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31 de março de 2014

Curso sobre o bom uso e conservação da água - em Brasília/DF


Maiores informações aqui

O Ministério do Meio Ambiente (MMA) realiza nos dias 31/03 e 01/04, em Brasília, o primeiro curso de capacitação sobre Uso e Conservação da Água em Edifícios Públicos. A iniciativa, promovida pelo programa Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P), tem o objetivo de facilitar a implantação de ações de sustentabilidade no uso da água nos órgãos públicos e promover agentes multiplicadores.
O professor titular da Universidade de São Paulo e diretor do Centro Internacional de Referência em Reúso de Água (CIRRA/IRCWR), Ivanildo Hespanhol, ministrará o curso para 50 participantes, numa parceria com a Divisão de Capacitação, Treinamento e Desenvolvimento (DICAD/MMA) e Fundação de Estudos e Pesquisas Aquáticas (Fundespa). O curso terá a duração de 16 horas e contará com um manual de orientação elaborado, especialmente, para prédios públicos.

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28 de março de 2014

Recado dos Boitatás (o teatrinho de Sacisperto e Sacimeiga) – Clarice Villac, desenho de Vlad Camargo

Sacisperto&Sacimeiga - Fantoches 26-03-2014 aniv Cla_cor_credito_net
Recado dos Boitatás (o teatrinho de Sacisperto e Sacimeiga)
………………………………………………………. 
                                                         Clarice Villac, desenho de Vlad Camargo

U U U U U U U
Nós somos as mensageiras
dos terríveis Boitatás.
Cuidado com as fogueiras
o mato está ressecado !
Ouçam bem este recado.
Contem pra turma inteira !

U U U U U U U
Em queimadas, nem pensar !
Incêndios na Natureza
matam tudo, num piscar !
Os bichos e seus filhotes,
nem adianta dar pinotes…
Vamos todos alertar !

U U U U U U U
Trazemos estes avisos
dos lendários Boitatás.
Não fiquemos indecisos !
Horizonte sem fumaças,
florestas sem ameaças.
Frutas, bichos e sorrisos !


Numa manhã de domingo, Sacisperto e Sacimeiga ouviram chegar no vento risadas das crianças, lá para os lados do Parque dos Ipês.

Montaram em redemoinhos e foram ver, havia uma grande tenda enfeitada, crianças reunidas e adultos contando histórias, com fantoches, bonecos, figuras, vestes engraçadas…

Os sacis se divertiram muito, e ninguém percebeu que havia muitas nuvens escuras chegando. Como era verão, de repente trovejou, ventou e uma pancadona de chuva despencou, pegando todos de surpresa. As pessoas trataram de ir se abrigar, e na correria, arrumando tudo às pressas, deixaram espalhados alguns bonecos de fantoche, que caíram numa moita verdinha e florida de lantanas. E qual não foi a alegria de Sacisperto e Sacimeiga quando descobriram essas simpáticas cobrinhas de pano colorido !

E foi assim que este teatrinho dos Boitatás aconteceu.
_______________

http://www.sacisperto-e-sacimeiga.com.br/

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27 de março de 2014

OS RIOS ESTÃO MORRENDO...POLUIÇÃO, DESMATAMENTO, ESGOTOS E AGORA AS SECAS...

