A automação a serviço do uso racional da água, artigo de Ricardo Dutra
Publicado em setembro 17, 2014 por Redação
[EcoDebate] Muito se fala sobre a importância da água para a vida do planeta e o quanto é fundamental que todos se conscientizem de que este recurso deve ser usado sem desperdícios. Para chamar a atenção sobre isso, a Organização das Nações Unidas (ONU) estabeleceu 22 de março como o Dia Internacional da Água. Se há tanta água no mundo, por que afinal de contas, a preocupação? Vejam que a água da qual dependemos para viver e que consumimos diariamente, é a água potável entregue na nossa casa.
Sugiro uma reflexão, considerando que, antes de habitarmos o Planeta Terra, somos moradores da nossa residência, frequentadores do nosso trabalho, escola, espaços de lazer, entre outros locais, em nosso município. Portanto, é nesse pequeno universo que nossas atitudes fazem diferença. Usar a água racionalmente é muito mais do que uma atitude ecológica, mas uma atitude social, que contribui definitivamente para o saneamento básico das cidades, o que é fator de saúde e qualidade de vida. Talvez, se fosse criado também o “Dia Municipal da Água”, as pessoas prestariam atenção não só na importância da água potável, mas no quanto suas atitudes refletem na preservação deste recurso finito.
Hoje, quando o assunto é sustentabilidade, estamos falando em disponibilizar água e esgoto a seus habitantes. Cientes disso, muitos governos e Organizações Não-Governamentais (ONGs), ao redor do mundo, vêm criando, nas últimas duas décadas, leis e parâmetros para indústria de equipamentos e da construção civil, e estabelecendo normas visando à redução do consumo de água.
No Brasil, há um atraso considerável neste sentido por parte do governo, porém a iniciativa privada caminha nessa direção por uma necessidade de subsistência. O mercado oferece, atualmente, opções de dispositivos economizadores de água para torneiras, chuveiros, descargas, entre outros itens do banheiro. Além disso, existem modelos totalmente automatizados, acionados por sensores que captam a presença do usuário e permitem o uso da água na medida e no tempo certo, sem desperdícios. Neste cenário, podemos visualizar a automação de sanitários contribuindo significativamente para a redução do consumo deste recurso.
Tais equipamentos são desenvolvidos com base nos mais modernos conceitos de sustentabilidade e a automação completa de sanitários, principalmente os de uso público, pode ser um caminho eficaz para a melhor experiência de economia de água, redução de custos, entre outros benefícios para o usuário, a comunidade e o planeta.
Um exemplo disso são torneiras com sensor que proporcionam redução de até 80% no consumo de água ao lavar as mãos, o que é possível porque tais peças ficam abertas apenas durante a presença do usuário e têm vazão controlada, com um consumo de 250ml, portanto, muito mais econômicas se comparadas às torneiras manuais ou aquelas com fechamento automático de consumo superior de 1.000ml por ciclo.
Ao usar a água de forma racional, obtemos os seguintes benefícios: maior oferta de água, para atender a um número cada vez maior de usuários; redução dos investimentos na captação em mananciais cada vez mais distantes das concentrações urbanas; diminuição dos investimentos para atender às demandas em dias/horários de pico; maior oferta de água para áreas deficientes de abastecimento; redução do volume a ser tratado; diminuição do volume de esgotos a serem coletados e tratados e consequente redução dos custos do tratamento de esgoto; postergação de investimentos necessários à ampliação do Sistema Produtor de Água bem como do Sistema de Esgotamento Sanitário do Município; diminuição do consumo de energia elétrica (poucos se dão conta da demanda de energia para distribuição da água que se dá através de bombeamento contínuo); além da garantia do fornecimento ininterrupto de água ao usuário.
Pensando assim, muito tem sido feito no sentido de criar novos dispositivos, produtos que mesmo utilizando uma quantidade menor de água, tenham a mesma eficiência e conforto. Portanto, essa é uma política saudável também no âmbito econômico, uma vez que promove a indústria, incentivando o desenvolvimento de novas tecnologias voltadas à redução do consumo de água e diminuição do gasto do indivíduo com este recurso.
Assim, é fundamental estarmos cientes da real possibilidade de transformarmos os gastos desnecessários em benefícios diretos, sem perda de conforto e com ganhos reais para nossos orçamentos, bem como garantir a água de cada dia.
*Ricardo Dutra é engenheiro e diretor da DRACO (www.draco.com.br).
EcoDebate, 17/09/2014
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