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25 de novembro de 2011

MAIS UMA VEZ NOSSAS FLORESTAS FORAM DERROTADAS...

Florestas brasileiras derrotadas na Comissão de Meio Ambiente



23 Novembro 2011  |  5 comments
Substitutivo apresentado pelo senador Jorge Viana e aprovado às pressas pela CMA confirma anistia a desmatadores e outros retrocessos. Apenas senador do PSOL votou contra

Bruno Taitson, de Brasília
A Comissão de Meio Ambiente (CMA) do Senado impôs mais uma derrota às florestas brasileiras e aos recursos naturais do país. Foi aprovado, nesta quarta-feira (23/11), o texto substitutivo apresentado pelo senador Jorge Viana (PT-AC), relator da matéria, por ampla maioria na CMA. Apenas o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) votou contra a matéria.

O texto mantém, em sua essência, uma série de retrocessos advindos do substitutivo aprovado na Câmara dos Deputados, sob relatoria do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), como a anistia a crimes ambientais e a desobrigação de recompor áreas desmatadas em APPs e reservas legais.

Segundo a ex-senadora e ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva, o Brasil sofreu uma derrota fragorosa na Comissão. “É mentira dizer que o texto é bom e que houve consenso entre ambientalistas e ruralistas, chegando-se ao chamado caminho do meio. Na verdade, foi trilhado o caminho da ampliação das devastações e do retrocesso, com patrocínio do Governo Federal e a omissão do Ministério do Meio Ambiente”, protestou.

Marina Silva ainda manifestou desapontamento com o relator da matéria na Comissão de Meio Ambiente, senador Jorge Viana. “Uma coisa é sermos derrotados pelo Aldo Rebelo, outra é ver os ruralistas celebrando um texto do nosso companheiro Jorge Viana. Fiquei por 16 anos no Senado e nunca vi uma unanimidade ruralista tão grande, hoje foi um dia muito difícil para mim”, lamentou a ex-senadora.

João Paulo Capobianco, ex-secretário de Florestas do Ministério do Meio Ambiente, também criticou o texto aprovado. “Trata-se muito mais de um código agrícola do que de um código florestal. Foi uma grande decepção, especialmente porque o relator é uma pessoa que tinha um compromisso com o meio ambiente”, analisou.

Um dos pontos que mais despertou desconfiança em relação ao processo foi a pressa com que a matéria tramitou. O senador Jorge Viana leu o substitutivo na segunda-feira (21/11) e foram dadas menos de 48 horas para que as mais de 200 emendas apresentadas fossem analisadas, discutidas e votadas. Até poucos minutos antes da votação os senadores ainda não haviam recebido cópias de todas as emendas.

O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) lembrou que, quando o texto tramitou nas comissões de Constituição e Justiça (CCJ), Ciência e Tecnologia (CCT) e Agricultura e Reforma Agrária (CRA) do Senado, não foi dado espaço para discutir o mérito do substitutivo, sob a promessa de que os debates mais aprofundados aconteceriam na Comissão de Meio Ambiente. Isso não aconteceu. “Não há motivo para tanto atropelo, não podemos votar algo de tamanha importância dessa forma. Estamos votando no escuro”, protestou.

O senador Randolfe Rodrigues pediu por reiteradas vezes que a votação fosse adiada, para que o texto e as mais de 200 emendas apresentadas pudessem ser avaliados e discutidos pelos senadores encarregados de votar a matéria. “O substitutivo lido pelo senador Jorge Viana anteontem já sofreu mudanças estruturais, muitos problemas persistem no texto. Não podemos votar desta maneira”, disse. Porém, o presidente da Comissão, senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), ignorou o pedido de Randolfe Rodrigues e o regimento interno do Senado, determinando o andamento da votação.

Segundo o parlamentar do PSOL, é fundamental que a sociedade se envolva com o tema e exija que os senadores rejeitem o texto em plenário. A votação deve acontecer nas próximas semanas. Os ruralistas pretendem, ainda este ano, aprovar o substitutivo no Senado, em segundo turno na Câmara e obter a sanção da presidente Dilma Rousseff.

Dentre as mais de 200 emendas apresentadas, 77 foram destacadas para votação nesta quinta (24/11). Segundo Kenzo Jucá, analista de políticas públicas do WWF-Brasil, a maior parte delas tem o potencial de tornar o texto ainda pior do que o que foi aprovado nesta quarta. “Isso demonstra que o calendário adotado pelas comissões do Senado inviabilizou a formulação de um texto que proteja as florestas”, concluiu. 
© WWF-Brasil/Bruno Taitson
© José Cruz/Agência Senado
© Geraldo Magela/Agência Senado

Comentários

  • PAULO ROGÉRIO
    November 25, 2011 - 00:49
    BOA NOITE!