Taqui Pra Ti

Ana e os ladrões de água

Eu sou a água / que mata a sede /
onde eu não estiver / você se lembra de mim.
Aturi Kaiabi
O mundo inteiro, hoje, está lembrando dela pela falta que faz, mesmo no Brasil, dono de 16% dos rios do planeta. Os rios estão morrendo. Poluição, desmatamento, esgotos e agora a seca de dois verões consecutivos no Sul e no Sudeste provocam escassez de água, que já desapareceu de torneiras da Grande São Paulo. É grave a crise de abastecimento. Os governadores de SP e do RJ promoveram o maior arranca-rabo por causa do plano paulista de bombear o rio Paraíba do Sul para os reservatórios de São Paulo. Parece que chegou a hora da onça beber água.
A viabilidade do plano está aguardando parecer técnico da Agência Nacional de Águas (ANA), já que o Paraíba do Sul, que corre em três estados, é rio federal. No entanto, a guerra verbal da água já fez sua primeira vítima: o governador Alckmin recebeu dos cariocas o título de “ladrão de água”, no sábado, 20 de março, quando se celebra o Dia Mundial da Água, criado pela ONU por decisão da Conferência Rio 92 para conscientizar sobre a necessidade de proteger rios, fontes e suprimentos de água potável. De lá para cá, muita água rolou embaixo da ponte.
O uso inadequado dos recursos hídricos fez com que se começasse a buscar aqueles que mantém relação sadia entre natureza e tecnologia. O conhecimento de índios, povos da floresta, ribeirinhos, quilombolas e  caiçaras começou a ser olhado com interesse e respeito, sem preconceito epistemocêntrico. O legado deles mostra que águas passadas podem mover moinhos sim senhor. Um exemplo está no Livro das Águas’, organizado por Maria Cristina Troncarelli, editado pelo Instituto Sociambiental (ISA)  e escrito por professores indígenas do Parque do Xingu.
Livro das águas
Um desses professores é Aturi, da aldeia Tuiararé, onde vivem  250 índios Kaiabi, falantes de Kawaiwete, língua da família Tupi-Guarani. Ele alfabetiza as crianças na língua materna e ensina o português como segunda língua, além de realizar pesquisas com seu colega Pikuruk Kaiabi no Projeto de Documentação de Línguas Indígenas (PRODOCLIN) do Museu do Índio, desenvolvido com apoio da UNESCO. Essa língua, cuja descrição fonética e fonológica está sendo feita, guarda saberes úteis à humanidade.
-  Nos meses de setembro e outubro, as cigarras cantam e os primeiros trovões anunciam a chegada das chuvas aos índios do Xingu, que se preparam para receber a água que cai do céu. Nos últimos anos, porém, esses sinais não são mais confiáveis. Os insetos não têm mais força para chamar a chuva. As cigarras cantam e cantam, o dia inteiro, mas a chuva não vem.
Aturi está preocupado com os rios moribundos, cuja agonia já está provocando mudanças climáticas no Xingu, com repercussões sobre a fauna e a flora. Ele conta que o mutum, pássaro que era abundante no Parque Indígena, está desaparecendo. “Antes a gente ouvia o mutum cantar todas as noites. Agora ninguém mais ouve o canto deles. A jacutinga também era uma ave muito comum aqui, mas hoje ela sumiu”.
- Nós moramos na beira do rio. Nossa rua é o Rio Xingu, que é nossa vida. Na piracema, os peixes sobem o rio para desovar em pequenos lagos. Os peixinhos ficam ali esperando o nível da água subir para voltar ao rio e crescer lá. Hoje, o rio demora tanto a subir que o lago seca e peixinhos acabam morrendo antes. É muito triste”.
Rios moribundos
A classificação das águas feita pelos Kaiabi já não é mais aquela que é  cantada pela poeta amazonense Astrid Cabral:
Tem água cor de café / tem água cor de cajá / tem água cor de garapa / tem água que nem guaraná.
A cor da água e sua qualidade estão se alterando. Levantamento feito pela Fundação SOS Mata Atlântica em 96 rios, lagos e igarapés de sete estados do Sul/Sudeste registra que a água de 40% deles apresenta qualidade péssima ou ruim, 49% estão em situação regular e apenas 11% podem ser consideradas de boa qualidade. No Rio, a situação é mais dramática. Coletas realizadas entre março de 2013 e fevereiro de 2014 indicam que 100% das águas estão em condições ruins ou regulares.
O Rio Guandu recebe um bilhão de litros de esgoto doméstico. É cocô que não acaba mais. O esgoto doméstico não tratado, as atividades industriais à beira de rios, o uso de agrotóxicos, os produtos químicos lançados nas redes públicas de coleta de água, o lixo, o desmatamento, a erosão e a redução da faixa de preservação da mata ciliar permitida pelo Código Florestal – tudo isso mostra, como quer a poeta Astrid, que “A água doce / não é tão doce / antes fosse”.
O engenheiro Gilberto Menezes Moraes, um  baiano arretado que é professor da Uerj, conta que quando era professor da PUC, seu colega José Carlos Sussekind, ex-Secretário Extraordinário do governo Brizola,  advertia que no futuro as guerras por água seriam uma constante. O futuro chegou.
- Você já construiu o seu reservatório extra, no banheiro e na área de serviços? Faça. E cuidado com os ladrões de água – ironiza Gilberto.
Daqui pra frente, a ANA vai ter muito trabalho. E eu aqui pensando no futuro da Ana.

