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31 de maio de 2009

É NO DOMINGO, DIA 7 DE JUNHO O "ABRAÇO GUARAPIRANGA 2009"



Abraço Guarapiranga 2009 vai acontecer no dia 7 de junho


EU VOU...VOCÊ VAÍ?


Publicado por Redação do ISA - 28/5/2009

Em sua quarta edição, o Abraço Guarapiranga vai reunir a população em torno da represa para aumentar a pressão por investimentos em ações de recuperação e preservação do manancial e analisar o que o poder público vem fazendo. Diversas atividades estão previstas além do abraço simbólico. Confira e participe!

O Abraço Guarapiranga 2009 vai acontecer no dia 7 de junho, encerrando a Semana do Meio Ambiente. É uma oportunidade para exercer nossa cidadania em benefício do manancial que abastece quase quatro milhões de pessoas em São Paulo. Da mesma forma que em anos anteriores, o Abraço Guarapiranga 2009 é aberto a todos e pretende reunir os moradores da região e consumidores de água como forma de expressar o carinho com a centenária represa, protestar pela situação de degradação em que se encontra e pressionar por mudanças que garantam a preservação das fontes de água.

A Represa de Guarapiranga abastece 3,8 milhões de pessoas na Grande São Paulo. Apesar da importância para o abastecimento público, sua situação é preocupante pois é o mais ameaçado entre os mananciais que fornecem água para a maior metrópole do País. Sua bacia hidrográfica está ocupada de forma desordenada e apresenta em muitas áreas alta densidade populacional.

A população que vive ao redor da represa é estimada em 800 mil pessoas, e apenas metade dela conta com algum sistema de coleta de esgotos. Além disso, a maioria do esgoto coletado continua sendo despejado na represa, fazendo com que a qualidade das águas dos rios e a da própria represa piorem ano a ano. A Guarapiranga sofre ainda com o assoreamento de suas margens, diminuição do espelho d'água, desmatamento e uso intensivo do solo, ademais dos impactos gerados pela construção do Trecho Sul do Rodoanel.

A reversão do quadro de degradação da represa, portanto, não é uma tarefa de fácil ou rápida solução. Para tanto, é necessário o envolvimento permanente de diferentes segmentos do governo e da sociedade em ações integradas e efetivas, que valorizem e protejam a produção de água para abastecimento público. Neste processo, cada setor da sociedade tem sua respectiva parcela de responsabilidade. O papel do cidadão, consumidor de água, passa por usar o recurso de forma racional e pressionar o poder público para que assuma responsabilidades e invista em ações de recuperação e proteção do manancial. Exerça sua cidadania e participe.

Este ano, o abraço acontecerá em três pontos diferentes, como no ano passado. Veja abaixo:

Parque Ecológico da Guarapiranga

Estrada do Riviera, 3 286

10h – Concentração - Jardim Ângela

11h - Missa na Igreja dos Santos Mártires, Rua Luís Baldinato, 9

12h – Abraço às margens da represa no Parque Ecológico

:: Solo Sagrado

Estrada do Jaceguai, 6 567 - Parelheiros

10h – Concentração

Plantio de árvores

Feira de boas práticas

Dança

12h – Abraço simbólico às margens da represa

:: Barragem

Av. Robert Kennedy, altura do nº 1 170, em frente ao 102º DP

10h – Início das atividades

12h – Abraço

Diversas atividades culturais e recreativas

Como chegar e demais informações de cada um dos pontos do abraço estão disponíveis em http://www./

Domingo, dia 7 de junho

O abraço acontece às 12hs. Participe!

(Envolverde/ISA)

© Copyleft - É livre a reprodução exclusivamente para fins não comerciais, desde que o autor e a fonte sejam citados e esta nota seja incluída.


VEJA O SOS RIOS DO BRASIL NO ABRAÇO GUARAPIRANGA 2008
2 de Junho de 2008http://sosriosdobrasil.blogspot.com/2008/06/nossa-presena-no-3-abrao-guarapiranga.html">NOSSA PRESENÇA NO ABRAÇO GUARAPIRANGA 2008
ABRAÇO GUARAPIRANGA 2008



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SEMANA DO MEIO AMBIENTE 2009 - CAMPOS DO JORDÃO - SP




Caros amigos do Blog SOS Rios,

Segue em anexo a programação da Semana de Meio Ambiente promovido pela

CEMAN - Centro de Educação Ambiental da Serra da Mantiqueira/ Sala Verde.

Participem!


Clique sobre o cartaz para ampliá-lo

Simone Navas Ventura
Centro Universitário Senac
Campus Campos do Jordão
Senac São Paulo

Tel.: 55 12 3668 3012
Fax.: 55 12 3662 3529
simone.nventura@sp.senac.br
http://www.sp.senac.br/


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30 de maio de 2009

COMITÊ DO RIO SINOS ESTUDA DIVISÃO EM 21 SUBUNIDADES


Dividir para diagnosticar

Por Castor Becker Júnior/Comitesinos
17 de Maio de 2009

A divisão da Bacia do Rio dos Sinos em 21 subunidades, seguindo critérios que vão desde hidrologia até população e demanda da água, para os diagnósticos destinados ao Plano de Bacia da região. Esse foi um dos temas tratados na última quinta-feira, durante a 3ª reunião ordinária do Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos (Comitesinos). O encontro ocorreu entre as 14 e as 16h30, no Miniauditório da Biblioteca da Unisinos e reuniu cerca de 50 pessoas, entre membros do Comitesinos e, representantes de prefeituras, prefeituras, Metroplan e outras entidades.

