06/04/2013
Terminal Tebar pertence à Transpetro/Petrobras e responde por 55% do petróleo consumido no Brasil. Extensão da mancha pode ultrapassar 20 quilômetros, segundo secretário municipal de Meio Ambiente.
Um vazamento de óleo do Terminal Marítimo Almirante Barroso (Tebar), pertencente à Transpetro/Petrobrás, atingiu a cidade de São Sebastião, litoral Norte de São Paulo, na noite desta sexta-feira. A Delegacia da Capitania dos Portos em São Sebastião informou que ainda não sabe a quantidade exata de óleo que vazou, mas estima que o vazamento seja de proporções consideradas “razoáveis”. O Tebar é responsável por 55% do petróleo consumido no Brasil. Em 2012, os vazamentos da Petrobras cresceram 65% em relação ao ano anterior.
Segundo o capitão de fragata Alexandre Motta de Sousa, delegado da Capitania dos Portos, após percorrer a área de helicóptero, foi possível mensurar a extensão bruta da mancha em mais de três quilômetros. Segundo Sousa, o espelho d´água contaminado vai do centro da cidade de São Sebastião até o bairro São Francisco.
"O próprio recorte do litoral da região ajudou a conter a mancha. As praias mais turísticas ficam em enseadas abrigadas pelas montanhas. A mancha correu por fora e só chegou a areia em duas praias (Praia Deserta e Praia do Pontal) que são pouco visitadas. Medimos pouco mais de três quilômetros. Por conta do vento e da corrente marinha, a mancha já se desloca em direção à enseada de Caraguatatuba e segue marcha em sentido norte", afirmou. Segundo a Transpetro, o vazamento de combustível foi detectado por volta das 17h50 de sexta-feira e imediatamente equipes de contingência foram acionadas. Durante toda a noite e a madrugada, elas atuaram na contenção do vazamento e na remoção do produto. O óleo se desprendeu da área atingida e já alcançou as praias Deserta, Pontal da Cruz, Ponta do Lavapés e Portal da Olaria, em São Sebastião. A informação foi confirmada pela Transpetro. Neste momento, são 27 embarcações e cerca de 300 pessoas mobilizadas na região. A Capitania de Portos de São Sebastão confirma a rápida chegada das equipes e o início imediato das ações de contenção. Ela afirma que o vazamento já está controlado, no entanto, helicópteros ainda estão sobrevoando a área para identificar pontos onde podem ter manchas e a melhor forma de contê-las. Apesar de a operação ser facilitada pelas boas condições meteorológicas na região, o óleo é difícil de ser contido por ser considerado leve demais. Por enquanto, o incidente não afetou a balneabilidade das praias atingidas e a operação está sendo acompanhada pelo Ibama e Marinha. Ainda de acordo com Sousa, durante a inspeção a Capitania dos Portos visualizou uma fazenda marinha que foi atingida pelo óleo. Ele não sabe precisar o que é produzido no local nem mensurar os prejuízos para a região. O capitao de fragata reiterou que foram lançadas barreiras de contenção e que continuam sobrevoando com helicópteros para identificação de eventuais manchas de óleo que possam ter escapado desses limites. Mancha já atinge áreas turísticas
"O óleo que vazou é o MS 320, que serve de combustível para alimentar caldeiras de navios. É um óleo muito fino, o que dificulta muito sua contenção. O pessoal da Defesa Civil me avisou agora que já estão percebendo manchas em Toque Toque", disse Eduardo Hipólito, secretário municipal de Meio Ambiente. Segundo ele, até então o registro era de manchas num raio de sete quilômetros, a partir do centro da cidade. Por conta do tempo (venta forte na região), o secretário acredita que o óleo pode rapidamente alcançar praias, mangues ou costões rochosos distantes até 20 quilômetros do local do vazamento. "O que está acontecendo é fruto de um despreparo muito grande da Petrobras. Eu mesmo só fui avisado desse acidente por um pescador", disse o secretário. O presidente da Colônia de Pescadores de São Sebastião, Acácio Waldomiro da Cruz, no entanto, acredita que o problema deve ser menor do que imaginam as autoridades. Segundo ele, a Petrobras, ao contrário do que já fez no passado, não requisitou nenhum dos 80 barcos da associação para possivelmente ajudar no trabalho de contenção. Ainda assim, Acácio diz estar preocupado com a pesca na região. "Essa área (canal de São Sebastião, atingido pelo vazamento) é onde normalmente pescamos tainhas e paratis, que são peixes de rede. Certamente, não é possível pescar nada nesse momento", disse Acácio, para quem os pescadores da região foram orientados a voltar a trabalhar só depois de um laudo a respeito das condições ambientais na área.
Dona há dois meses de um restaurante japonês na cidade, de frente à praia e próximo ao terminal da Petrobras, a empresária Karina Insaurrade Lima disse que já começa a contabilizar prejuízos. Na sexta-feira, quando aconteceu o acidente, os clientes do restaurantes deixaram o estabelecimento por conta do mau cheiro provocado pelas manchas de óleo.
"Além de as pessoas não aguentarem o cheiro, como vão querer ir a um restaurante japonês para comer peixe?" disse ela, lamentando a falta de informações sobre o trabalho de contenção do material. "Ninguém da Petrobras passou um comunicado dizendo quando isso tudo vai ser resolvido", reclamou. Plano Vazamento Zero não decola A Petrobras anunciou ao mercado no começo de 2012 o lançamento do plano Vazamento Zero, uma meta para minimizar os impactos ambientais da exploração petrolífera decorrentes do derramamento de petróleo e derivados no mar e em terra. Mas, no primeiro ano da medida, ocorreu exatamente o contrário, mesmo com queda de 2% na produção de petróleo, para 2,1 milhões de barris de óleo e líquido de gás natural (LGN) por dia. No ano passado, cresceu em 65% o volume de vazamentos da Petrobras. Foram derramados 387 mil litros no meio ambiente em 2012. Funcionários da companhia estimam que cerca de 33% desse volume foram derramados no transporte de combustíveis. Procurada, a petrolífera responsabilizou o “imponderável” pela alta dos vazamentos. Fonte: O Globo |
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