01 Jun 2013
Pesquisadores da Escola Politécnica Federal de Lausanne na Suíça encontraram grande concentração de microplástico no Lago Genebra, um dos maiores lagos da Europa Ocidental, o que causou preocupação. Enquanto os estudos realizados nos oceanos demonstram que estes pequenos pedaços de plástico são prejudiciais para peixes, tartarugas e aves que se alimentam de plâncton ou pequenos organismos aquáticos, as consequências em lagos e rios só agora estão sendo investigadas.
O estudo, que está se estendendo sob o mandato do Departamento Federal do Meio Ambiente da Suíça, foi publicado na última edição da revista Archives des Sciences.
"Ficamos surpresos ao encontrar altas concentrações de microplástico, especialmente em um país ambientalmente consciente como a Suíça", afirma o primeiro autor do estudo, Florian Faure da EPFL. O estudo de Florian, focado no lago Genebra, mostrou que as praias e a água do lago contém uma alta quantidade de microplástico - pedaços de plástico com até 5 mm de diâmetro. O estudo é um dos primeiros do gênero a se concentrar em um lago continental de água doce. E de acordo com Florian, dados os grandes esforços para proteger as margens dos lagos nas últimas décadas, tanto em seu lado francês quanto às margens da Suíça, a situação sugere uma reflexão sobre os corpos de água doce em todo o mundo.
Microplásticos em águas continentais podem ser a principal fonte de poluição dos oceanos por microplástico, onde se formaram enormes hotspots contendo altas concentrações destes poluentes. Os cientistas estimam que apenas cerca de 20 por cento do microplástico nos oceanos são despejados diretamente no mar. O restante, 80 por cento, são provenientes de fontes terrestres, tais como depósitos de lixo, lixo nas ruas e esgoto.
A poluição por microplástico causa impactos em lago e ecossistemas fluviais, ameaçando os animais que habitam estes ecossistemas aquáticos, tanto física quanto quimicamente. Quando ingerido por aves aquáticas e peixes, os minúsculos pedaços de plástico podem acabar presos no intestino dos animais, onde obstruem seus aparelhos digestivos, ou causar sufocamento, bloqueando as vias respiratórias. O plástico ingerido também podem lixiviar aditivos tóxicos e outros poluentes presos à sua superfície para os animais, tais como bisfenol A (BPA) e ftalatos, dois agentes cancerígenos utilizados em plásticos transparentes, ou outros poluentes hidrofóbicos, tais como os PCBs.
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Florian Faure e seus colaboradores usaram uma variedade de abordagens para quantificar a poluição por plástico e microplástico no lago, desde peneirar praias, dissecar animais, como peixes e aves aquáticas, a analisar excrementos de pássaros ao redor do lago.
Para medir a concentração de microplásticos na água, Florian trabalhou com a colaboração da Oceaneye, uma organização sem fins lucrativos com sede em Genebra. Usando uma abordagem desenvolvida para o estudo da poluição de plástico no mar Mediterrâneo, foi utilizada uma manta de arrasto - uma rede de malha fina flutuante - puxada por um barco pelo lago Genebra para pegar qualquer matéria sólida na camada superior da água. As amostras foram então classificadas, secas e os compostos sólidos foram analisados quanto à sua composição.
"Nós encontramos plástico em todas as amostras das praias", diz Florian. Esferas de poliestireno são o mais comuns, mas plástico duro, plástico filme e pedaços de linha de nylon também estão bem distribuídos. Neste estudo preliminar, a quantidade de detritos coletados no lago Genebra utilizando a manta de arrasto foi comparável às medições feitas no Mar Mediterrâneo.
Os cientistas agora estão expandindo a pesquisa para lagos e rios em todo o país, apoiados por um mandato do Departamento Federal do Meio Ambiente da Suíça. De acordo com o diretor do laboratório, Luiz Felippe de Alencastro, isto implicará em estudar a poluição por microplástico em lagos, rios e na biota de todo o país, bem como os poluentes associados, tais como PCBs, que já foram encontrados em microplásticos do lago Genebra em significativas concentrações.
Contato: Jan Overney
jan.overney@epfl.ch
41-765-027-373
Fonte: Science Daily |
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