O Plano de Bacia é uma espécie de plano diretor dos recursos hídricos da região e abrange, além do diagnóstico, o planejamento de ações até longo prazo, para garantir a qualidade e quantidade de água necessária à população e à economia locais. A proposta de fracionamento da Bacia foi apresentada pelo engenheiro Henrique Kotzian, que integra a equipe técnica encarregada da elaboração do Plano.

“Poderíamos considerar apenas as três divisões (alto, médio e baixo Sinos) consideradas atualmente na região. Ou ainda fracionarmos em 100 áreas menores. Mas a divisão em 21 áreas, com tamanho entre 120 e 320 quilômetros quadrados cada uma, se mostrou eficaz para um planejamento adequado”, justificou o engenheiro.
O fracionamento apresentado por Kotzian segue valendo, já que nenhum dos representantes discordou da proposta, embora algumas sugestões tenham sido apresentadas pelos presentes e devem ser analisadas pela equipe técnica. “Não se descarta a hipótese de, no decorrer do diagnóstico, se prever a junção de duas ou mais subunidades ou mesmo novas divisões, na hora de estabelecermos futuras intervenções na Bacia”, comentou o engenheiro.

MATA CILIAR
Entre os outros temas da reunião ordinária da última quinta-feira, a secretária-executiva do Comitesinos, Viviane Nabinger, apresentou o andamento dos projetos de recomposição da mata ciliar na região. Viviane começou a explanação pelo andamento do Projeto-Piloto de Recomposição da Mata Ciliar, resultado de uma parceria entre o Comitesinos, a Unisinos e o Ministério Público Estadual (MP), a partir de uma iniciativa da Empresa Estadual de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) e do instituto Riograndense do Arroz (Irga).

A secretária comunicou a parceria acertada com a Associação dos Sindicatos dos Trabalhadores Rurais da Regional Sindical do Vale do Rio dos Sinos/Serra, vinculada à Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag), que vai facilitar a abrangência regional da iniciativa. A Sindical Regional da Fetag aceitou tornar-se a pessoa jurídica referencial para os repasses do MP, nas ações que resultarem em compensações ambientais. No entanto, a decisão sobre a aplicação dos recursos será tomada por um grupo gestor, do qual a entidade fará parte, mas que terá também representantes do Comitesinos, Emater e MP.

Viviane aproveitou a deixa para falar também do Projeto Verde Sinos, que terá patrocínio da Refinaria Alberto Pasqualini S/A (Refap), mas representará um avanço na iniciativa de recuperação da vegetação nas margens do Rio dos Sinos e seus afluentes. “Teremos não só o replantio das árvores, mas isso será feito de forma sustentável, ou seja, economicamente atraente para o produtor rural”, completou.

BR-448, barragens & cia
A recuperação da mata ciliar foi a deixa para o presidente do Comitesinos, Sílvio Klein, falar à plenária sobre as tratativas com o governo do Estado e o Departamento Nacional de Infraestrutura dos Transportes (Dnit) para que as ações de compensação ambiental sobre a construção da BR-448, a Rodovia do Parque, sejam aplicadas na Bacia do Sinos. Principalmente como um reforço nas ações de recomposição de mata ciliar.

Klein também falou sobre o resultado da reunião com o secretário extraordinário da Irrigação e Usos Múltiplos da Água, ocorrida em Porto Alegre no início do mês. O presidente comunicou que a proposta de trazer para o Comitesinos a discussão sobre os projetos para a construção de barragens na região.

Na ocasião, o secretário trouxe para a reunião os responsáveis pelas duas empresas encarregadas dos estudos e ambas deverão agora trocar informações com a CPA do Comitesinos. “Também foi bem aceita a proposta de se avaliar o efeito remanso do Guaíba no Rio dos Sinos”, emendou Klein. A idéia aí é avaliar até que ponto uma seca em outras bacias hidrográficas pode afetar indiretamente o Rio dos Sinos. Especificamente, como uma baixa de nível no Guaíba pode fazer “escoar” mais rapidamente as águas do Sinos a partir de São Leopoldo.

Fotos: Castor Becker Júnior/Comitesinos

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AS OBRAS DA TRANSPOSIÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO

Canais projetados da transposição do rio São Francisco



Informações sobre a Transposição



Roberto Malvezzi (Gogó)
EcoDebate - maio 29, 2009

Muitas pessoas escrevem perguntando sobre a situação da Transposição do São Francisco. Na verdade, se hoje a obra estivesse pronta, não haveria como levar uma única gota d´água do São Francisco para os estados receptores. Todos estão se afogando em águas. Em todo caso, em vista do calendário eleitoral, as obras deram um avanço, ainda que pequeno para sua magnitude. Estive na região de Floresta-PE esses dias e repasso as seguintes informações:

1) Segundo o bispo de Floresta, D. Adriano, as obras do eixo leste avançaram aproximadamente 20 km desde a tomada da água. É só terraplanagem, não há revestimento dos taludes.

