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21 de dezembro de 2012

TEMPORAIS ENTRE SP E PR OBRIGAM O ONS A DESLIGAR PARCIALMENTE ITAIPU


20/12/2012 

País perde energia produzida em Itaipu quando chove em SP e no PR


DE SÃO PAULO


A usina hidrelétrica de Itaipu, responsável pelo abastecimento de 23 milhões de residências, é parcialmente desligada quando há temporais sobre trechos das três linhas de transmissão de 900 quilômetros, entre Foz do Iguaçu (PR) e Tijuco Preto (Mogi das Cruzes, Grande São Paulo).

A medida começou a ser adotada no apagão de 2009, quando 18 Estados ficaram às escuras. A ação é adotada até hoje, apesar de Furnas afirmar que fez os investimentos de proteção de raios e que a linha pode ser operada sem restrições climáticas.

Com a queda da produção de energia de Itaipu, o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) determina a geração de energia com termelétricas em outras regiões do país. O ONS já informou, em relatório, que essa medida custa R$ 12 milhões por dia sobre a conta de luz.

Técnicos do setor se dividem ao classificar a decisão do ONS como "precaução" ou "falta de confiança" na linha de transmissão de Furnas.

"É uma precaução. A infraestrutura de transmissão não foi projetada para algumas condições climáticas", diz Fábio Resende, ex-diretor de operações de Furnas e atual diretor do Ilumina (Instituto de Desenvolvimento Estratégico do Setor Elétrico).


"A redução da carga na linha de transmissão de Itaipu mostra o receio do ONS, que, aliás, não confia em nada no sistema elétrico, não apenas nas linhas de Furnas", diz Cesar de Barros Pinto, diretor-executivo da Abrate (Associação Brasileira das Grandes Empresas de Transmissão de Energia Elétrica).
Segundo ele, falta investimento das empresas em pessoal. "A terceirização tem tirado qualidade nos serviços de manutenção e isso pode piorar com a MP 579 [que renova as concessões]", afirma.

O relatório do Crea-SP (Conselho Regional de Engenharia de São Paulo), que analisou o apagão de 2009, diz que, se o sistema não é confiável para operar em qualquer condição, talvez a solução seja a construção de uma quarta linha. Furnas diz que não há projeto para isso.

COMO FUNCIONA
Quando há chuvas fortes ou rajadas de vento, o ONS aciona um esquema de operação chamado N-3 (lê-se, N menos três), que passa a administrar o sistema com a hipótese de desligamento das três linhas que trazem a energia de Itaipu para São Paulo.
Nesse cenário, a hidrelétrica reduz a produção de energia, o que diminui também a carga sobre a linha de Furnas. Térmicas de outras regiões substituem Itaipu durante a vigência dessa restrição.

O desligamento de três linhas parece improvável, mas ocorreu duas vezes em 2009.
A primeira foi em julho. Na ocasião, não houve um apagão porque a carga era baixa e o sistema conseguiu compensar a perda de Itaipu. A segunda, no entanto, entrou para a história como o maior apagão já visto no país.

O relatório do Crea-SP aponta que a falta de providências para correção da falha em julho de 2009 e as "equivocadas justificativas" do governo para o apagão de novembro do mesmo ano impedem, ainda hoje, que se saiba o que de fato provocou a queda de energia.

"O fato de Itaipu ser ainda operada com restrições (...)demonstra que existe insegurança sobre se as reais causas que deram origem ao blecaute de 2009 foram superadas", diz o relatório do Crea.
Procurado, o ONS não quis falar sobre o assunto.
Editoria de Arte/Folhapress
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