17 de outubro de 2014
Causada por desmatamento, seca em SP foi prevista há décadas
O Sudeste, o Centro-Oeste, o Norte e o Nordeste registraram recordes de temperatura
nos últimos dias com a bolha de calor estacionada sobre estas regiões. Ela impede a
chegada da umidade e consequentemente da chuva. Mas esse é apenas um dos
reflexos de um cenário catastrófico já previsto há mais de 20 anos, que hoje, não se trata
apenas de uma previsão, mas sim das consequências do desmatamento. O engenheiro
agrônomo com doutorado em biogeoquímica planetária do Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais Antônio Donato Nobre, autor de um estudo chamado Futuro Climático da Amazônia -
que deve ser publicado até o final do ano – afirma que a única forma de remediar a situação
é adotar uma estratégia de guerra.
nos últimos dias com a bolha de calor estacionada sobre estas regiões. Ela impede a
chegada da umidade e consequentemente da chuva. Mas esse é apenas um dos
reflexos de um cenário catastrófico já previsto há mais de 20 anos, que hoje, não se trata
apenas de uma previsão, mas sim das consequências do desmatamento. O engenheiro
agrônomo com doutorado em biogeoquímica planetária do Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais Antônio Donato Nobre, autor de um estudo chamado Futuro Climático da Amazônia -
que deve ser publicado até o final do ano – afirma que a única forma de remediar a situação
é adotar uma estratégia de guerra.
“Não quero ser radical, mas quando nós chegamos a esse ponto, nós precisamos ter um
discurso de guerra”, diz comparando a ação dos governantes frente à crise financeira de
2008, quando foram investidos trilhões de dólares para salvar bancos privados da crise.
“É uma decisão que precisa ser tomada em 15 dias e não em 15 anos”.
discurso de guerra”, diz comparando a ação dos governantes frente à crise financeira de
2008, quando foram investidos trilhões de dólares para salvar bancos privados da crise.
“É uma decisão que precisa ser tomada em 15 dias e não em 15 anos”.
O professor afirma que já vivemos dentro de um desastre, a exemplo do que ele vê todos
os dias pela janela de seu apartamento em São José dos Campos, “vejo o céu do Saara,
nós estamos aqui em um processo de desertificação, e eu torço para que esteja errado,
para que eu esteja equivocado”.
os dias pela janela de seu apartamento em São José dos Campos, “vejo o céu do Saara,
nós estamos aqui em um processo de desertificação, e eu torço para que esteja errado,
para que eu esteja equivocado”.
"Essa onda de destruição tem consequência, agora é a hora da consequência e nós
vamos pagar o preço... mas não são mais os cientistas ou a sociedade que estão falando
isso, agora é o clima que está falando.... abra a sua torneira e veja se a água está saindo.
Esta demonstração faz com que eu não precise me preocupar em relação sobre se o que
eu estou falando é verídico ou não”.
vamos pagar o preço... mas não são mais os cientistas ou a sociedade que estão falando
isso, agora é o clima que está falando.... abra a sua torneira e veja se a água está saindo.
Esta demonstração faz com que eu não precise me preocupar em relação sobre se o que
eu estou falando é verídico ou não”.
Nobre explica que a principal causa do que temos testemunhado no Brasil é efeito do fim
das florestas do Sudeste e do desflorestamento em andamento na Amazônia, que diminuiu
a umidade do ar. Isso faz com que as massas de ar seco fiquem estacionadas, diminuindo
ainda mais a umidade e impedindo as chuvas. A importância das florestas é tamanha, que
um estudo do qual Nobre participou mostrou que a vegetação amazônica produz mais umidade
que o volume de água diário do rio Amazonas, que é o maior do mundo.
das florestas do Sudeste e do desflorestamento em andamento na Amazônia, que diminuiu
a umidade do ar. Isso faz com que as massas de ar seco fiquem estacionadas, diminuindo
ainda mais a umidade e impedindo as chuvas. A importância das florestas é tamanha, que
um estudo do qual Nobre participou mostrou que a vegetação amazônica produz mais umidade
que o volume de água diário do rio Amazonas, que é o maior do mundo.
