Agricultor mostra plantação de quiabo morta devido ao processo de salinização em São João da Barra (RJ). Foto: Daniel Marenco/Folhapress
2228 – PORTO DO AÇÚ
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Bom dia a tod@s
A melhor notícia de hoje foi enviada por Carolina: o Ministério Público Estadual processa Estado e INEA pela barbaridade que autorizaram e estão permitindo no Açu. No final das contas, os movimentos sociais acabam apelando para as leis. Por mais que o MP tenha problemas, ele acaba atuando melhor que advogados particulares, que cobram muito e pouco fazem. Eu sempre disse que a questão da salinização é um gancho estupendo para desmascarar a EBX e o Estado.
A melhor notícia de hoje foi enviada por Carolina: o Ministério Público Estadual processa Estado e INEA pela barbaridade que autorizaram e estão permitindo no Açu. No final das contas, os movimentos sociais acabam apelando para as leis. Por mais que o MP tenha problemas, ele acaba atuando melhor que advogados particulares, que cobram muito e pouco fazem. Eu sempre disse que a questão da salinização é um gancho estupendo para desmascarar a EBX e o Estado.
A outra notícia boa de hoje é a matéria jornalística publicada na Folha de São Paulo, que envio anexada. Vejam como ela ficou objetiva. É isso aí: a imprensa local não fala e a imprensa de longe acaba fazendo uma grande reportagem.
Minhas esperanças começam a renascer: de um lado, a EBX está afundando; do outro, nós estamos avançando.
Abraços, Arthur Soffiati
Folha de São Paulo, 18/12/2012
Estudo diz que porto de Eike salgou região no Rio
ÍTALO NOGUEIRA
ENVIADO ESPECIAL A SÃO JOÃO DA BARRA (RJ)
ENVIADO ESPECIAL A SÃO JOÃO DA BARRA (RJ)
A construção do porto do Açu, da empresa LLX, de Eike Batista, provocou a salinização da água doce usada no trabalho de agricultores e de pescadores de São João da Barra (RJ), de acordo com estudo da Uenf (Universidade Estadual do Norte Fluminense).
A principal suspeita é de que a areia dragada do mar e depositada às margens da Lagoa de Iquiparí tenha provocado o aumento da salinização das águas.
Segundo pesquisadores da universidade, se nada for feito, um processo de desertificação da região poderá ser iniciado.
Essa é a primeira consequência ambiental direta detectada após o início das obras no empreendimento. Os Ministérios Públicos federal e estadual instauraram inquérito para apurar o caso.
A dragagem é feita para aumentar a profundidade do mar e do canal aberto pela empresa, a fim de permitir o acesso de grandes navios. A licença ambiental emitida permite a retirada de 65,2 bilhões de litros de areia do mar -31 bilhões de litros já foram depositados em solo.
O problema, apontam pesquisadores da Uenf, é que o material retirado traz consigo grande volume de água do mar. Depositado próximo à água doce usada por agricultores, a salinização foi a consequência.
Porto de Eike salgou região no Rio
Agricultor mostra abacaxis danificados de sua plantação; eles acusam a obra de porto de Eike Batista de causar o processo de sanilização
"A areia vem misturada com água. E ela escorre para algum lugar. A gravidade faz com que ela encontre outras regiões", disse o biólogo Carlos Rezende.
A LLX afirma que tem um sistema de drenagem que faz com que a água salgada retorne para o mar e não se misture à água da lagoa. Mas afirmou estar aberta a analisar os dados da Uenf. O Inea (Instituto Estadual do Ambiente) não se posicionou até a conclusão desta edição.
SINAIS
Os primeiros sinais do problema foram identificados no fim de outubro, quando o agricultor João Roberto de Almeida, 50, o Pinduca, viu parte de sua plantação de abacaxi nascer queimada.
"Sempre usei essa água e nunca tive problemas. Não sou contra o desenvolvimento. Mas o que está acontecendo é desrespeito."
Parte dos abacaxis de Pinduca está com as folhagem torrada. Na região é possível ver também pastos queimados inundados de água com uma espuma branca. Onde está seco, um pó branco, como sal, brilha.
A principal fonte de abastecimento dos agricultores é o canal Quitingute. Caracterizado como de água doce pelo estudo de impacto ambiental, tem atualmente 2,1 de salinidade -o adequado para irrigação é, no máximo, 0,14.
"A própria LLX descreve o canal como de água doce. Mas, com esse índice, ele não é mais", afirmou a pesquisadora Marina Suzuki.
Complexo do Porto do Açu. Foto: Reprodução
SALINIDADE É HISTÓRICA NA REGIÃO, DIZ LLX
O diretor de sustentabilidade da LLX, Paulo Monteiro, afirmou que a salinização das águas da região próxima ao porto do Açu, em São João da Barra, antecede as obras no local.
Mas afirmou estar aberto a receber informações sobre eventuais problemas causados pela intervenção.
Segundo ele, a construção do porto tem sistema de drenagem que impede o vazamento de água do mar para o exterior do empreendimento.
Pesquisadores apontaram que a obra causou a salinização de pontos de água doce de um distrito da cidade, prejudicando produtores rurais.
"A água com areia retorna ao mar por canais de drenagem. Não vai para o lado do [canal do] Quitingute. Tudo foi calculado para jogar a água para o canal interligado com o mar", diz Monteiro.
O diretor da LLX disse que um dos indícios de que a salinidade da água do local sempre foi alta é o número de pessoas hipertensas na região, que é "muito forte". "A água superficial sempre foi salobra. Tem que ir mais fundo para buscar água potável."
Os pesquisadores da Uenf apontam que já havia salinidade em alguns pontos, mas que ela subiu consideravelmente após as obras. Afirmam ainda que a região contava também com água doce, como o canal do Quitingute.
Monteiro diz que qualquer agricultor pode procurar a LLX para receber assistência técnica ou ser ressarcido, caso seja esse o caso. Ele negou que haja a possibilidade de desertificação na região.
Fonte: Colaboradora PROFa. AMYRA EL KHALILI - Aliança RECOs
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