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FALTA DE ÁGUA...ANTES DE CULPAR A NATUREZA VAMOS TER MAIS SERIEDADE E COMPROMETIMENTO

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Mais uma vez a culpa da falta de planejamento e gestão ambiental é transferida para a natureza. É o que afirmam os gestores públicos pelo atual racionamento no abastecimento de água pelo Sistema Cantareira, principal manancial de abastecimento da Grande São Paulo, a beira de um colapso.

As condições climáticas fizeram os reservatórios de Jaguari e Jacareí atingir, pela primeira vez na história, nível abaixo dos 10% de sua capacidade. Em virtude dos volumes insuficientes nas represas, a Agência Nacional de Águas (ANA) e o Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo (DAEE) instituíram o Grupo Técnico de Assessoramento para gestão do Sistema Cantareira (GTAG-Cantareira), cuja finalidade é proporcionar uma administração diferenciada do armazenamento do Sistema.
 
Também fazem parte do GTAG: representantes da Sabesp, do Comitê das Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (Comitê PCJ) e do Comitê da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê (CBH-AT). Os Ministérios Públicos Estadual e Federal estão investigando se os governos federais e estaduais estão tomando medidas desproporcionais para evitar o racionamento, continuam tirando mais água do sistema, além do limite que prevê a outorga.noticia-sistema-cantareira-2

Enquanto o Ministério Público aponta o racionamento como medida necessária e até benéfica do ponto de vista da educação ambiental, para que a população aprenda a utilizar a água com parcimônia, os gestores públicos colocam a culpa na natureza. Não reconhecem é que de fato o problema vem à tona pela falta de chuvas momentânea.

Esse contexto se justifica, substancialmente, por um conjunto de condições ambientais desfavoráveis, como contaminação e impermeabilização excessiva do solo, falta de planejamento urbano, ocupações irregulares, falta de saneamento básico, inoperância do poder público, ausência de fiscalização, falta de consciência da população, lixo por todo o canto. Além disso, as desigualdades econômicas e sociais tornam as populações de baixa renda mais desfavorecidas, com graves consequências para a saúde e qualidade de vida da população. 

Enquanto não houver um reconhecimento da necessidade de lidar com todas essas questões de maneira séria e comprometida, convocando a participação efetiva de toda a sociedade, a conservação da água continuará única de São Pedro.
http://www.masterambiental.com.br/artigos/vai-faltar-agua-e-a-culpa-e-da-natureza

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CIENTISTAS DA UNESP DE BOTUCATU (SP) APRIMORAM MÉTODO PARA DETECTAR MERCÚRIO EM PEIXES

Grupo da Unesp analisou animais coletados na área de influência da usina hidrelétrica de Jirau, no Rio Madeira (foto: divulgação)

Pesquisa aprimora método de detecção de mercúrio em peixes

27/03/2014
...o mercúrio é encontrado em rios amazônicos como resquício da atividade de mineração e, em alguns pontos, como ocorrência natural. Essa presença afeta a fauna aquática e pode atingir humanos que consomem o pescado com mercúrio.