2) A obra pára quando chega na reserva biológica de Serra Negra, território dos índios Pipipã e Kambiowá.

3) A obra é retomada depois da reserva, de Ibimirim a Sertânia. Um trecho de aproximadamente mais 100 km. Apenas se avista o canteiro de obras. Tudo indica que é apenas terraplanagem.

4) No Eixo Norte temos menos informações. Tudo indica que a obra vai da beira do rio até à barragem do Trucutu, distante 6 quilômetros. Após a estrada a obra já tem alguns revestimentos.

5) Vale a pena esclarecer a questão da reserva biológica de Serra Negra. Segundo o professor João Luís, da cidade de Floresta, foi a primeira criada no Brasil, em 1950, por um pioneiro da ecologia brasileira, o pernambucano Vasconcelos Sobrinho. É uma área de Mata Atlântica de 1.100 hectares incrustada na caatinga. Foi uma das bases para que Aziz Ab Saber criasse sua teoria dos “refúgios”. Além disso, é uma área sagrada para os índios, onde moram os “encantados”, há muito tempo espaço de celebrações ocultadas da civilização branca. Portanto, uma área de importância inestimável.

6) Moradores de Floresta, em um seminário promovido pela equipe da Cultura da Paz da diocese de Floresta, mostraram-se estarrecidos com o desmatamento da caatinga e o envio da madeira para carvão. Também a retirada da areia do rio Pajeú, inclusive dos barrancos, gerou inundação cidade nas últimas chuvas, fato nunca antes acontecido.

7) O Coronel do Exército, responsável pelas obras, que não compareceu ao evento, disse ao pessoal responsável pelo evento que os canais serão rodeados por uma estrada de cada lado e, após a estrada, haverá uma cerca. Nessa estrada haverá guardas motorizados fazendo a vigilância dos canais para que ninguém se aproxime. É o mesmo esquema do “Eixão” no Ceará, que é o mesmo adotado em outros países, como a Índia, onde a água foi privatizada.

8) Quanto à revitalização, estão acontecendo obras de saneamento em quase todo o vale do São Francisco, o que é muito importante para a vida do rio e saúde do povo. Entretanto, o próprio bispo de Floresta disse que “chegaram a refazer a obra na avenida central da cidade quatro vezes”. Como em outras cidades, não há nenhum controle de qualidade dessas obras, muito menos controle dos investimentos. Como tudo vai para debaixo da terra, fica difícil fazer qualquer avaliação. Em todo caso, se os canais forem concluídos, o São Francisco será novamente abandonado à sua própria sorte.

Roberto Malvezzi (Gogó) é Assessor da Comissão Pastoral da Terra, colaborador e articulista do EcoDebate.

[EcoDebate, 29/05/2009]


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PREFEITURA DO RJ INVESTIRÁ R$ 8 MILHÕES EM OBRAS DE SANEAMENTO

Uma replica autentica da Estatua da Liberdade de Nova York, que se encontra na Vila Kennedy no Rio e que receberá nova ETE

Prefeitura do Rio anuncia R$ 8 milhões em obras de saneamento na Zona Oeste

Eduardo Paes diz que recursos já estão garantidos. Estação de Tratamento de Esgoto será construída na Vila Kennedy

A prefeitura garantiu investimentos de mais de R$ 8 milhões em obras de saneamento e na construção da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) na Vila Kennedy, na Zona Oeste do Rio. O anúncio foi feito pelo prefeito Eduardo Paes, neste domingo (24), durante visita ao bairro.

Acompanhado do secretário de Obras Luiz Antônio Guaraná, Paes afirmou que os recursos já estão garantidos, mas aguarda a aprovação técnica pelo BNDES, que vai arcar com R$ 5,4 milhões do valor total do projeto. O restante será investido pela prefeitura.

Desenvolvido pela Rio Águas, o projeto prevê a implantação de cerca de 2 mil pontos de ligação entre as casas e a rede de coleta do esgoto. Além da expansão da rede, será construída a ETE na Rua Jaime Redondo. A ETE vai aumentar em 20 vezes a capacidade de esgotamento sanitário da
área, beneficiando mais de 47 mil moradores. A obra vai atingir as comunidades de Nova Kennedy, Vila Progresso, Estrada da Saudade, Rua Congo e Alto Kennedy.

O prefeito ainda visitou o Parque Municipal do Mendanha para ver as condições da reserva. Mais cedo, ele participou de missa da Paróquia Cristo Operário, celebrada por Padre Lino.

Fonte: G1

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"USINA DE BELO MONTE É CARA E INEFICIÊNTE", DIZEM AMBIENTALISTAS - PODE FICAR VÁRIOS MESES DE SECA, SEM PRODUZIR


Projeto de Belo Monte prevê reassentamento de 19 mil pessoas

EcoDebate 30/05/2009

O projeto da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, ficou conhecido pelo impasse entre produzir energia em um rio sem barragens e a resistência dos povos indígenas que vivem ali e enxergam o Xingu como sagrado. Esta semana, quando o Ibama tornou públicos o Estudo de Impacto Ambiental e seu relatório, o EIA-Rima, começou a discussão em torno dos efeitos socioambientais do empreendimento que pode resultar na segunda maior hidrelétrica do país, atrás apenas de Itaipu. O choque vai além dos índios: a previsão é que será preciso reassentar mais de 19 mil pessoas e lidar com um braço do rio que corre o risco de ficar com uma vazão baixa demais na época da seca. A reportagem é de Daniela Chiaretti e publicada pelo jornal Valor, 29-05-2009.

