ÁGUA – EXISTE ESCASSEZ? artigo de Manoel Bomfim Ribeiro
A mídia do mundo inteiro fala constantemente sobre a escassez da água que ocorre no nosso planeta atingindo a humanidade em diversas regiões sobretudo na África subsaariana, no Oriente Médio, na Índia e vários outros países da Terra.
O nosso planeta possui um volume de água que, ao longo de milênios e milênios, nunca sofreu alterações para mais ou para menos. Nunca, nenhuma gota d’água saiu do nosso planeta para outro ou vice-versa. A Terra tem o seu volume constante de 1,4 bilhões de quilômetros cúbicos de água gerados muito antes da existência dos dinossauros.
Vejamos em números as nossas águas:
De 1,4 bilhões de metros cúbicos existentes, 97% são águas salgadas nos oceanos e mares, somente 3% é doce. Destes, 2/3 estão nas calotas polares, nas neves eternas e nas profundezas da terra (águas telúricas) fora do alcance do homem. Uma pequena parte, menos de 1%, é que o homem pode dispor, ou seja, quatro milhões de km. cúbicos de água (4.000.000 km³). É muita água, tanto que a humanidade só usa uma pequena parcela para todas as suas necessidades, apenas 0,01% deste volume, ou seja, quatro mil km³ (4.000 km³)
Quando Cristo veio á Terra a população era em torno de 250 milhões de habitantes e a água disponível já era esta. Só em 1830 tivemos o 1º bilhão de habitantes. Cem anos depois, em 1930, fechamos o 2º bilhão e encerramos o século XX com uma população de seis bilhões de almas e dispondo da mesma quantidade de água.
O ciclo hidrológico processado pela energia solar conduz estas águas através dos seus três estágios, sólido, líquido e gasoso sem nada perder do seu volume.
A imagem transmitida pela mídia é que a água desperdiçada ou usada desaparece, diminuindo o volume existente. Nada disto, toda água é reciclada sem a perda do seu volume global.
Esta água á nossa disposição, os quatro milhões de km³, pode abastecer muito mais de 100 bilhões de habitantes com todos os seus usos múltiplos, cifra que jamais será atingida pelas civilizações.
Não teremos, portanto, problemas de escassez de água. Isto não existe, nem existirá. O calcanhar de Aquiles está na gestão, no gerenciamento competente dos nossos dirigentes e governantes sobre o trato com os recursos hídricos da Terra.
Primeiro a Distribuição- através da interligação de bacias hidrográficas, transferindo e compensando grandes volumes de água. São balanceamentos hídricos em grandes níveis. Sistemas de canais, uma técnica usada bem antes da Era Cristã como o Canal Imperial da China. Sistemas de aquedutos como na Roma antiga, Cartago, Lisboa, etc. Adutoras de grandes diâmetros como na Europa Central. Adutoras localizadas em regiões diversas para atender cidades, vilas, povoados, até pequenos aglomerados humanos.
Segundo, cuidar do Desperdício, nos seus mais diversos usos, na industria, na irrigação e sobretudo no uso doméstico em todas as cidades do mundo em todos os continentes. No Brasil atingimos mais de 40% de desperdício. Mal crônico do mundo civilizado.
Terceiro, a Despoluição dos mananciais hídricos em todos os países dos cinco continentes. Os grandes rios da Ásia estão chegando a exaustão pela contínua e crescente poluição das suas águas. Os rios da Europa estão poluídos á exceção do Tamisa. África nem se fala, o grande Nilo está poluído com nitratos. No Brasil nada escapa desde os rios do Nordeste á Bacia Platina, a não ser alguns confluentes do Amazonas. O Tietê, que recebe os despejos de 40.000 fábricas da Grande São Paulo, é um exemplo triste para o mundo, o que seja um rio poluído, vergonha nacional.
As medidas saneadoras, distribuição, despoluição e evitar desperdício são, portanto, imperativas, inadiáveis e caríssimas, conhecidas de hidrólogos, governantes, administradores e da sociedade civil. São medidas grandiosas, mas só com elas poderemos atender as populações sequiosas dos continentes e assim jamais haverá escassez de água para os habitantes do planeta Terra.
Manoel Bomfim Ribeiro - manoel.bomfim@terra.com.brEngenheiro especialista em Recursos Hídricos
Enviado por João Suassuna — Última modificação 06/02/2012
BLOG SOS RIOS DO BRASIL
ÁGUA - QUEM PENSA, CUIDA!
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