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28 de fevereiro de 2014

Usinas trocam acusações por cheia no Rio Madeira

Hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio culpam uma à outra por parte dos estragos provocados pelas enchentes em Rondônia


Renée Pereira - O Estado de S.Paulo

A cheia do Rio Madeira renovou a rivalidade entre as hidrelétricas Jirau e Santo Antônio, que ficam no próprio Madeira, em Rondônia. A Energia Sustentável do Brasil (ESBR), que detém a concessão de Jirau, atribui parte dos estragos na região - especialmente nas cidades de Jaci-Paraná e Porto Velho - à operação da Santo Antônio Energia (SAE).

Segundo o diretor-presidente da ESBR, Victor Paranhos, se a SAE seguisse a regra proposta à Agência Nacional de Águas (ANA), em março de 2012, os impactos em Jaci-Paraná e Porto Velho seriam inferiores ao verificado atualmente. Pela proposta, diz ele, a empresa teria de iniciar a redução do nível do reservatório para a cota de 68,5 metros quando a vazão do rio chegasse a 34 mil metros cúbicos por segundo (m³/s). No dia 3 de fevereiro, o reservatório estava na cota de 70,4 metros e a vazão era de 38.315,68 m³/s.

"E ainda querem elevar a cota para 71,3 metros. Numa situação como a atual, subir mais um metro deixaria Jaci-Paraná praticamente debaixo d'água", afirma Paranhos. Segundo ele, se isso ocorrer, os impactos observados agora podem ser ainda piores no futuro. Nas últimas semanas, com a pior cheia nos últimos 100 anos, várias cidades de Rondônia ficaram alagadas, milhares de pessoas desabrigadas e o acesso para o Acre foi interrompido por causa das rodovias inundadas.

Do outro lado, a Santo Antônio Energia (SAE) publicou comunicado afirmando que o rebaixamento do reservatório de sua usina foi determinado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) "para evitar que as estruturas provisórias de Jirau - como suas ensecadeiras - fossem afetadas, já que não foram dimensionadas para uma cheia como a que está acontecendo no Rio Madeira".

Hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio culpam uma à outra por parte dos estragos provocados pelas enchentes em Rondônia


Com o rebaixamento, disse a SAE, faltou uma queda mínima na barragem (diferença entre o nível do rio acima e abaixo da barragem) para o funcionamento das turbinas. Por isso, a hidrelétrica teve de ser desligada no início da semana - até então, 14 máquinas estavam em operação, enviando parte da energia para o Sudeste.

Paranhos, no entanto, tem outra versão. Pelas regras do edital, as turbinas deveriam operar com queda mínima de seis metros. Mas elas só funcionam com queda de nove metros, diz ele. "As minhas turbinas funcionam com quedas bem maiores que as deles. Tem de saber porque isso ocorre." A SAE, formada por Odebrecht, Andrade Gutierrez, Furnas, Cemig e um fundo da Caixa, não respondeu ao pedido de entrevista do Estado.

No início da semana, o presidente da ESBR, cujo principal acionista é a franco-belga GDF Suez, foi a Brasília reforçar a reivindicação feita à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para rever a autorização de aumento da cota de 70,5 para 71,3 metros de Santo Antônio. Mas o pedido foi em vão. A Aneel manteve a decisão anterior, que significa um aumento de cerca de 200 megawatts (MW) médios na usina de Santo Antônio. Agora dependerá do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) permitir ou não o aumento da cota. Mas a briga ainda poderá parar na Justiça.

Alagamento. Na apresentação feita à Aneel, Paranhos mostrou fotos das rodovias de Rondônia e de Jaci-Paraná debaixo d'água, além das estruturas de Jirau afetadas. Segundo o executivo, o aumento de meio metro da cota de Santo Antônio representou um acréscimo de 83,14 quilômetros quadrados (km²) de área inundada. Com a elevação para 71,3 metros, serão mais 71,53 km². Ou seja, em relação ao projeto original, haverá acréscimo de 154,67 km² de área inundada.

De acordo com a apresentação, o Ibama foi induzido ao erro e emitiu a licença de operação do empreendimento considerando a cota de 70,5 metros, "sem avaliar e quantificar adequadamente os impactos ambientais desta alteração".

Outra crítica de Paranhos é que o fato de Santo Antônio não reduzir o nível do lago até a cota necessária eleva de forma expressiva o volume de água em Jirau, que pode causar danos irreversíveis. Num determinado momento a usina operou com dois metros acima do previsto por causa de Santo Antônio. A cota de Jirau não pode ser superior a 74,8 metros, diz ele.
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21 de agosto de 2012

Porto Velho tem falta de água e culpa usina


Empresa de abastecimento de Rondônia e governo federal dizem que hidrelétrica de Santo Antônio prejudica captação
Parecer afirma que obra mudou fluxo do Madeira e deixou parada água no local das bombas; usina nega responsabilidade

FELIPE LUCHETE
DE SÃO PAULO


Metade da população de Porto Velho (RO), cidade de 428 mil habitantes, tem passado por "rodízio" de água devido a um problema na estação de abastecimento da cidade, vizinha à usina de Santo Antônio, no rio Madeira.
O ponto do rio onde estão as bombas de captação praticamente secou na semana passada. A empresa estadual de abastecimento atribui o problema à hidrelétrica. A empresa responsável nega.
Santo Antônio é a quinta principal obra do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e começou a gerar energia em março.
Localizada a sete quilômetros do centro da cidade -a maioria das usinas na Amazônia fica mais afastada-, a obra já provocou deslizamentos em terrenos de um bairro no início do ano, forçando a saída de 600 pessoas.
Na última semana, moradores e comerciantes do centro passaram a ter água um dia sim, outro não, segundo a Caerd (Companhia de Águas e Esgotos de Rondônia).
A diretora técnica da empresa, Débora Reis, diz que as bombas não conseguem puxar água porque se formaram bancos de areia no ponto de captação. O sistema chegou a ficar 30% comprometido, avalia.
O caso fez o Ministério Público solicitar vistoria técnica do Sipam (Sistema de Proteção da Amazônia, ligado ao governo federal), que apontou a hidrelétrica como causadora do problema.
Segundo parecer do Sipam, a construção e principalmente o início da operação da usina mudaram o fluxo do rio Madeira e deixaram "parada" a água no local das bombas. A redução de velocidade provocou a acumulação de sedimentos.
A Santo Antônio Energia, empresa concessionária da usina, diz que não há ligação entre suas obras e a dificuldade na captação de água.
Afirma que o problema ocorre devido ao baixo nível do rio Madeira, fenômeno comum nesta época do ano.
Mas o Sipam diz que não houve comprometimento da captação nem no ano mais seco do Madeira, em 2005.
A Santo Antônio enviou equipamentos e pessoal à estação na semana passada, onde instalou outras bombas e começou a "cavar" o ponto de captação.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/61564-porto-velho-tem-falta-de-agua-e-culpa-usina.shtml

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