O projeto prevê dois reservatórios e a área inundada, segundo o estudo, será de 516 km2. A população diretamente afetada é moradora de palafitas em Altamira, a principal cidade da região com quase 70 mil habitantes. Ali estima-se que 16.420 pessoas serão realocadas e os outros são moradores de áreas rurais. Há três terras indígenas na área de influência direta do empreendimento.

O Xingu é um rio que, normalmente, tem um volume de água bem diferente na época das chuvas e da seca. A construção de uma grande barragem complica a vazão de um trecho de 100 quilômetros do rio, a chamada Volta Grande. De um lado está a terra indígena Paquiçamba, talvez a mais ameaçada pela obra. Na outra margem fica a terra indígena Arara da Volta Grande do Xingu. A vida nas aldeias pode ficar complicada se a água do rio for mais escassa, de pior qualidade e com menos peixes.

“Belo Monte é um projeto de grande envergadura”, reconhece Sebastião Pires, diretor de licenciamento do Ibama. “Prevê uma mobilização grande de pessoas e um impacto sério na fauna e peixes. É um projeto complexo”.

A hidrelétrica de Belo Monte sempre foi polêmica e o volume dos estudos que o Ibama recebeu esta semana (mais de 300 arquivos correspondentes a 36 volumes) do EIA-Rima elaborado pela empresa Leme, demonstra isso. As três grandes construtoras do país estão empenhadas em tirar a usina do papel - Camargo Corrêa, Norberto Odebrecht e Andrade Gutierrez assinaram um convênio de cooperação técnica com Eletrobrás e conduzem os estudos ambientais numa parceria inédita.

Há um ano, em 20 de maio de 2008, a trajetória turbulenta de Belo Monte ressurgiu na imagem do braço ensanguentado do engenheiro Paulo Fernando Rezende, coordenador dos estudos da usina na Eletrobrás. Ele foi ferido por índios kaiapós em um encontro que aconteceu em Altamira e reuniu indígenas, ribeirinhos e ambientalistas para discutir os projetos do plano energético do governo no rio Xingu. A cena revivia outro episódio histórico envolvendo kaiapós, Belo Monte e José Antonio Muniz Lopes, à época presidente da Eletronorte e hoje presidente da Eletrobrás. Em 1989, a kaiapó Tuíra encostou a lâmina de um facão no rosto de Muniz Lopes. Era uma advertência ao plano do governo de inundar 1,7 milhão de hectares (ou 17 mil km2) com a construção de cinco barragens no Xingu. Em julho de 2008, a resolução nº 6 do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) declarou que Belo Monte será a única usina hidrelétrica a ser construída no rio Xingu. Isto deveria acalmar os ânimos dos povos indígenas que vivem no Alto Xingu e veem o projeto com temor.

Os ambientalistas, no entanto, ainda desconfiam disso. “Belo Monte é cara e ineficiente. Os próprios técnicos dizem que ela pode ficar vários meses sem produzir porque a vazão do rio é muito baixa na seca”, diz Glenn Switkes, diretor para a América Latina da ONG International Rivers. A obra estava estimada em R$ 7 bilhões, com capacidade de produção de mais de 11 mil MW, quase o dobro daquela das usinas do Madeira. Mas a ameaça é que com a pouca vazão, a energia assegurada não chegue à metade da potência. Algumas estimativas preveem que, com as linhas de transmissão, o investimento chegue a R$ 30 bilhões.

No momento, o foco é nos impactos socioambientais. Todas as pessoas que vivem até a cota 100 em Altamira, ou seja, a 100 metros acima do nível do mar, serão afetadas e deverão sair de suas casas ou lojas antes do enchimento do reservatório. A maioria vive em palafitas e em áreas que sempre alagam nas cheias do Xingu. “Hoje estas pessoas estão todas vivendo dentro do ginásio da cidade porque o rio sempre enche” diz Valter Cardeal, diretor de engenharia da Eletrobrás. O plano é construir casas de 60 m2 para a população que terá que ser reassentada.

A obra deve produzir 18 mil empregos diretos. “A migração será intensa, 50 mil pessoas podem chegar a Altamira”, teme Switkes. Na cidade, que fica entre a Transamazônica e o Xingu, não há rede de esgoto, o acesso à água é precário e o lixo coletado é jogado num terreno na rodovia. “Com a usina, os serviços sociais da região vão ficar sobrecarregados e o índice de violência e as condições de saúde poderão piorar”, diz o Rima.

Outro ponto nevrálgico do empreendimento é garantir que os peixes subam o rio. Em versão anterior do projeto pensava-se em construir uma “escada” para os peixes. “Mas existe uma grande discussão no meio científico se ela funciona ou não”, diz Cardeal. A ideia que consta do EIA-Rima é construir um canal longo, que acompanhe o rio, por onde os peixes poderiam nadar. “Peixes são a base da alimentação indígena” lembra Switkes. “O impacto de Belo Monte na vida destes povos é muito forte.”