Por Fabio Reynol
Agência FAPESP – Metal potencialmente tóxico e com capacidade de se acumular no organismo, o mercúrio é encontrado em rios amazônicos como resquício da atividade de mineração e, em alguns pontos, como ocorrência natural. Essa presença afeta a fauna aquática e pode atingir humanos que consomem o pescado com mercúrio.
Iniciado em 2011, um projeto coordenado pelo Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Botucatu (SP), utilizou ferramentas da biologia molecular para aprimorar métodos de detecção de mercúrio nos principais peixes consumidos na bacia do rio Madeira, em Rondônia.
Com apoio da FAPESP, na modalidade Auxílio à Pesquisa – Regular, o projeto “Desenvolvimento de métodos analíticos para estudo metalômico do mercúrio em peixes coletados na área de influência do AHE Jirau Bacia do Rio Madeira” analisou três espécies de peixes entre as mais consumidas na região: dourada (Brachyplatystoma rousseauxii), pacu (Mylossoma sp. Myleus sp. ) e jaraqui (Semaprochilodus sp. ).
Esse trabalho continuou o aprimoramento de técnicas trabalhadas em outro projeto, “Desenvolvimento de metodologias analíticas para avaliação de metaloproteínas de tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus)”, outro Auxílio à Pesquisa –-Regular FAPESP, realizado de 2008 a 2010, com peixes dessa espécie encontrados no Estado de São Paulo.
Desta vez, o estudo se restringiu aos peixes coletados na área de influência da usina hidrelétrica de Jirau, que represou em 2010 parte do rio Madeira em um trecho a 120 quilômetros de Porto Velho (RO). “Esse tipo de construção altera a dinâmica do rio, podendo disponibilizar espécies mercuriais que estavam inertes no leito do rio e podem ser absorvidas pela biota aquática”, explicou o químico Pedro de Magalhães Padilha, professor da Unesp e coordenador do projeto.
De acordo com Padilha, o trabalho conseguiu otimizar os métodos de especiação de metais por meio de uma área do conhecimento recente, a metalômica. União da proteômica com técnicas de detecção de metais, a metalômica procura verificar a distribuição das espécies metálicas e metaloides e elucidar aspectos fisiológicos e funcionais das biomoléculas que contenham íons metálicos em suas estruturas.
Padilha disse que há duas maneiras de uma proteína carrear metais. A primeira é quando o metal faz parte da própria molécula de proteína – caso da hemoglobina, metaloproteína que possui átomos de ferro utilizados para transportar oxigênio.
A outra maneira de transporte é quando o metal ou metaloide se liga à proteína por ligações não específicas, formando uma proteína denominada metal-binding. É desse último grupo que a equipe de pesquisa elegeu proteínas capazes de atuar como possíveis biomarcadores da presença de mercúrio nos peixes.
“Identificamos oito tipos de proteínas e 16 isoformas como fortes candidatas a biomarcadores”, informou o professor. Isoformas são proteínas com mesma função, porém, codificadas por genes distintos e que apresentam pequenas diferenças em suas sequências peptídicas. A definição de um biomarcardor eficaz ocorrerá em uma próxima etapa do trabalho. Neste projeto, os pesquisadores aprimoraram os métodos de estudo metaloproteômico do mercúrio, segundo o professor da Unesp.
A rotina de pesquisa iniciava-se em Rondônia com a captura dos peixes, execução de biometria e a retirada de tecidos muscular e hepático para as análises. As amostras eram congeladas a -190°C em nitrogênio líquido e enviadas à Unesp. Nos laboratórios em Botucatu, os pesquisadores enfrentaram uma das partes mais complicadas do trabalho, a extração das proteínas.
“O desafio é extrair a proteína sem destruir nem alterar sua estrutura, ainda que isso implicasse a destruição do tecido que a continha”, contou Padilha. Optou-se por um método simples, a maceração do tecido em nitrogênio líquido e em água ultrapura.
A solução aquosa obtida passava por eletroforese bidimensional e depois por fluorescência de raios X por radiação síncrotron, etapa realizada nas instalações do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), em Campinas (SP).
