como outros 11 lotes, de um total de 14, serão relicitados. Isso ocorre porque os valores definidos na primeira licitação não foram suficientes para a conclusão das obras, que acabaram paralisadas. Essa é a principal justificativa do governo federal para o fato de o projeto da transposição ter avançado apenas 5% em 2011.
Bezerra Coelho espera lançar todos os editais até março, para que os trabalhos sejam acelerados no início do segundo semestre. "Acreditamos que dê para avançar algo entre 12% e 15% no ano que vem", afirmou. O novo prazo para conclusão do empreendimento, hoje com 57% das obras executadas, ficou para dezembro de 2015.
Uma das metas do governo para a próxima etapa será reduzir o número de construtoras contratadas. A ideia é que as chamadas obras complementares, objeto das novas licitações, sejam tocadas por no máximo duas empresas, que vão se juntar às outras duas que tocam atualmente os lotes 5 e 8. "Acreditamos que quatro empreiteiras seja um bom número", avaliou.
Ele também considerou razoável o reajuste de 36% calculado para o custo final da transposição, que passou a ser de R$ 6,9 bilhões. O valor, segundo o ministro, é condizente com a variação do INCC, índice que corrige os preços do setor da construção civil. Apesar de Bezerra Coelho garantir que o valor se manterá até a conclusão das obras, pessoas próximas ao projeto duvidam que isso seja possível.
Nos bastidores, há o temor de que as empreiteiras continuem solicitando reajustes. A tese é que em tempos de construção civil aquecida, as empresas não estão muito dispostas a apertar suas margens de ganho em nome de contratos como o da transposição. "Obra para eles é o que não falta, ainda mais aqui no Nordeste", afirmou uma fonte próxima ao projeto. Até agora, a tranposição consumiu R$ 2,77 bilhões. Fonte: IHU Unisinos
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