CSA2013_encontro1_DSC01873 (Small)Com o tema “Dengue no Rio Grande do Sul: uma nova realidade”, a Abes-RS abriu a temporada de 2013 do Ciclo de Saúde Ambiental, no último dia 27 de março, no auditório da Faculdade de Farmácia da UFRGS.
A primeira palestrante da tarde foi Marilina Bercini, médica sanitarista, chefe da Divisão Epidemológica do Centro Estadual de Vigilância em Saúde da Secretaria Estadual de Saúde, com o tema “Epidemologia da dengue”. Na apresentação, a sanitarista relatou que se estima que  a dengue gere 550 mil hospitalizações por ano e provoque 20 mil mortes, em cerca de 100 países. “Não é pouca coisa – uma letalidade de até 10%, chegando a 20%, se não houver tratamento. Temos enfrentado epidemias cíclicas e recorrentes, não conseguindo e erradicação da doença, considerada um mal dos trópicos”, alertou.
Páginas de CSA2013_encontro1_Palestra de Marilina Bercini (Small)De acordo com Marilina, como o vírus da dengue se apresenta em quatro sorotipos diferentes, é possível que uma mesma pessoa tenha a doença até quatro vezes. Tal condição pode favorecer os casos graves, de dengue com complicações, depois da segunda infecção. Mas a doença pode ter um tratamento simples, desde que haja o acompanhamento do paciente, com os exames de sangue, hidratação e alerta para os sintomas de gravidade. Em relação ao desenvolvimento da vacina, ainda não existem perspectivas para o lançamento do produto, que se encontra em estudos. “Infelizmente, o processo de desenvolvimento da vacina deu para trás no terceiro estágio dos experimentos”, lamentou a chefe de divisão da CEVS.
Páginas de CSA2013_encontro1_Palestra de Sílvia Thaler (Small)Sílvia Medeiros Thaler, bióloga da Divisão de Vigilância Ambiental do Centro Estadual de Vigilância Ambiental e coordenadora estadual do Programa da Dengue falou sobre “Situação do vetor da dengue e casos da doença no Rio Grande do Sul”. Ela alertou que os ovos do Aedes aegypti duram cerca de dois dias e têm a capacidade de permanecer até 500 dias viáveis em ambiente seco, o que favorece o seu transporte e dispersão. Explicou, ainda, que na fase aquática é que vai se desenvolver a larva, em cerca de uma semana. Na fase adulta do mosquito, é que o mosquito vai se reproduzir. “A intensa urbanização dos últimos anos, os problemas de saneamento básico relacionado ao abastecimento de água, ao lixo, o crescente trânsito de pessoas e a velocidade dos meios de transporte, juntos, favorecem a dispersão do vírus”, alertou a bióloga.
Páginas de CSA2013_encontro1_Palestra de José Carlos Sangiovani (Small)José Carlos Sangiovanni, médico veterinário, coordenador geral da Coordenadoria Geral de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Porto Alegre falou sobre “A evolução da dengue em Porto Alegre”. Segundo ele, a partir da identificação do mosquito vetor na cidade, em 2001, houve a estruturação da vigilância para o monitoramento e controle do mosquito e da doença. Sangiovanni lembrou que o trabalho de prevenção da dengue é baseado nas ações de informação e orientação realizadas por agentes de combate a endemias, que fazem as visitas nas casas e esclarecem os moradores sobre os cuidados a serem adotados. Para o coordenador, a população deve evitar recipientes que acumulem água, o que ainda é a principal ação para garantir o controle do vetor.
De acordo com o coordenador da Vigilância em Saúde de Porto Alegre, o índice de infestação do mosquito em janeiro de 2013 foi muito maior que o registrado em anos anteriores. Essa condição favoreceu a ocorrência de casos autóctones, que são aqueles contraídos na própria cidade, e que indicam que o município está em situação de pré-epidemia. “Para o controle da transmissão atuamos para diminuir o índice de infestação do mosquito, com a remoção dos criadouros e também com a aplicação de inseticida para a forma adulta”, explica. Segundo ele, os cuidados para evitar a transmissão da doença tem que estar no cotidiano do cidadão. “Acumular água em recipientes, vasos, calhas e ralos pode se constituir em um criadouro do mosquito e com isso nossa própria família pode ser afetada”, alertou José Carlos Sangiovanni.
Em vista da situação epidemiológica da dengue em Porto Alegre e no estado do RS, fique alerta para os sintomas e busque atendimento médico para diagnóstico.
Combate a dengueA dengue é uma doença que apresenta as seguintes características: febre alta, acompanhada de pelo menos dois outros sintomas, como dor nas articulações, dor muscular, manchas vermelhas na pele, dor de cabeça, prostração, dor no fundo do olho, além de eventualmente náuseas e vômitos. Busque atendimento médico em caso de sintomas e não tome medicamento à base de ácido acetilsalicílico.