O trabalho fez um mapeamento qualitativo que determinou os chamados spots proteicos ou possíveis proteínas que continham mercúrio. A determinação quantitativa do mercúrio nos spots proteicos foi feita por espectrometria de absorção atômica em forno de grafite e a realização de cálculos estequiométricos complexos. Por isso, um dos resultados da pesquisa foi o aperfeiçoamento de uma nova tecnologia para determinação de mercúrio, publicada no Food Chemistry em dezembro de 2013.
Uma das revelações mais importantes do projeto foi a especial relação do mercúrio com as proteínas pequenas. O metal foi encontrado principalmente nas proteínas de baixa massa molar, que seriam as suas principais carreadoras e mais fortes candidatas a biomarcadores.
Já as células do tecido hepático são particularmente importantes para esse estudo porque, na presença de alguns metais, o fígado produz as chamadas metalotioneínas, proteínas detoxificadoras e diretamente relacionadas à presença de metais no organismo.
Nos animais estudados no projeto não foram encontradas quantidades de mercúrio igual ou superior a 500 microgramas por quilo de carne, limite máximo estipulado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para esse metal.
No entanto, Padilha alertou para os efeitos no longo prazo. “Devemos considerar que, quando um metal se ligou a uma proteína, é porque ele deslocou algum elemento essencial que poderá fazer falta no organismo”, disse.
Além disso, o pesquisador lembra que o mercúrio, assim como metais semelhantes, tem a propriedade de se acumular no organismo, provocando efeitos na saúde quando atinge quantidades maiores com o passar do tempo.
Mercúrio no leite materno
Até o momento, o projeto de pesquisa produziu quatro artigos científicos publicados e a tese de doutorado “Desenvolvimento de métodos analíticos para estudo metalômico do mercúrio em peixes coletados na área de influência do AHE Jirau, Bacia do Rio Madeira”, da bióloga Paula Martin de Moraes que recebeu bolsa FAPESP na modalidade Doutorado Direto.
O trabalho também rendeu a pesquisa de mestrado “Estudo metaloproteômico do mercúrio em amostras de tecido hepático de peixes coletados na área de influência do AHE Jirau - Bacia do Rio Madeira”, do biólogo José Cavalcante Souza Vieira, também bolsista FAPESP. Ambos foram orientados por Padilha.
Felipe André dos Santos participou do projeto analisando, em seu doutorado, outro tipo de amostra. Em vez de peixes, Santos aplicou técnicas de metalômica no leite materno coletado entre a população ribeirinha do Rio Madeira, com o objetivo de detectar traços de mercúrio e encontrar biomarcadores para o metal.
A investigação gerou a tese “Estudo metalômico do mercúrio em leite materno coletado da população ribeirinha da área de influência do AHE Jirau - Bacia do Rio Madeira”. “A proposta se baseou na hipótese de que a população ribeirinha, por consumir mais pescado do rio em relação à população urbana, estaria mais sujeita ao mercúrio encontrado nos peixes”, explicou Padilha, que também orientou Santos.
Como no projeto maior, o objetivo da pesquisa de Santos consistiu em identificar proteínas responsáveis pelo transporte de mercúrio, só que por meio de amostras de leite materno. Inicialmente, o estudante selecionou as lactantes que estavam contaminadas por mercúrio. Essa etapa foi executada analisando-se o cabelo das mulheres que estavam amamentando, uma vez que os cabelos têm a propriedade de acumular metais potencialmente tóxicos.
Depois, foram analisadas amostras de leite do grupo que teve a contaminação confirmada. Santos obteve o proteoma de cada amostra por meio de eletroforese bidimensional e, após submeter o material a outras técnicas analíticas, ele selecionou proteínas nas quais o mercúrio se mostrou presente. Esse trabalho levantou a proteína lisozima C como um possível biomarcador do mercúrio.
O projeto de pesquisa coordenado por Padilha contou com a participação de especialistas da Universidade Federal de Rondônia (Unir), Universidade de Brasília (UnB), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-Goiás) e da Energia Sustentável do Brasil (ESBR), consórcio que administra a usina hidrelétrica de Jirau. AGÊNCIA FAPESP