Constatações como essa tem feito com que ele defenda ações mais urgentes e radicais contra
o desmatamento e em favor do reflorestamento, porque as consequências já estão sendo sentidas.
“Quando a gente está dentro de um desastre, não podemos raciocinar com a lógica antiga... essa
lógica de que ‘será que a Dilma vai concordar’, não funciona em um desastre. Quando você está
em um esforço de guerra é regime de exceção, de calamidade pública... é minha posição pessoal,
mas é porque não vejo outra saída”, diz.
o desmatamento e em favor do reflorestamento, porque as consequências já estão sendo sentidas.
“Quando a gente está dentro de um desastre, não podemos raciocinar com a lógica antiga... essa
lógica de que ‘será que a Dilma vai concordar’, não funciona em um desastre. Quando você está
em um esforço de guerra é regime de exceção, de calamidade pública... é minha posição pessoal,
mas é porque não vejo outra saída”, diz.
Foto: Gabriela Biló / Futura Press
Ele cita o exemplo do cientista da NASA James Hansen, um dos maiores nomes no
monitoramento de temperatura, que começou a realizar protestos dizendo que as
pessoas soubessem o que ele sabe, estariam juntos com ele protestando.
monitoramento de temperatura, que começou a realizar protestos dizendo que as
pessoas soubessem o que ele sabe, estariam juntos com ele protestando.
“Isto já estava previsto há 20 anos atrás, já estavam gritando na Eco 92 no Rio de
Janeiro para ajudar a humanidade. É grave a situação, é gravíssima, mas não só,
não fizeram nada, como aceleraram o processo de destruição. Agora é o custo.
Destrói a sua casa, e agora não mais onde morar”, afirma.
Janeiro para ajudar a humanidade. É grave a situação, é gravíssima, mas não só,
não fizeram nada, como aceleraram o processo de destruição. Agora é o custo.
Destrói a sua casa, e agora não mais onde morar”, afirma.
Sua maior crítica é contra setores que defendem o desmatamento em favor da
agricultura, que impuseram mudanças como o novo Código Florestal, mas que
não levaram em consideração os efeitos que o clima tem sobre a própria agricultura,
que depende muito da previsibilidade do clima.
Ele diz que além da população, a agricultura sofrerá os impactos disso. “O que essas
pessoas que falam em nome da agricultura fizeram foi dar um tiro no próprio pé”.
“Porque mesmo com chuva, em um evento de 2004 no Rio Grande do Sul, faltou chuva
em umas semanas no período em que a soja estava florescendo e teve mais de 60% de
queda de produção”.
agricultura, que impuseram mudanças como o novo Código Florestal, mas que
não levaram em consideração os efeitos que o clima tem sobre a própria agricultura,
que depende muito da previsibilidade do clima.
Ele diz que além da população, a agricultura sofrerá os impactos disso. “O que essas
pessoas que falam em nome da agricultura fizeram foi dar um tiro no próprio pé”.
“Porque mesmo com chuva, em um evento de 2004 no Rio Grande do Sul, faltou chuva
em umas semanas no período em que a soja estava florescendo e teve mais de 60% de
queda de produção”.
Bolha de Calor
Um dos efeitos do desmatamento e do processo de desertificação é a bolha de calor que
nos últimos dias têm provocado altas recordes nos termômetros de diversas capitais do País.
Na quinta-feira, foram registradas temperaturas superiores a 40ºC em ao menos seis cidades
do Sul, Sudeste e Nordeste. A situação só deve melhorar a partir da semana que vem,
segundo as previsões do Climatempo.
Um dos efeitos do desmatamento e do processo de desertificação é a bolha de calor que
nos últimos dias têm provocado altas recordes nos termômetros de diversas capitais do País.
Na quinta-feira, foram registradas temperaturas superiores a 40ºC em ao menos seis cidades
do Sul, Sudeste e Nordeste. A situação só deve melhorar a partir da semana que vem,
segundo as previsões do Climatempo.
Enquanto isso no Sul, o problema são as chuvas de granizo e temporais que destelham casas
e inundam as ruas provocando um verdadeiro caos na vida cotidiana. Em Porto Alegre, em dois
dias choveu mais da metade da média de um mês.
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