15/6/2012 Água deve ter valor definido e gerenciamento
Publicado por Aesbe
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Logo chegará o dia em que a água, vista por muitos como um bem inesgotável, será precificada e gerenciada como outro ativo qualquer. Para os brasileiros, pode parecer um cenário distante, mas não é. Apesar de dispor de 12% da reserva de água doce do planeta, deter mais da metade dos mananciais de água doce da América do Sul e possuir o maior rio em volume, o país ainda convive com regiões que padecem com a escassez do recurso.
Despertar para essa realidade deve ser uma iniciativa de todos os consumidores, mas precisa ser gerenciada pelo poder público e devidamente precificada. "A água é um bem livre, de acesso a todos, mas seu valor ainda não é devidamente reconhecido. A água não tem ainda uma etiqueta de preços, por isso é desperdiçada", afirma George Kell, diretor executivo do Pacto Global das Nações Unidas que participou na terça-feira da Conferência Internacional 2012, do Ethos.
Kell classifica a água como um "ativo" que deve ser gerenciado com metas e proteção. "Após 10 anos mobilizando empresas ao redor do mundo, fizemos alguns progressos e hoje temos evidências crescentes de que a longo prazo valores e princípios universais são importantes para os negócios", declara.
Participante do painel "Gestão Responsável e Sustentável da Água", Kell manifestou esperança de que tenha chegado o momento para que líderes de negócios e investidores conduzam suas iniciativas de sustentabilidade junto com os governos, autoridades locais e grupos da sociedade civil. "Nossa esperança é que a Rio+20 forneça um incentivo muito forte para a sustentabilidade corporativa. Com isso, seremos capazes de demonstrar que a maioria das soluções de que precisamos já existem. Podemos chegar à integração das questões ambientais e dar um salto na área de recursos naturais", acrescenta.
O diretor executivo do Pacto Global defende o uso em larga escala de sistemas inovadores no sentido de reduzir o uso da água, por exemplo, na área agrícola. Ele cita o caso do Brasil, onde o consumo de água divide-se em 59% destinados à agricultura, 22% para o uso doméstico e os 19% restantes absorvidos pela indústria. "Hoje há aparelhos para irrigação que são capazes de diminuir o gasto da água na agricultura em até 80%. A tecnologia permite essas soluções, mas ainda não são aplicadas em larga escala e precisamos pressionar os governos nesse sentido", prega. Pelos cálculos de Kell, atualmente os investimentos em tecnologia verde no mundo já somam US$ 1,7 trilhão. "Mas o ideal é chegar a US$ 5 trilhões", completa.
Ashok Chapagain, consultor sênior do WWF do Reino Unido para a água, que também participou do debate, ressalta que "a escassez de água afeta pelo menos 2,7 milhões de pessoas em 201 bacias fluviais durante pelo menos um mês por ano". Ele destaca o fato de a questão da água ser vista hoje como um drama universal. "O comércio internacional e a globalização da cadeia de fornecimento fazem com que a escassez de água seja uma questão global. O crescimento populacional é um dos responsáveis pela escassez além de intervenção humana" enfatiza. Entretanto, não se espera que a necessidade diminua. "Cada vez mais recursos hídricos subterrâneos têm sido explorados para atender à crescente demanda", afirma. O consultor do WWF lembra que esse processo triplicou nos últimos 50 anos.
Dados da ONU demonstram que o planeta está desperdiçando água em uma escala colossal. Mais de 80% da água utilizada na Terra não é nem coletada nem tratada. Espera-se que a demanda por água cresça em até 55% nas próximas quatro décadas, de acordo com um novo estudo apresentado na França. O Framing the Water Reform Challenge, da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), aponta que a rápida urbanização, as mudanças climáticas e as mudanças na economia global estão colocando cada vez mais pressão no abastecimento de água. Em aproximadamente 40 anos, mais de 40% da população mundial - 3,9 bilhões de pessoas - estarão sujeitas a viver em áreas ribeirinhas sob severo "estresse hídrico".
A ONU alerta que isso também poderá ser sentido em partes da Europa, afetando pelo menos 44 milhões de pessoas até 2070. "A solução está realmente na boa gestão. A resposta não está apenas na eficiência, mas na economia do produto e em bons mecanismos. É preciso uma boa regulação para cuidar dos emissários submarinos", sugere Chapagain. Kell não abre mão da necessidade de dar um preço à água. "Não vejo outra alternativa senão precificar o produto. É preciso investir, mas na falta de investimento, Site o melhor a fazer é atribuir preço à água", afirma. Do seu ponto de vista, o mundo nunca foi tão interdependente como hoje. "É hora de investir no que nos liga e não no que nos divide. Preocupa-me que os países não estejam dando a devida atenção aos bens públicos."
Fonte: Por Rosangela Capozoli | Para o Valor, de São Paulo - Site Tratamento de Água
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