No trecho de vazão reduzida há outro efeito possível. As populações ribeirinhas vivem do comércio de peixes ornamentais - um deles, conhecido como peixe-zebra, é símbolo da região. Os técnicos da Eletrobrás dizem que vão garantir a vazão normal do Xingu mesmo no braço que tende a ter menos água em função do projeto. Uma segunda casa de forças, com nove turbinas-bulbo, irá manter o que eles chamam de “vazão ecológica” do rio. “Reduzimos a energia assegurada em 7% para podermos melhorar as condições da vazão na Volta Grande”, diz Cardeal. Com esta precaução, a Eletrobrás diz garantir a mesma vazão natural do rio na seca.

Adriano de Queiroz, coordenador-substituto de energia hidrelétrica do Ibama lembra o rito de Belo Monte: o Ibama acaba de fazer a checagem dos documentos e pediu que o Rima tivesse uma linguagem mais acessível, o que foi feito. Agora há um prazo de 45 dias para que a sociedade conheça a obra e seus impactos e peça audiências públicas, que devem ocorrer no meio de julho. Os técnicos da Eletrobrás são mais otimistas e esperam que em 30 de julho a licença-prévia tenha sido concedida.

(Ecodebate, 30/05/2009) publicado pelo IHU On-line, 29/05/2009 [IHU On-line é publicado pelo Instituto Humanitas Unisinos - IHU, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos, em São Leopoldo, RS.]


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ENCHENTES, INUNDAÇÕES, DESABRIGADOS E NORMAIS AMBIENTAIS SENDO SOLAPADAS NO PAÍS

Balneário Curva São Paulo, Teresina, PI, debaixo d’água. Foto do Portal 180Graus

A razão submersa do Itajaí ao Parnaíba, artigo de Maria Cristina Fernandes

Valor Econômico - 30/05/2009

A Frente Parlamentar de Agricultura escolheu o momento em que quase 400 mil pessoas estão desabrigadas em 12 Estados do Norte e Nordeste, para apresentar um projeto que solapa o que resta de normas ambientais no país. O solene desprezo pela concomitância sugere que as evidências gritantes entre o agravamento das enchentes e o desmatamento predatório hoje move uma resistência política prestes a ser levada à lona pela maioria governista.

O Maranhão é o Estado símbolo dos interesses oligárquicos que, travestidos de ruralistas, abrigam-se na base de apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e comprometem suas conquistas.

O PMDB de José Sarney (AP) e Renan Calheiros (AL), além de maior partido no Congresso, senhor da aliança mais disputada de 2010, e comandante da CPI que se propõe a investigar a maior estatal do país, é também o partido com o maior número de representantes na chamada bancada ruralista. Ao ingressar oficialmente na base governista no segundo mandato de Lula, o PMDB levou os ruralistas a vitórias mais representativas do que as obtidas no primeiro mandato.

O Estado da governadora Roseana Sarney (PMDB) foi o mais afetado pelo dilúvio do outono. Parte dos mais de 120 mil maranhenses atingidos, estão na região do chamado Baixo Parnaíba, o rio que nasce no sul do Estado, atravessa a divisa e forma seu delta no estreito litoral piauiense.

A região é uma das mais pujantes fronteiras agrícolas do Nordeste. Por lá avançam algumas das maiores produtoras de soja, eucalipto e cana-de-açúcar do país. O Fórum de Defesa do Baixo Parnaíba Maranhense, que congrega entidades ambientais e sociais da região, estima que, nos últimos cinco anos, este avanço foi responsável pelo desmatamento de cerca de 25% da mata nativa de uma área de 350 mil hectares que congrega 16 municípios.

José de Ribamar, um dos coordenadores do fórum, relata que as enchentes na região são corriqueiras nessa época do ano. Incomum foi a proporção alcançada este ano, quando aumentou em mais de 30% o número médio de desabrigados.

Conta que o desmatamento é feito com uma corrente de 50 metros de comprimento puxada por dois tratores que vão derrubando tudo o que houver pela frente. O recurso, apelidado de “correntão”, liquida rapidamente a cobertura florestal das áreas a serem preparadas para a agricultura.

Um projeto de lei contra o uso do correntão foi derrotado na Assembleia Legislativa. Conseguiram apenas 13 votos a favor, segundo Ribamar, de PT, PSB e PDT. Estima que 40% das terras da região ocupadas recentemente pelo agronegócio sejam griladas. A fiscalização da posse dessas terras que avançava, ainda que lentamente, sob o governo anterior, voltou à estaca zero na gestão Roseana.

Henrique Cortez, coordenador do Ecodebate, um dos principais portais ambientalistas do país, explica o que aconteceu com o Parnaíba: com a perda de cobertura vegetal no seu entorno, o rio recebe um grande volume de terra com as chuvas. Fica raso e transborda rapidamente quando o volume de chuva aumenta. E este é um fenômeno que só tende a se agravar com as variações climáticas em curso: o índice pluviométrico não mudará, mas as chuvas vão ficando mais concentradas.

Algo parecido aconteceu com o Itajaí, em Santa Catarina, provocando as enchentes do ano passado, com um número menor de vítimas do que as estimadas este ano no Norte e Nordeste. Se as variações climáticas dependem de um esforço global, é ao poder público local que cabe minorar seu impacto com a recuperação das chamadas matas ciliares, para fazer com que a água da chuva se infiltre no solo, e o desassoreamento dos rios.

