Os primeiros efeitos do baixo nível do Rio dos Sinos começaram a aparecer nesta quarta-feira, dia 24. Dezenas de peixes foram encontrados mortos nas proximidades da ponte da BR 116, em São Leopoldo.
FOTOS: Felipe de Oliveira / novohamburgo.org
São Leopoldo: Morte de peixes no Sinos alerta para baixo nível da água
Quantidade de oxigênio na água medida pelo Ministério Público Estadual chegou a 1,12 miligramas por litro nesta quarta-feira. .
Felipe de Oliveira felipe@novohamburgo.org(Siga no Twitter)
Segundo o biólogo Jackson Müller, assessor de Meio Ambiente do Ministério Público Estadual (MPE), a quantidade não é expressiva, mas serve de alerta para a adoção de medidas de prevenção a novas mortandades caso não chova na região.
Medição feita na água pelo MPE apontou 1,12 miligramas de oxigênio por litro. “Com menos de 2 mg/l é muito difícil sustentar toda a biodiversidade do manancial”, salienta Müller. A desoxigenação é fruto da escassez de chuva, associada à poluição.
A vazão do rio diminui e a água praticamente não se movimenta. Com isso, a temperatura aumenta, a concentração de efluentes químicos e domésticos é potencializada e a capacidade de autodepuração reduzida. Uma chuva de 10 milímetros, na terça-feira, lavou arroios contribuintes e agravou a situação.
Jackson Müller aponta a coleta de água para irrigação de lavouras de arroz e o esgoto não tratado como principais causas para o problema. “Se fala em água para os arrozeiros, água para o abastecimento doméstico, e a água para os peixes?”, reclama o biólogo. A promotoria especializada das bacias do Sinos e Gravataí analisará o material coletado para decidir se abre investigação. “Precisamos saber se entrou algum produto estranho ao rio”, explica o promotor Daniel Martins. O resultado da análise deve sair em uma semana.
Na terça-feira, 22, a Comusa – Serviços de Água e Esgoto de Novo Hamburgo registrou o menor nível na base de captação bruta para o final de novembro em sete anos: 2,32 metros. Na quarta-feira, 24, esse número subiu para 2,37. Só a população hamburguense aumenta de 15% a 20% o consumo no verão, que é justamente o período do reprodução dos peixes, o defeso. “Todos os anos enfrentamos esse problema”, lembra Tabajara Maciel, inspetor da Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente da Polícia Civil.
Prevenção
A Fundação Estadual de Proteção Ambiental – Fepam divulgou nota determinando a redução de 30% dos efluentes industriais estabelecidos nas Licenças de Operação, conforme a portaria 087/2006.
O documento prevê a redução sempre que a vazão estiver abaixo dos 50 metros cúbicos por segundo. Medição da Fepam apontou 16,2 m³/s. Empresas do Vale do Sinos estão sendo notificadas.
Já o Consórcio Público de Saneamento Básico da Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos – Pró-Sinos avalia medidas de prevenção. Conforme o diretor-executivo, Julio Dorneles, a alternativa mais viável é a diminuição da coleta de água pelos arrozeiros. No início de novembro, acordo entre o setor e o Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos – Comitesinos determinou a suspensão da coleta em situações de risco.
Outra opção seria sugerir à Companhia Estadual de Energia Elétrica – CEEE que aumente a transposição de água do Rio Caí ao Sinos – a vazão pode variar entre 2 e 12 metros cúbicos por segundo. “Poderíamos pedir à CEEE que trabalhe no limite durante o período mais crítico”, antecipa Dorneles. “Estamos estudando essas hipóteses há dias. Já alertávamos para a possibilidade da morte de peixes.”
Sobre o esgoto dos municípios da bacia hidrográfica, que tem índice de tratamento entre 3% e 15%, em média, o diretor-executivo do Pró-Sinos diz que R$ 800 milhões em recursos do governo federal estão sendo aplicados em obras para chegar aos 100% até 2017. “Em São Leopoldo, temos 50%, mas em outros municípios ainda é zero”, pondera. Considerando o tratamento primário, feito nas residências, o número chega hoje a 80%.
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