SÃO PEDRO E SÃO FRANCISCO NÃO TÊM SE ENTENDIDO E RIBEIRINHOS LEVAM A PIOR...

      

São Pedro não tem ajudado o São Francisco

  

Sex, 15 de Agosto de 2014

Realmente São Pedro não tem ajudado o Rio São Francisco nem outros santos rios.

Nada de chuva, e a seca continua simplesmente devastadora.  A maré está tão baixa que conforme comentários de alguns analistas, se a estiagem continuar, a Represa de Três Marias talvez atinja um nível próximo a 4% de sua capacidade total em outubro, pois há poucos dias atrás o nível do reservatório estava em torno de 14,6%, e no ano passado, nesse mesmo período a média foi de 48,6%.  No Lago de furnas e grandes represas abastecedoras da cidade de São Paulo a situação não é melhor.

Não preciso falar dos danos causados nem dos piores que ainda virão devido a atual situação, ou seja, a falta de chuva, mas sobre os coitados dos peixe é bom comentar um pouco.De acordo com pesquisadores, a estiagem do princípio do ano no Estado de São Paulo, deve ter impedido que em seus rios, aproximadamente 20% dos peixes desovassem na piracema.

O Rio Doce, agora um tanto amargo com a falta de chuva principalmente na época da Piracema, terá um futuro com menos peixes, o que já vem sendo sentido há algum tempo. Mais ainda com os peixes nativos da região, como o Cascudo e o Piau.

Na realidade as espécies nativas estão sendo afetadas em seus ciclos reprodutivos, ou seja, não estão completando o ciclo da vida, devido à baixa oxigenação da água. Dentre estas espécies se encontram o Dourado, o Surubim, a Crumatá e o Piau, em importantes rios, como o São Francisco, Rio Grande, Jequitinhonha, Paranaíba, além do já citado Rio Doce.

Com a seca os peixes adultos foram pescados com mais facilidade, pois o calor e a falta de chuva deixaram a água com pouca oxigenação, fazendo com que os peixes viessem até a superfície em busca de oxigênio, o que foi um prato cheio para todo tipo de predador, inclusive os pescadores.

O pior é que além de praticamente não ter acontecido a desova, os poucos peixes que provavelmente nasceram este ano, demoram de dois a três anos para se tornarem adultos reprodutores e, a perda de reprodutores prejudica todo o ecossistema, porque um organismo depende do outro.  Dizem que a extinção de uma espécie de peixe faz outras dez desaparecerem.

Os pescadores amadores já estão sentindo a escassez dos peixes, mais ainda os pescadores profissionais, porque os peixes não estão nascendo, nem nas criações em tanques, que estão com a expansão contida. Só para se ter uma ideia da gravidade da situação que se aproxima, no primeiro quadrimestre deste ano, segundo notícias na internet, o Brasil importou da China, do Vietnã, da Europa e da América do Sul, cerca de R$ 1,4 bilhão entre peixes, crustáceos e moluscos.

O efeito da estiagem já chegou aos rios, está chegando ao varejo e pode ser observado nos preços e no retorno de nossas pescarias. É muito triste dizer que a partir de 2015 sentiremos muito mais o impacto nos rios, no comércio de peixes, no nosso bolso, em nossas mesas e logicamente em nossas próprias pescarias. Realmente, com esta seca a maré não para peixe. São Pedro, por favor, ajude o São Francisco.

José da Cruz Siffert
Aposentado e pescador esportivo

BLOG SOS RIOS DO BRASIL

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