E é exatamente o inverso disso que está em curso com a ofensiva ruralista no Congresso. Todas as iniciativas parlamentares que avançam, do Código Florestal à regularização fundiária na Amazônia, o fazem mediante a redução das exigências ambientais para produtores rurais e o aumento da margem de manobra do agronegócio.

Num governo em rota de sucessão eleitoral, não há sinais de que esse avanço ruralista se arrefecerá. Discurso ambiental é útil para presidente recém-empossado posar de estadista, como Lula o fez no primeiro mandato com a senadora Marina Silva (PT-AC) a tiracolo no Ministério do Meio Ambiente. Para firmar as alianças que alinhavarão a campanha, o compromisso ambiental só atrapalha.

Ao salvaguardar os interesses ruralistas pela via da aliança sagrada com o PMDB, Lula corre o risco de despejar rio abaixo muitos dos avanços de seu governo. Vide o exemplo de Chapadinha, município de 67 mil habitantes no Baixo Parnaíba Maranhense, a 250 quilômetros de São Luís.

Há três anos, a Universidade Federal do Maranhão abriu um campus na cidade, dando seguimento à política federal de incrementar a ofertade vagas no ensino superior. Os concursos atraíram professores do Brasil inteiro. E hoje o campus, voltado para ciências agrárias e ambientais, conta com quase 60 professores, a maioria dos quais com doutorado. Nem um terço das 600 vagas estão preenchidas, entre outros motivos, pela dificuldade de infraestrutura na cidade para alojar estudantes.

É de um professor do campus de Chapadinha da UFMA, o sociólogo gaúcho Jeferson Francisco Selbach, o relato: “Quando chegamos aqui, as empregadas domésticas ganhavam R$ 80 por mês. Sem contrato, acumulavam com o Bolsa Família. Começamos a vincular a remuneração ao salário mínimo, com décimo terceiro e férias. A notícia se espalhou e provocou grande reação na cidade. Um candidato a prefeito chegou a assumir, como promessa de campanha, a expulsão dos professores daqui. A cidade tem infraestrutura precaríssima. Na região como um todo, só um terço das residências tem saneamento. Nessas, o cano d”água chega à casa mas não aos cômodos. A cidade tem duas avenidas. O resto é viela. Quando vem uma chuva dessas arrebenta tudo. A colheita dos pequenos agricultores, a quem nossos alunos são formados para assistir, vai embora. A cidade fica em pedaços. Aí começa a romaria dos políticos pedindo dinheiro. Quando a liberação sai, consertam umas coisinhas aqui e ali e o dinheiro desaparece. Até a próxima enchente”.

* Maria Cristina Fernandes é editora de Política. Escreve às sextas-feiras

* Artigo originalmente publicado no Valor Econômico, 29/05/2009.

[EcoDebate, 30/05/2009]

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MPF INSTAURA INQUÉRITO PARA VERIFICAR RESPONSABILIDADES NO ROMPIMENTO DE BARRAGEM NO PIAUÍ


Rompimento na barragem Algodões I. Foto: André Leão/CCom


MPF instaura inquérito para apurar possíveis falhas na construção e gestão de barragem no Piauí

MPF instaura inquérito no caso Algodões I - O procurador da República Marco Túlio Lustosa Caminha instaurou Inquérito Civil Público, a fim de averiguar as responsabilidades do rompimento da barragem Algodões I, dia 27 de maio de 2009, localizada no município de Cocal/PI, e das perdas humanas e materiais, de acordo com reportagens jornalísticas da imprensa local e nacional, especialmente no tocante à sua construção e às eventuais obras de manutenção, tendo em vista o envolvimento de recursos públicos federais.

O procurador determinou a expedição de ofícios a várias instituições com o objetivo de obter informações técnicas sobre o fato. Á Polícia Federal requisitou a instauração de Inquérito Policial visando apurar a responsabilidade na aplicação dos recursos públicos na construção e eventual manutenção da barragem e determinou que imediatamente,seja realizada uma perícia in loco, a ser efetuada por peritos especializados.

Ao DNOCS, requisitou dados, informações, projetos e documentos relativos a suposto convênio entre os Governos Federal e Estadual, para a construção e eventual manutenção da barragem. Ao Tribunal de Contas da União, representando pela realização de auditoria em relação ao convênio, construção e obras na Algodões.

Ao Instituto Nacional de Meteorologia- INMET, requisitou as previsões meteorológicas do mês corrente, da região Norte do Estado do Piauí ( municípios de Cocal e Buriti dos Lopes), especialmente na área de divisa com o Estado do Ceará. Ao IBAMA, requisitou laudos, informações ou documentos a respeito de eventuais falhas constatadas pela autarquia ambiental em 1996, de acordo com reportagem local e também informações ambientais da região atingida.

A todas as emissoras de televisão local (Cidade Verde, Meio Norte, Clube, Antares, Antena 10 e TV Assembléia) foi solicitado todo o material de áudio e vídeo referente ao fato. Ao Corpo de Bombeiros do Estado do Piauí, requisitou informações, laudos e documentos pertinentes à situação da barragem antes de depois do seu rompimento.