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MPF-RJ MOVE AÇÃO CONTRA AS OBRAS DO MOLHE DA BARRA FRANCA DE SAQUAREMA (RJ) POR JOGAR ESGOTOS NO MAR

Lagoa de Saquarema, Saquarema - Rio de Janeiro
Lagoa de Saquarema, Saquarema – Rio de Janeiro. Foto: Mapa de Cultura do Estado do Rio de Janeiro

MPF/RJ move ação para evitar obra que ligará Lagoa de Saquarema ao oceano

Publicado em março 27, 2014 por 

O Ministério Público Federal em São Pedro da Aldeia (MPF/RJ) moveu ação civil pública, com pedido de liminar, para assegurar os devidos estudos e relatório de impacto ambientais (EIA/Rima) para a obra que irá abrir um canal permanente de ligação entre a Lagoa de Saquarema e o oceano, conhecida como molhe da Barra Franca de Saquarema. O projeto custará aos cofres públicos cerca de R$ 52 milhões e tem previsão para ser concluído em 570 dias.
Após investigações, o MPF/RJ constatou que a expedição de licença para a realização da obra foi embasada em estudos realizados há mais de 13 anos. Além de desatualizado, o EIA/RIMA que liberou o projeto já foi objeto de diversas críticas, após análise realizada pelo corpo técnico da Procuradoria-Geral da República, em Brasília.
Diante disso, o MPF/RJ pede que seja declarada suspensa a licença que liberou a obra, bem como seja interrompido o projeto pela empresa que ganhou a licitação – Carioca Christiani-Nielsen Engenharia. Além disso, o MPF/RJ quer que a empresa remova todo material despejado nas areias da Praia de Itaúna e sobre a área de restinga, onde foi montado o canteiro de obras.
Já o Instituto Estadual do Meio Ambiente (Inea) não deve expedir qualquer tipo de licença até a elaboração de um novo EIA/RIMA, levando em consideração os apontamentos realizados pelo MPF, principalmente quanto ao crescimento populacional da cidade, bem como os impactos ao meio ambiente ocasionados pela lançamento de esgoto in natura diretamente ao mar.
Irregularidades – De acordo com análise do MPF/RJ, o EIA/RIMA usado para liberar a obra pelo INEA está repleto de irregularidades. O trabalho não define com precisão as áreas de influência direta e indireta do empreendimento, nem apresenta um diagnóstico completo da situação ambiental presente, já que foi realizado há mais de uma década.
O estudo não propõe, por exemplo, medidas mitigadoras e compensatórias para os impactos negativos sobre a praia de Itaúna, que terá perda na qualidade da água, e sobre as residências com risco de alagamento após a abertura da “Barra Franca”, que poderá elevar o nível da lagoa em até 1,05m. Outro impacto direto para a população é que a velocidade das correntes serão alteradas, causando riscos para os banhistas.
Apesar de todos os impactos da obra, não será resolvido um grande problema da região, que é o lançamento de esgotos nos rios da bacia hidrográfica e na lagoa de Saquarema. “Não se pode ignorar que um empreendimento dessa magnitude merece atenção especial, tendo em vista a sua complexidade e os impactos ambientais gerados”, alerta o procurador da República Paulo Henrique Ferreira Brito, autor da ação.
Fonte: Procuradoria da República no Estado do Rio de Janeiro
EcoDebate, 27/03/2014

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ESPECIALISTAS DEFENDEM O USO DOS RIOS PINHEIROS E TIETÊ PARA ABASTECER SÃO PAULO



Pinheiros e Tietê poderiam ser fonte de água para São Paulo, dizem especialistas

Por Clarice Sá - iG São Paulo 

Falta de saneamento impede uso dos rios como alternativa em época seca. Uso da bacia do Ribeira também é opção

