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8 de abril de 2013

Óleo vaza de terminal da Petrobras e atinge praias de São Sebastião, litoral de São Paulo

06/04/2013
Terminal Tebar pertence à Transpetro/Petrobras e responde por 55% do petróleo consumido no Brasil. Extensão da mancha pode ultrapassar 20 quilômetros, segundo secretário municipal de Meio Ambiente.
Crédito: Jorge Mesquita

Um vazamento de óleo do Terminal Marítimo Almirante Barroso (Tebar), pertencente à Transpetro/Petrobrás, atingiu a cidade de São Sebastião, litoral Norte de São Paulo, na noite desta sexta-feira. A Delegacia da Capitania dos Portos em São Sebastião informou que ainda não sabe a quantidade exata de óleo que vazou, mas estima que o vazamento seja de proporções consideradas “razoáveis”. O Tebar é responsável por 55% do petróleo consumido no Brasil. Em 2012, os vazamentos da Petrobras cresceram 65% em relação ao ano anterior.

Crédito: Reginaldo Pupo/AE

Segundo o capitão de fragata Alexandre Motta de Sousa, delegado da Capitania dos Portos, após percorrer a área de helicóptero, foi possível mensurar a extensão bruta da mancha em mais de três quilômetros. Segundo Sousa, o espelho d´água contaminado vai do centro da cidade de São Sebastião até o bairro São Francisco.

"O próprio recorte do litoral da região ajudou a conter a mancha. As praias mais turísticas ficam em enseadas abrigadas pelas montanhas. A mancha correu por fora e só chegou a areia em duas praias (Praia Deserta e Praia do Pontal) que são pouco visitadas. Medimos pouco mais de três quilômetros. Por conta do vento e da corrente marinha, a mancha já se desloca em direção à enseada de Caraguatatuba e segue marcha em sentido norte", afirmou.

Segundo a Transpetro, o vazamento de combustível foi detectado por volta das 17h50 de sexta-feira e imediatamente equipes de contingência foram acionadas. Durante toda a noite e a madrugada, elas atuaram na contenção do vazamento e na remoção do produto.

O óleo se desprendeu da área atingida e já alcançou as praias Deserta, Pontal da Cruz, Ponta do Lavapés e Portal da Olaria, em São Sebastião. A informação foi confirmada pela Transpetro. Neste momento, são 27 embarcações e cerca de 300 pessoas mobilizadas na região.

A Capitania de Portos de São Sebastão confirma a rápida chegada das equipes e o início imediato das ações de contenção. Ela afirma que o vazamento já está controlado, no entanto, helicópteros ainda estão sobrevoando a área para identificar pontos onde podem ter manchas e a melhor forma de contê-las. Apesar de a operação ser facilitada pelas boas condições meteorológicas na região, o óleo é difícil de ser contido por ser considerado leve demais. Por enquanto, o incidente não afetou a balneabilidade das praias atingidas e a operação está sendo acompanhada pelo Ibama e Marinha.

Ainda de acordo com Sousa, durante a inspeção a Capitania dos Portos visualizou uma fazenda marinha que foi atingida pelo óleo. Ele não sabe precisar o que é produzido no local nem mensurar os prejuízos para a região. O capitao de fragata reiterou que foram lançadas barreiras de contenção e que continuam sobrevoando com helicópteros para identificação de eventuais manchas de óleo que possam ter escapado desses limites.

Mancha já atinge áreas turísticas

Crédito: G1/Google Maps
Até o início da manhã percebido apenas em oito praias da região central de São Sebastião, no litoral norte paulista, o vazamento de óleo do Tebar, começa a atingir a região sul da cidade. A Defesa Civil do município informou há pouco às autoridades locais que as manchas já podem ser verificados na praia de Toque Toque, um dos paraísos ambientais da região, perto de praias famosas como Maresias e Camburi. O acidente começou a alterar a rotina de moradores e turistas, que passaram a ser alertados sobre os risco de entrar no mar.

"O óleo que vazou é o MS 320, que serve de combustível para alimentar caldeiras de navios. É um óleo muito fino, o que dificulta muito sua contenção. O pessoal da Defesa Civil me avisou agora que já estão percebendo manchas em Toque Toque", disse Eduardo Hipólito, secretário municipal de Meio Ambiente.

Segundo ele, até então o registro era de manchas num raio de sete quilômetros, a partir do centro da cidade. Por conta do tempo (venta forte na região), o secretário acredita que o óleo pode rapidamente alcançar praias, mangues ou costões rochosos distantes até 20 quilômetros do local do vazamento.

"O que está acontecendo é fruto de um despreparo muito grande da Petrobras. Eu mesmo só fui avisado desse acidente por um pescador", disse o secretário.

O presidente da Colônia de Pescadores de São Sebastião, Acácio Waldomiro da Cruz, no entanto, acredita que o problema deve ser menor do que imaginam as autoridades. Segundo ele, a Petrobras, ao contrário do que já fez no passado, não requisitou nenhum dos 80 barcos da associação para possivelmente ajudar no trabalho de contenção. Ainda assim, Acácio diz estar preocupado com a pesca na região.

"Essa área (canal de São Sebastião, atingido pelo vazamento) é onde normalmente pescamos tainhas e paratis, que são peixes de rede. Certamente, não é possível pescar nada nesse momento", disse Acácio, para quem os pescadores da região foram orientados a voltar a trabalhar só depois de um laudo a respeito das condições ambientais na área.

Crédito: www.ovale.com.br

Dona há dois meses de um restaurante japonês na cidade, de frente à praia e próximo ao terminal da Petrobras, a empresária Karina Insaurrade Lima disse que já começa a contabilizar prejuízos. Na sexta-feira, quando aconteceu o acidente, os clientes do restaurantes deixaram o estabelecimento por conta do mau cheiro provocado pelas manchas de óleo.

"Além de as pessoas não aguentarem o cheiro, como vão querer ir a um restaurante japonês para comer peixe?" disse ela, lamentando a falta de informações sobre o trabalho de contenção do material.

"Ninguém da Petrobras passou um comunicado dizendo quando isso tudo vai ser resolvido", reclamou.

Plano Vazamento Zero não decola

A Petrobras anunciou ao mercado no começo de 2012 o lançamento do plano Vazamento Zero, uma meta para minimizar os impactos ambientais da exploração petrolífera decorrentes do derramamento de petróleo e derivados no mar e em terra.

Mas, no primeiro ano da medida, ocorreu exatamente o contrário, mesmo com queda de 2% na produção de petróleo, para 2,1 milhões de barris de óleo e líquido de gás natural (LGN) por dia. No ano passado, cresceu em 65% o volume de vazamentos da Petrobras. Foram derramados 387 mil litros no meio ambiente em 2012.

Funcionários da companhia estimam que cerca de 33% desse volume foram derramados no transporte de combustíveis. Procurada, a petrolífera responsabilizou o “imponderável” pela alta dos vazamentos.

Fonte: O Globo 
Instituto EcoFaxina 
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