À EMGERPI, requisitou todas as informações, laudos e documentos a respeito da barragem, inclusive o parecer técnico do engenheiro responsável pela obra, referente á ausência de risco e retorno das famílias a área de risco.

Ao promotor da Comarca de Cocal/PI, solicita cópia da ação cautelar proposta pelo Ministério Público Estadual e cópia da decisão judicial que determinou a retirada imediata das famílias que residiam nas proximidades da barragem.

* Informação da Procuradoria da República do Estado do Piauí
Fonte: ECODEBATE

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PROTESTO DOS PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA POR POLUIÇÃO DE OBRAS DA PETROBRAS


Protesto de pescadores, no dia 27/5, em frente à Petrobras. Foto de Norbert Suchanek

Redes vazias pela Petrobras

por Norbert Suchanek - EcoDebate - 30/05/2009

Já desde 2000, quando um acidente da Petrobras poluiu grande parte da Baía de Guanabara, milhares de pescadores do Rio de Janeiro voltam com redes vazias para casa. Por anos os pescadores lutam por compensação.

Agora uma nova obra da Petrobras piora a situação da pesca na Baía de Guanabara. Por isso, pescadores da Associação Homens do Mar fizeram uma manifestação no dia 27 de maio, no Centro do Rio de Janeiro, em frente ao prédio desta maior empresa do Governo do Brasil. O Sindicato dos Petroleiros está apoiando os Pescadores.

Petrobras. O Petróleo é nosso e o Peixe também” é a palavra dos sindicalistas. Porque o homem com petróleo, mas sem comida, sem peixe, não existe. “É uma coisa simples”, diz Ronaldo Moreno, assessor do Sindicato dos Petroleiros, “Os pescadores estão sendo prejudicados por essa obra. E Petrobras precisa pagar este prejuízo que os trabalhadores estão tendo.”

Estas são três Entrevistas de Norbert Suchanek com Pescadores e Membros da Associação Homens do Mar que participaram do protesto.

Petrobras e a morte de um Pescador
Entrevista com Alexandre Anderson, morador e pescador da Praia de Mauá, Município de Magé, na Baía de Guanabara e um dos líderes do Grupo Homens do Mar. No início de maio ele sobreviveu a um atentado, mas continua lutando contra a destruição da Baía e da vida dos pescadores.

Norbert Suchanek: Por que os pescadores e o seu Grupo Homens do Mar estão fazendo esta manifestação em frente à Petrobras?
Alexandre Anderson: Nós protestamos, fazendo um ato contra o descaso da Petrobras junto aos pescadores da região. Visto que a Petrobras, desde 2002, ela executa obras no mar da Baía de Guanabara, área anteriormente usada somente para pesca artesanal. E ela faz estas obras, degrada o meio ambiente, eles danificam nosso material, ocupam o espaço de pesca, e até a data de hoje, no ano de 2009, eles não ofereceram nenhuma alternativa para os pescadores da região. Então, isso está causando muito transtorno, inclusive agora, há poucos dias, devido a essa nossa manifestação, protesto e denúncia, causou a morte de um diretor, de um companheiro nosso do Grupo Homens do Mar.

A obra da Petrobras, o Projeto GLP da Baía de Guanabara, é o que?
Alexandre Anderson: Esta obra consiste no lançamento de duto submarino, são duas linhas de duto, cada uma com 13,5 km no mar. Ela utiliza a Baía de Guanabara por total. Praticamente ocupa toda a nossa área de atividade.

E isso cria impactos graves para a pesca na Baía de Guanabara?
Alexandre Anderson: Só que durante a implantação e até o término e manutenção, ela causa impactos irreparáveis na pesca, porque devido a sua exigência de utilizar várias embarcações de grande porte, como rebocadores e balsas, então isso impossibilita totalmente a pesca na região. Fora isso, sem contar a destruição do manguezal da região, a questão da sonorização, a questão do terminal que ocupa um espaço que nunca mais vai ser nosso. E nós sempre lutamos para que a Petrobras identifique nós pescadores que estamos sendo atingidos e forneça uma alternativa viável para aquelas centenas de milhares de famílias que vivem daquela pesca há anos.

E agora, no dia 22 de maio, um membro do sue grupo Homens do Mar foi assassinato?
Alexandre Anderson: É Paulo César, pescador, um dos fundadores da Associação Homens do Mar. Uma das lideranças do Grupo Homens do Mar. Ele foi assassinado, de acordo com o levantamento da polícia local, o motivo principal que eles estão buscando averiguar é que eles cogitam o envolvimento com os nossos protestos e as nossas denúncias. A morte dele está ligada aos empreendimentos da Petrobrás.
Obrigado!

A luta sem Fim
Peixes contaminados, uma empresa do Governo, Petrobras, que não quer compensar, e uma luta que precisa continuar: Entrevista com Messias Antonio Nascimento Filho também pescador e membro da Associação Homens do Mar da Baía de Guanabara, em Magé.

Norbert Suchanek: Quantos pescadores têm na sua comunidade Magé?
Messias Antonio Nascimento Filho É difícil falar, porque são um perto do outro, nós somos mais de 300 famílias que vivem diretamente da pesca na Baía de Guanabara.