O uso dos rios Pinheiros e Tietê poderia ser uma alternativa para reforçar o abastecimento de água de São Paulo, não fosse a inviabilidade provocada pela poluição e falta de saneamento, na avaliação de especialistas consultados pelo iG. “As possibilidades são poucas, por isso precisamos cuidar melhor dos rios em vez de transformá-los em condutores de esgoto”, afirma o presidente executivo da ONG Trata Brasil, Édison Carlos.
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Atualmente o abastecimento da região metropolitana de São Paulo depende do sistema Cantareira, que está com nível de água em queda desde o fim do ano passado. Na terça-feira (18), o volume armazenado ficou abaixo de 15% pela primeira vez na história. Na sexta-feira, está em 14,5%.
Veja imagens do sistema Cantareira:
Sistema Cantareira tem o menor nível em duas décadas. Foto: Patricia Stavis
4/10
À medida que se distancia da Grande São Paulo, o rio Tietê se torna mais limpo, em parte pela água que recebe dos afluentes, e é utilizada para abastecer cidades do interior. “O sistema Cantareira foi idealizado por quê? Pinheiros e Tietê não suportavam mais fornecer água por conta da poluição, e da vazão que não tinham para dar conta da demanda”, diz José Cezar Saad, coordenador de projetos do Consórcio Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ).
As ligações clandestinas de esgoto que deságuam nos rios prejudicam o saneamento a curto e médio prazo, aponta o professor João Luiz Boccia Brandão, do departamento de hidráulica e saneamento da escola de engenharia de São Carlos da USP. Ele não vê possibilidade de tratamento do Tietê para consumo como água potável na região metropolitana de São Paulo. "São águas já muito poluídas. Para chegar a uma qualidade compatível com a potabilidade seria um custo exorbitante. É inviável técnica e economicamente."
Mais:
A Sabesp informa que atualmente há 564 obras do Projeto Tietê em 25 municípios em execução ou em fase de contratação. A companhia indica que atua há mais de 20 anos no esgotamento sanitário do rio e lembra que a Inglaterra investiu cem anos na limpeza do Tâmisa, que ainda hoje demanda investimentos.
Outras alternativas
A criação de pequenos reservatórios municipais, capazes de abastecer mais de uma cidade, poderia ser também uma solução. No caso de São Paulo, seria esta a aplicação para armazenar a água do Pinheiros e do Tietê. “É extremamente necessária a construção de novos reservatórios municipais pequenos, para dotar municípios de fonte extra de água”, afirma Saad. No interior, existe hoje um compartlhado por Vinhedo e Valinhos, por exemplo, que ajuda a amenizar os efeitos da seca. Ainda assim, as duas cidades enfrentam racionamento neste verão.
As águas do rio Paraíba do Sul, que cortam o Vale do Paraíba em direção ao Rio de Janeiro, podem contribuir no abastecimento paulista. O rio, no entanto, é a principal fonte de água para a população fluminense. Esta semana, no entanto, o governador Geraldo Alckmin anunciou uma obra de integração entre o sistema Cantareira e a represa Jaguari, na bacia Paraíba do Sul. A obra deve ficar pronta em 2015.
É no Vale do Ribeira que está a principal alternativa para a região metropolitana. Em 1960, na época em que decidiu-se pela criação do sistema Cantareira, que custaria US$ 1 bilhão, havia a proposta de construir sete reservatórios na região, por US$ 6 bilhões. O governo do Estado está investindo no sistema produtor de água São Lourenço, previsto para operar a partir de 2018. Cerca de 1,5 milhão de moradores do oeste e sudoeste paulista devem ser atendidos, incluindo condomínios residenciais como Alphaville, Tamboré e Granja Viana. 
"É uma região de muita água que ainda não foi usada", diz Carlos, do Trata Brasil. Para o professor da Unicamp Antonio Carlos Zuffo, a vazão da nova obra será insuficiente para atender a demanda da região. A previsão é que a obra amplie a capacidade de produção de água em 4,7 mil litros por segundo. Porém, segundo ele, se o ciclo de seca se mantiver, a perda do Cantareira pode chegar a 7 mil litros por segundo.
Dentro de casa
As soluções para amenizar as consequências da seca estão não só no planejamento dos governos mas também dentro das casas dos usuários. Para Zuffo, da Unicamp, a cobrança da tarifa por domicílio seria capaz de provocar forte redução no consumo. A Sabesp depende de leis municipais para aplicar este tipo de cobrança. Segundo Zuffo, na classe C, o consumo tem potencial de queda de 30%. Nos domicílios de classe B, a redução é de 5%. 
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