DENÚNCIA: ESPECULAÇÃO IMOBILIÁRIA ESTÁ MATANDO O CÓRREGO VALQUÍRIA EM JUNDIAÍ (SP)

O que perdemos com os córregos?

Lenda Hupa*

Um homem, infeliz e deprimido, sentou-se à beira de um córrego.
Ele ficou ali sentado por muito tempo, até que, surpreso, começou a ouvir o rio cantar uma canção para ele.
Ele jamais tinha ouvido aquela canção, mas, quando voltou para casa e cantou-a para um velho, esse reconheceu que a canção pertencia a alguém que havia morrido décadas antes. "Como é que o rio conhecia essa canção?", o homem perguntou.
"Eu não sei", responde o velho, "mas às vezes as canções são assim.
Se elas não têm ninguém que as cante, elas se entregam a um córrego para que ele as guarde". (*nação indígena da Califórnia-EUA)


Indignação e Urgência

Estamos perdendo o Córrego das Walquírias

O córrego das Walquírias, em Jundiaí-SP, começou a ser canalizado, de fato, nesta sexta, 16/01/2008.
As máquinas estão "endireitando" o sinuoso traçado do riacho, "corrigindo", como eles costumam dizer.
Na imagem acima, do Google Earth, é possível ver leito original.

Para quem ainda não visitou o Walquírias em seus últimos dias de riacho urbano razoavelmente preservado, além da água límpida, chama a atenção o leito de pedras. Pedras roladas, seixos. Que estão ali a compor esse frágil ecossistema há muitos anos.
Um detalhe sutil, belo e comovente, que será simplesmente enterrado com a "correção" do leito do córrego.
Os seixos contam histórias, registram anos de águas passadas, que vão definindo suas formas.

Essas histórias vão se perder agora, com a canalização.

O Walquírias não tem vizinhos neste trecho em obras, nem no imediatamente anterior, nem posterior, já canalizados em "U".
Não é uma obra de saneamento.
Não favorece famílias, não traz nenhum benefício para a comunidade.
Sua canalização vai apenas aumentar a velocidade da água que chega ao rio Jundiaí e preparar o terreno para o edifício que será erguido ali.

Paulo Dutra
Fórum Caxambu

INSTITUTO SOS RIOS DO BRASIL

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ÁGUA - QUEM USA, CUIDA!