    FIQUEI BOQUIABERTO COM O RESULTADO DESTA VOTAÇÃO DA PRESERVAÇÃO DAS FLORESTAS, PODERIA DIZER QUE É UMA POUCA VERGONHA, MAS ESTARIA ERRADO, POIS, É UMA ENORME VERGONHA.

    ESSA MESMA VERGONHA QUE ATINGE A TODOS BRASILEIROS, OS QUAIS DEVIAM SABER VOTAR, O QUE SE SABE QUE NEM 1% TEM CONSCIÊNCIA EM QUEM ESTÁ VOTANDO.
    SEM FALAR QUE CADA VEZ MAIS A CORRUPÇÃO CORRE FROUXO, CHEGA A SER DIFÍCIL ACREDITAR NA FALSIDADE DE POLÍTICOS, QUE EM FRENTE AO POVO SE MOSTRAM PREOCUPADOS COM O MEIO AMBIENTE.
    ACREDITO QUE SE IMPORTAM SIM COM O VERDE, MAS O VERDE DOS DÓLARES QUE ACUMULAM SE VENDENDO, OU MELHOR, VENDENDO O PATRMÔNIO DA HUMANIDADE.
  • Helike Long
    November 24, 2011 - 16:25
    http://www.facebook.com/photo.php?fbid=151184898316528&set=a.110493612385657.11777.100002750574700&type=1
  • Daniela Mendes Marques
    November 24, 2011 - 12:36
    Há pouco tempo, comentando um artigo do Coordenador do Programa Amazônia, Mauro Armelin, eu teci, com satisfação, elogios às transformações sociais, culturais, econômicas e ambientais pelas quais o Acre tem passado nesta última década e, muitas delas, no duplo mandato do hoje Senador Jorge Viana. Votei nele em todas as eleições em que estive no Acre.
    Hoje, porém, sinto uma decepção e uma frustração imensa de vê-lo deixar seguir, a frente da Comissão de Meio Ambiente (CMA) tamanha barbaridade e retrocesso na nossa lei florestal.
    Não é de hoje que minha decepção com o partido dos trabalhadores é latente, tanto que meu voto para presidência foi na Marina Silva e não na Dilma.
    Sinto uma tristeza imensa, uma decepção sem tamanho e, com certeza, num próximo vôo que eu esbarre com a presença do Sr. Senador Jorge Viana, meu olhar não será mais de admiração.
    Vivi no Acre por 19 anos! Vi aquele lugar se transformar! Não consigo conceber que um dos responsáveis por tão belas mudanças que testemunhei possa concordar com o texto que foi aprovado ontem!!!
  • Ronaldo Pinheiro de Mattos
    November 24, 2011 - 11:37
    Como nós do povo nos vemos muitas vezes de mãos atadas para fazer algo concreto sobre toda essa pouca vergonha que acontece na política brasileira...uma das formas de protestar é por meio dessas redes sociais...
    ENtão segue abaixo o que acabei de postar para meus amigos...mas gostaria muito que os políticos também visse...
    "INDIGNAÇÃO...do modelo de ficar de mau humor
    Perdemos mais uma vez pra "corrupção"...
    Por maior que seja toda a pressão da população com cartas, abaixo-assinados, etc... Os políticos brasileiros, fantoches da política partidária que comandam o país e, um com o rabo preso com outro aprovaram na intitulada " Comissão do Meio Ambiente" do Senado(que em tese deveria defender o Meio Ambiente) acabaram de anistiar os ruralistas que desmataram e vão continuar desmatando...
    E é isso ai galera...olho aberto nas próximas eleições...pq os nossos políticos ao invés de defender o interesse do povo, estão defendendo interesses próprios no nosso "RESPEITÁVEL" CONGRESSO NACIONAL...
    Torcer agora para nossa Excelentíssima Presidenta VETAR toda essa pouca vergonha né (que infelizmente, eu duvido muito que o faça sabendo a máfia que virou a politicagem brasileira)"
  • Aline Brogin
    November 23, 2011 - 22:50
    É absurdo!
    E nem adianta esperar muito da população brasileira. Há quanto tempo se tem falado neste código? Há quanto tempo vemos campanhas e mais campanhas contra a aprovação deste texto? A população não tem se mostrado tão preocupada. Minha sensação é de indignação.


Um comentário:

  1. Lair Cristiano Heinen25 novembro, 2011 17:39

    Muito lindo as palavras de protesto dos moradores de arranhacéus que não conhecem a realidade da região amazônica, assisti um vídeo da WWF em relação as enchentes e deslizamenentos, é injusto generalizar catástrofes naturais que ocorrem em grandes centros, quem é contra a alteração do texto do código florestal pesquise mais sobre a realidade de toda a região amazônica, pois existem várias programas e projetos de regularização ambiental em execução.

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