Pinheiros e Tietê poderiam ser fonte de água para São Paulo, dizem especialistas
Por - iG São Paulo |
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Falta de saneamento impede uso dos rios como alternativa em época seca. Uso da bacia do Ribeira também é opção
O uso dos rios Pinheiros e Tietê poderia ser uma alternativa para reforçar o abastecimento de água de São Paulo, não fosse a inviabilidade provocada pela poluição e falta de saneamento, na avaliação de especialistas consultados pelo iG. “As possibilidades são poucas, por isso precisamos cuidar melhor dos rios em vez de transformá-los em condutores de esgoto”, afirma o presidente executivo da ONG Trata Brasil, Édison Carlos.
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Atualmente o abastecimento da região metropolitana de São Paulo depende do sistema Cantareira, que está com nível de água em queda desde o fim do ano passado. Na terça-feira (18), o volume armazenado ficou abaixo de 15% pela primeira vez na história. Na sexta-feira, está em 14,5%.
Veja imagens do sistema Cantareira:
À medida que se distancia da Grande São Paulo, o rio Tietê se torna mais limpo, em parte pela água que recebe dos afluentes, e é utilizada para abastecer cidades do interior. “O sistema Cantareira foi idealizado por quê? Pinheiros e Tietê não suportavam mais fornecer água por conta da poluição, e da vazão que não tinham para dar conta da demanda”, diz José Cezar Saad, coordenador de projetos do Consórcio Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ).
As ligações clandestinas de esgoto que deságuam nos rios prejudicam o saneamento a curto e médio prazo, aponta o professor João Luiz Boccia Brandão, do departamento de hidráulica e saneamento da escola de engenharia de São Carlos da USP. Ele não vê possibilidade de tratamento do Tietê para consumo como água potável na região metropolitana de São Paulo. "São águas já muito poluídas. Para chegar a uma qualidade compatível com a potabilidade seria um custo exorbitante. É inviável técnica e economicamente."
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A Sabesp informa que atualmente há 564 obras do Projeto Tietê em 25 municípios em execução ou em fase de contratação. A companhia indica que atua há mais de 20 anos no esgotamento sanitário do rio e lembra que a Inglaterra investiu cem anos na limpeza do Tâmisa, que ainda hoje demanda investimentos.
Outras alternativas
A criação de pequenos reservatórios municipais, capazes de abastecer mais de uma cidade, poderia ser também uma solução. No caso de São Paulo, seria esta a aplicação para armazenar a água do Pinheiros e do Tietê. “É extremamente necessária a construção de novos reservatórios municipais pequenos, para dotar municípios de fonte extra de água”, afirma Saad. No interior, existe hoje um compartlhado por Vinhedo e Valinhos, por exemplo, que ajuda a amenizar os efeitos da seca. Ainda assim, as duas cidades enfrentam racionamento neste verão.
A criação de pequenos reservatórios municipais, capazes de abastecer mais de uma cidade, poderia ser também uma solução. No caso de São Paulo, seria esta a aplicação para armazenar a água do Pinheiros e do Tietê. “É extremamente necessária a construção de novos reservatórios municipais pequenos, para dotar municípios de fonte extra de água”, afirma Saad. No interior, existe hoje um compartlhado por Vinhedo e Valinhos, por exemplo, que ajuda a amenizar os efeitos da seca. Ainda assim, as duas cidades enfrentam racionamento neste verão.
As águas do rio Paraíba do Sul, que cortam o Vale do Paraíba em direção ao Rio de Janeiro, podem contribuir no abastecimento paulista. O rio, no entanto, é a principal fonte de água para a população fluminense. Esta semana, no entanto, o governador Geraldo Alckmin anunciou uma obra de integração entre o sistema Cantareira e a represa Jaguari, na bacia Paraíba do Sul. A obra deve ficar pronta em 2015.
É no Vale do Ribeira que está a principal alternativa para a região metropolitana. Em 1960, na época em que decidiu-se pela criação do sistema Cantareira, que custaria US$ 1 bilhão, havia a proposta de construir sete reservatórios na região, por US$ 6 bilhões. O governo do Estado está investindo no sistema produtor de água São Lourenço, previsto para operar a partir de 2018. Cerca de 1,5 milhão de moradores do oeste e sudoeste paulista devem ser atendidos, incluindo condomínios residenciais como Alphaville, Tamboré e Granja Viana.
"É uma região de muita água que ainda não foi usada", diz Carlos, do Trata Brasil. Para o professor da Unicamp Antonio Carlos Zuffo, a vazão da nova obra será insuficiente para atender a demanda da região. A previsão é que a obra amplie a capacidade de produção de água em 4,7 mil litros por segundo. Porém, segundo ele, se o ciclo de seca se mantiver, a perda do Cantareira pode chegar a 7 mil litros por segundo.
Dentro de casa
As soluções para amenizar as consequências da seca estão não só no planejamento dos governos mas também dentro das casas dos usuários. Para Zuffo, da Unicamp, a cobrança da tarifa por domicílio seria capaz de provocar forte redução no consumo. A Sabesp depende de leis municipais para aplicar este tipo de cobrança. Segundo Zuffo, na classe C, o consumo tem potencial de queda de 30%. Nos domicílios de classe B, a redução é de 5%.
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