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16 de janeiro de 2014

A MESTRA E ESCRITORA ALBA DAYRELL E O MARAVILHOSO POR-DO-SOL NO RIO ARAGUAIA

O entardecer no Rio Vermelho

DIÁRIO DA MANHÃ
ALBA DAYRELL
O rio Vermelho surpreende os viajantes que deixam o rio Araguaia com intenção de atingir as suas águas. A vegetação que o circunda é abundante, apresenta canais, reentrâncias e lagos, o que favorece o aparecimento de ilhas. Cada estação surge de uma forma diferente, o que confunde os mais experientes navegantes.
Sair à tardinha para participar do espetáculo do crepúsculo e esperar a chegada da noite constitui uma aventura inusitada. No verão, as águas do rio sobem sobremaneira, transformando os lugares antes frequentados em irreconhecíveis sítios. 
Deixamos nosso porto por volta das dezoito horas, sabendo que teríamos a luz do dia até às vinte horas, aproximadamente. Nossa intenção era a focagem de jacarés, porém, estávamos ansiosos para estrear o novo binóculo Svarowski, recentemente adquirido por meu filho Leopoldo, com diversas especificações, entre elas a função que permite o acesso à visão noturna.
Em companhia do nosso caseiro Messias, homem ribeirinho, conhecedor de rios e matas, empreendemos uma aventura inesquecível. O primeiro espetáculo foi oferecido pelos pássaros, alguns em bando, outros solitários, sempre demonstrando contentamento como se estivessem comemorando o final do dia. Gaviões, marrecos, patos, pombos, enfim, uma variedade de aves se movimentava em busca de abrigo. Exibindo suas cores, alguns jacus ciganos descreviam voos passando de uma margem à outra, conscientes de que aquele território lhes pertencia.
O barco singrava as águas, ora veloz, ora vagarosamente, tentando encontrar um lugar interessante para atracar, distante do mundo civilizado. Assim que o sítio ideal fosse identificado, os motores seriam desligados para que pudéssemos apreciar tranquilamente algum espetáculo inédito oferecido pela natureza.
De repente, chegamos ao lago Acará. Descobrimos o ponto perfeito para encostar. Voltamos os olhos em direção ao horizonte a fim de observar o pôr do sol. Nesse momento, no azul do céu, as nuvens exibiam uma coloração cor-de-rosa. As copas das árvores verde-escuras pareciam formar desenhos, tendo como fundo a claridade ainda presente, ao mesmo tempo em que se refletiam no tranquilo espelho d’água do lago como se quisessem ser reproduzidas por pintores inspirados.
Pouco a pouco, as cores das nuvens se transformaram, ganharam a tonalidade salmão, depois circularam entre as nuances bege, marrom, cinza, até finalmente se perderem na escuridão. Tímidas estrelas começaram a surgir. Identificamos algumas constelações conhecidas. Outras não. O crepúsculo cedeu lugar à noite que se aproximava.
Estrelas cintilavam enquanto astros exibiam sua luminosidade. Sem que percebêssemos dominaram o firmamento. A claridade de Júpiter era tamanha que se refletia nas águas como se fosse um longo pêndulo luminoso. Porém, quem roubou a cena foi a Lua, dama celeste que surgiu envolta em alaranjados brilhos. Não se mostrou inteiramente. Estava apenas iniciando sua fase crescente. Mesmo assim, podia-se perceber sua forma integral, graças ao brilho de um anel que se formava completando um fino círculo ao seu redor. Ficou claro que era ela a rainha da noite.
De repente, avistamos várias estrelas cadentes. Ledo engano! Eram apenas satélites artificiais que descreviam suas órbitas em torno da terra, rápidos e luminosos. Com a ajuda do binóculo e do programa Starlight, conseguimos identificar quatro dos satélites de Júpiter: Io, Europa, Ganimedes e Calixto, os mesmos observados por Galileu Galilei no século XVII. Constelações inexpressivas a olho nu tornavam-se enormes, repletas de brilhos. Até crateras da Lua foram registradas. Que maravilha!
Não vimos os jacarés porque o rio, volumoso nessa época, encobria as pedras onde eles costumavam se instalar. No entanto, ficamos até altas horas apreciando a beleza do céu, ouvindo o silêncio da noite e o coral dos grilos, cigarras, pererecas e sapos. Para completar, aves e outros animais formavam uma orquestra com estranhos sons. Vivemos momentos sublimes de felicidade.
Na vida também acontecem situações semelhantes. Às vezes, fazemos planos que não são realizados. Contudo, existe uma força cósmica que nos encaminha para outra direção, e tudo ocorre de maneira completamente diferente do esperado. Se o nosso diapasão está em harmonia com o resto do Planeta, bons fluídos virão.
Inebriada com tamanho esplendor, experimentei divinas emoções. Eu nada mais era que um minúsculo ser diante de um universo repleto de galáxias inatingíveis. Todavia, senti-me importante. Fui dominada por um indescritível sentimento de grandeza, orgulhosa de habitar um mundo encantador e pertencer ao infinito misterioso construído pelo Criador com o mágico poder das suas mãos celestiais. 
(Alba Dayrell, membro – Academia Feminina de Letras e Artes/Aflag, União Brasileira dos Escritores/UBE, professora 
aposentada/UFG)
VEJA MAIS FOTOS DO POR-DO-SOL NO RIO ARAGUAIA  (GLOOGLE IMAGENS):

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