CONTAMINAÇÃO DE 90% DOS CÓRREGOS E RIOS DE DOURADOS (MS)

Assoreamento e poluição matam a vida nos córregos onde se joga de tudo, até máquina de lavar (e). Foto: Hédio Fazan

Poluição extermina peixes nas águas de Dourados

Pesquisa revela que entre as espécies pesquisadas, apenas 30% resistem à degradação ambiental

Valéria Araújo

A poluição em alta escala nas águas de Dourados está exterminando espécies de peixes e plantas aquáticas nos principais córregos que cortam a cidade. Uma pesquisa desenvolvida pela Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) revela que entre 38 espécies pesquisadas, apenas 30% resistem à degradação ambiental, por ter capacidade em absorver oxigênio a partir do ar, realizando a troca gasosa no intestino. O restante das espécies está desaparecendo.

Segundo a pesquisa, o córrego Rego D’Água possui seis espécies enquanto o esperado seria de aproximadamente 20 espécies. Do total coletado durante um ano de pesquisa, duas espécies são exóticas. De acordo com o professor doutor da Uems, Yzel Rondom Suarez, provavelmente, a presença destes peixes são resultado de solturas no Parque do Lago e a segunda espécie resultado de habitantes que desistiram de criar peixes de aquário (lebistes) e soltaram no córrego.

Para o professor, o motivo da extinção de espécies está relacionado a interferência do homem, responsável pelos vários tipos de resíduos que começam a causar morte de alguns tipos de peixe, como Dourado, um dos símbolos da cidade. De acordo com o professor foram coletadas amostras em 15 pontos diferentes de córregos. Quatorze destes estavam fora dos padrões aceitáveis pela legislação.

As maiores causas da poluição estão associadas ao despejo de esgoto in natura clandestino em rios e mananciais, além do acúmulo de lixo que produz substâncias tóxicas à vida aquática. Conforme o professor, foram 12 meses de pesquisa.

Segundo ele, o córrego com maior volume de poluição é o Rego D’água, contaminado com resíduos de esgoto. O mesmo acontece com o córrego Paragem.

Em relação às plantas aquáticas, a pesquisa notou que a retirada da vegetação ciliar destes córregos, ou seja, o desmatamento permitiu aumento das espécies de macrófitas que ocorrem nestes córregos.

CONTAMINAÇÃO ATINGE 90% DOS CÓRREGOS DE DOURADOS

BIODIVERSIDADE

Entre os estudos realizados pelo Centro Integrado de Análise e Monitoramento Ambiental (UEMS/CInAM) está a relação entre o status de conservação da vegetação e a diversidade aquática e qualidade da água, sendo que, atualmente, a bacia do rio Ivinhema é a principal área de estudo do grupo de pesquisa, com vários projetos de pesquisa e dissertações de mestrado em andamento sobre a área.

Para os riachos da cidade de Dourados, o grupo coordenado pelo Yzel, encontrou 38 espécies de peixes e 80 espécies de plantas aquáticas em 16 trechos de riachos da área urbana. Segundo a pesquisa, várias das espécies de peixes são exóticas, indicando elevado nível de degradação ambiental.

De acordo com Yzael, através de imagens de satélite foi estimada a cobertura da vegetação em um raio de um quilômetro a partir de cada ponto amostral e após o cruzamento destas informações o grupo de pesquisa constatou que a quantidade de vegetação no entorno do local influencia significativamente a diversidade de peixes nestes riachos.

Neste sentido, quanto maior o nível de urbanização ao redor dos córregos, menor é o número de espécies de peixes. Desta forma, riachos com maior cobertura da vegetação, como o Laranja Doce, ainda consegue manter populações de Dourado (espécie pouco tolerante à contaminação da água) e Curimba, em atividade reprodutiva. No entanto, riachos como o Água Boa permitem apenas a ocorrência de espécies de peixes de menor porte e com elevada tolerância à falta de oxigênio na água.

Diante disso, segundo Yzael, além dos problemas que a população frequentemente percebe após chuvas intensas, a qualidade da água e a biodiversidade dos riachos na área urbana estão sendo afetadas pela crescente urbanização nas proximidades dos córregos, o que reforça a necessidade de que os projetos de criação de parques ambientais saiam do papel, de forma a melhorar a qualidade de vida da população e das comunidades aquáticas, juntamente com o combate ao despejo clandestino de esgoto nos córregos.

Equipes do jornal O Progresso e do site Douradosagora estiveram no Rego D’Água e constatou a problemática. Esgoto clandestino de barracos e lixo caem diretamente nas águas do córrego. Até uma lavadoura de roupas estava em meio as águas.Fonte: dourados agora

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