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23 de novembro de 2011

SOS MATA CILIARES DO RIO RIBEIRA DE IGUAPE (SP)


Equipe da expedição constata a degradação das matas ciliares no Rio Ribeira



Expedição e encontro regional mostram situação das matas ciliares do Vale do Ribeira
 
[22/11/2011 18:32]



Uma expedição pelo Rio Ribeira de Iguape ocorrida em outubro e a apresentação de dados levantados sobre a situação de uso e ocupação do lado paulista da bacia em novembro, contribuíram para a discussão da situação das matas ciliares, cada vez mais degradadas ao longo das últimas décadas. No dia 16 de novembro último, o Conselho Gestor da Campanha se reuniu para debater os resultados destas atividades, com foco nos aspectos botânicos.


Durante seis dias, a II Expedição de Educação Ambiental e Levantamento de Campo no Rio Ribeira de Iguape reuniu técnicos que percorreram o rio, desde o Quilombo de Porto Velho, entre os municípios de Itaóca e Iporanga, até sua foz, em Iguape. Além de observar as condições ambientais do rio, especialmente a vegetação e o uso e ocupação do solo nas margens, a equipe visitou comunidades que vivem próximas a ele, escolas municipais e estaduais (Saiba mais sobre o roteiro percorrido).


Falta de água para consumo humano, dificuldades no transporte de pessoas e de insumos de uma margem à outra do rio, grande perda de terras e infraestrutura em decorrência do uso intensivo do solo, desbarrancamentos e constantes cheias foram desafios encontrados pelo caminho.

Ao mesmo tempo, ações de resistência e de cuidado mostraram que tem muita gente que se preocupa com o rio e se empenha em restaurá-lo. A equipe da expedição pode conhecer jovens motivados a sensibilizar a população para as questões ambientais, agricultores que perceberam, na prática, a importância de proteger as margens dos rios e contadores de histórias que envolvem todos com a beleza poética do Ribeira.

Em Iguape, onde o rio encontra o mar uma celebração marcou o final da jornada da equipe de expedicionários: o show “Excelência ao Ribeira”, foi apresentado pelo do grupo Batucajé. Júlio César da Costa, poeta e integrante da banda, resumiu o sentimento de todos: “Aqui no Vale o rio é tudo. É a identidade do povo. A cultura popular precisa ser reconhecida e legitimada. A questão ambiental passa pela questão cultural. A valorização das comunidades tradicionais por meio da arte, da música e da poesia é muito importante”.

A expedição foi registrada em matérias feitas pela Rede Globo e pelo SBT e podem ser acessadas nos links: Jornal SBT e Antena Paulista

Encontro da Campanha
O Encontro Regional da Campanha Cílios do Ribeira, realizado em 4 de novembro em Registro, apresentou dados sobre os plantios desenvolvidos. entre eles, destacam-se: de 124,57 hectares em restauração, 53% são áreas particulares; 19% são assentamentos rurais; 16% são áreas públicas e 12% são áreas de populações quilombolas ou indígenas.

As metodologias de restauração utilizadas são variadas: plantio total (56%), enriquecimento e condução da regeneração natural (23%), repovoamento com sementes de palmito juçara (11%) e sistemas agroflorestais (10%). A escolha da técnica depende de diagnóstico prévio realizado por técnicos da Campanha que, a partir das informações sobre as atividades desenvolvidas na propriedade atendida, indicam ao proprietário as opções mais adequadas.

No encontro também foram apresentados dados levantados durante a expedição pelo Ribeira. Por exemplo, apenas 36% da cobertura vegetal nativa está preservada; áreas de campo/pastagem ocupam 19% das matas ciliares, e a bananicultura é responsável por uma cobertura de 13%. Os desbarrancamentos, assoreamentos e perda de infraestrutura são algumas das consequências deste tipo de uso.

Os participantes discutiram as informações levantadas durante o Plano Diretor de recomposição florestal visando á conservação dos recursos hídricos, projeto desenvolvido pelo Instituto Socioambiental (ISA), com apoio do Comitê da Bacia Hidrográfica Ribeira de Iguape/Litoral Sul e Fundo Estadual de Recursos Hídricos (Fehidro).

Os dados começaram a ser levantados em outubro de 2010, pelo Laboratório de Geoprocessamento do ISA, e a partir de fevereiro de 2011 cada um dos 23 municípios paulistas do Vale do Ribeira recebeu a visita da equipe do projeto para discussão das informações. Com vistas a iniciar um plano de ação para a recuperação das matas ciliares, quatro oficinas regionais foram realizadas nas diferentes regiões da bacia hidrográfica. As propostas foram validadas durante o Encontro.

Constatou-se uma demanda de mais de 70 mil hectares a serem recuperados, considerando todos os rios da bacia e as áreas que estão em regeneração natural devem ser levadas em conta. Durante os debates com os gestores municipais, observou-se que grande parte destas áreas foram abandonadas por seus proprietários que, em alguns casos, deixaram suas atividades produtivas e até mesmo a região.

Próximos desafios
Um dos desafios é estabelecer custo/benefício para os processos de restauração e organizar as propostas, estabelecendo prioridades, para buscar investimentos e oportunidades, que aliem a preservação do patrimônio ambiental do Ribeira e o desenvolvimento da população da região.

O trabalho de campo e as discussões com os parceiros confirmam a importância da continuação dos processos de restauração e de um olhar mais cuidadoso para a bacia hidrográfica, em especial para o Rio Ribeira.

Em 2012, a Campanha Cílios do Ribeira iniciará o levantamento dos viveiros comunitários da região, identificando como está a cadeia produtiva da restauração florestal, desde a coleta de sementes até os plantios. O monitoramento dos processos também terá destaque, tendo em vista os diferentes estágios em que se encontram os plantios e a necessidade de se produzir informações estratégicas para multiplicar as iniciativas de recuperação das matas ciliares da Bacia do Rio Ribeira.
Leia aqui as apresentações feitas no encontro.

ISA, Ivy Wiens.



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