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21 de junho de 2012

O IMPORTANTE AQUÍFERO GUARANI EM DISCUSSÃO




Mapa mostra a área abrangida pelo Aquífero Guarani
(Foto: Reprodução/EPTV)

Região discute a importância da preservação do Aquífero Guarani

Reservatório gigante de água doce é utilizado em diversas lavouras.
Tendência é ocorrer um rebaixamento do nível, diz professor da USP.


Responsável por parte dos recursos hídricos usados nas lavouras da região, o Aquífero Guarani é uma das reservas de água cuja preservação está sendo discutida na Rio+20, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável que acontece até o dia 22 de junho no Rio de Janeiro. Especialistas e órgãos da região já buscam alternativas para proteger o reservatório gigante de água doce.
No Brasil, quase 7% dos recursos hídricos são usados nas lavouras e parte vem do Aquífero Guarani. A nossa região é privilegiada, já que é onde o aquífero está mais perto da superfície.
A fazenda Campo Fino, que fica em Casa Branca, a plantação de batata cresce bonita porque há a combinação certa.
Para não depender dos ciclos naturais da chuva, o produtor Vanderlei Valverde investiu na irrigação e colhe cerca de 45 toneladas por hectare. ‘Se não tivesse a irrigação a gente nem plantaria”, disse.
Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) confirmam a importância da irrigação para a oferta de alimentos. Na cebola, a produtividade dobra e no milho o crescimento é de três vezes.
Além de açudes, rios e córregos, outra forma de usar a água nas propriedades rurais é o Aquífero Guarani. Uma reserva de água doce, que e estende pelo subsolo de oito estados: Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, além de outros três países: Argentina, Paraguai e Uruguai.
O aquífero é uma rocha extremamente porosa e permeável. “Cada vez que chove na área, existe a absorção de água, que infiltra e fica armazenada nesse pacote arenoso”, disse o geólogo José Luiz Galvão de Mendonça.
A chuva mantém essa reserva subterrânea e a recarga é muito lenta. A água da chuva penetra o solo a uma velocidade de um metro e meio a dois metros por ano.
A construção de um poço para retirar água do guarani tem normas. Um agricultor, por exemplo, precisaria contratar um geólogo para fazer a análise do solo e subsolo. O Departamento de Água e Energia Elétrica ligado a Secretaria Estadual de Recursos Hídricos faz a aprovação. Depois de pronto o projeto, são necessários 30 dias para a liberação e o início da obra.
Em São Carlos, por exemplo, um poço começou a ser construído há 30 dias e vai demorar mais um mês para ficar pronto. A técnica usada é a mesma para a extração de petróleo e é preciso muito cuidado para evitar a contaminação da água. “A construção é padronizada para que evite qualquer tipo de infiltração de contaminantes orgânicos ou não orgânicos”, disse o geólogo Renivaldo José de Guzzi.
Professor da USP alerta para a exploração do Aquífero Guarani (Foto: Reprodução/EPTV)Professor da USP alerta para a exploração do Aquífero
Guarani (Foto: Reprodução/EPTV)
Preservação
O professor do Departamento de Hidráulica e Saneamento da USP de São Carlos, Edson Wendland, que estuda sobre a área de recarga do aquífero há 10 anos, faz um alerta. “O problema é que talvez a taxa de exploração seja maior que a de recarga. A medida que a gente perfura mais poços, a tendência é ocorrer um rebaixamento do nível do aquífero”, explicou.
O assunto já é tratado pelo comitês de bacias hidrográficas, que são órgãos onde a sociedade atua de forma igualitária. Reúnem representantes do estado, município, entidades civis e grandes consumidores. A ideia é cobrar pelo uso do aquífero. “Essa cobrança vai ser com base em volume captado, sendo que o usuário que for poluidor será o mais penalizado”, explicou o engenheiro e secretária executivo do comitê da bacia hidrográfica do Tietê e Jacaré, Heitor Peleas.
Em uma fazenda em Descalvado, a produção ganhou força depois de um bem elaborado projeto para captar água do aquífero. O sistema despeja entre 100 e 180 litros de água por metro quadrado por ano. “Para a gente usar bem a terra, com altas produtividades e evitando desmatamento, nós temos que ter água e o uso tem que ser racional. Usar tecnologias de precisão para usar a quantidade certa no momento certo, para preservar esse recurso que é finito para a humanidade”, destacou o agricultor Roberto Jank. G1 - Globo.com

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