E quantas pessoas ainda dependem da pesca artesanal na Baía de Guanabara hoje, de um modo geral?
Messias: Hoje na Baía de Guanabara, eu não tenho uma base para falar quantos pescadores têm. Mas na nossa Associação tem 500 e poucos pescadores que vivem diretamente da pesca.
Mas já mais de 20 anos a Baía de Guanabara está altamente contaminada com resíduos industriais tóxicos, metais pesados, lixo e esgoto do Rio de Janeiro.

Não existe um risco, que o peixe da Baía também esteja altamente contaminado?
Messias: A gente não pode falar o grau de contaminação, porque não sabemos. Mas nós sabemos que o peixe está contaminado. Muito contaminado. Devido a muitas quantidades de óleo. Principalmente obras que revirando a Baía de Guanabara faz subir muitas coisas tóxicas e está contaminando os peixes. Mas com todos estes problemas, ele ainda é o melhor alimento para o pescador.
No ano 2000, aconteceu um acidente grave da Petrobras, que poluiu a Baía e os mangues com milhares de litros de petróleo.

Os pescadores afetados já foram indenizados?
Messias: Nos primeiros meses, para poder amenizar o problema, eles repassaram 750 reais para os pescadores e depois disso nunca mais. E foi dito, principalmente pela FEEMA, que o meio ambiente ia ficar degradado durante 10 anos. E estamos lutando até hoje na Justiça para poder ver se eles conseguem reparar estes danos que eles causaram à gente, mas até agora nada.

A sua comunidade também foi afetada?
Messias: Muito, muito! Em si, as comunidades da Baía de Guanabara toda, porque nós não temos uma reta só para pescar. Nós pescamos em tudo quanto é lugar. O peixe anda, onde o peixe está, nós estamos. Então, tem manguezal que até hoje tem óleo agarrado ainda. Principalmente a Pedra da Baía de Guanabara ainda tem a mancha de óleo de 2000 ainda.

Então ainda tem uma luta para ganhar compensação da Petrobras?
Messias: Ainda temos esta luta. Além desta luta de agora, tem esta luta que vai fazer 9 anos e solução nenhuma. Eles alegam que já pagaram, mas nós pescadores queremos saber para quem eles pagaram.

E com a nova obra da Petrobras, a sua comunidade está mais uma vez prejudicada?
Messias: A gente está sendo muito prejudicado, porque não tem mais espaço para a gente pescar. O desenvolvimento tem que ter, mas tem que ver o lado de quem está sendo prejudicado. Porque até agora quem está sendo mais prejudicados são os pescadores. Porque as lanchas e rebocadores estão rasgando o nosso material e eles não estão nem aí para o problema que está acontecendo.

Agora o que os Homens do Mar querem da Petrobras?
Messias: Nós queremos que ela repare os danos que ela vem causando, né. Porque eu acho que todos os projetos têm um custo e vê os danos que estão causando a estas pessoas que estão sem tirar o alimento. Temos que pagar a nossa conta de luz, temos que comer e nós não estamos conseguindo fazer isso. Nós estamos pretendendo que ela veja essas pessoas, que dê uma ajuda de custo para estas pessoas sobreviverem.
Obrigado.

Pescadores em Extinção
O pescador artesanal do Rio de Janeiro, com o grande saber tradicional sobre a vida do mar da Baía Guanabara, está em extinção! Entrevista com o pescador Adilson da Conceição, da Comunidade Roncador, Magé. Os homens do Mar o conhecem pelo apelido de Zé Boi.

Norbert Suchanek: Toda a sua família é pescador?
Zé Boi: Não, toda a família não. Eu, meu filho e minha filha. O resto não é mais pescador, já foi pescador. Mas de acordo as coisas que estão acontecendo, eles procuraram outra coisa melhor. Porque o velho não agüenta mais, mas o garoto novo estuda e modifica muita coisa. Ninguém tem mais honra de pescar. A gente pesca porque somos obrigados para sobreviver. Então, por causa disso muita gente hoje não é mais pescador.

Mas os seus antepassados foram pescadores?
Zé Boi: Foram pescadores. Mas de acordo com a situação, o pescador não está arrumando nem para comer, então arranja outro emprego e sai. Agora, o velho, com essa idade ninguém quer empregar mais ele, ele continua na luta.

A sua filha quer continuar a pescar?
Zé Boi: Não quer, mas não tem outra alternativa. Ela arranca cada mês, vende a cada mês, não tem outra alternativa. Os meus netos não vão. Eu tenho certeza que eles estão estudando, nós estamos lutando para tirar, porque… Não adianta, para passar fome, já deixa o velho.

Por que a geração mais nova na quer mais continuar a pescar? A pesca artesanal é uma profissão importante e honesta.
Zé Boi: É honesta, mas não tá dando condição para arrumar nem para sustentar a família. Tem que ser honesto, mas tem que ter o jeito de ganhar para sobreviver e a pescaria hoje não tá dando para sobreviver. Depois desse problema da Petrobras não está dando mais. É por causa disso que a maioria não quer mais pescar. É isso que está acontecendo.

Falta peixe na Baía Guanabara? Ou o preço do peixe é baixo demais?
Zé Boi: Hoje é o preço baixo e não tem a quantidade de peixe que tinha antes da Petrobras. Depois que houve o vazamento de óleo, prejudicou todo o pescador. Os pescadores que estão hoje pescando é porque são obrigados, não tem outro jeito. Porque antes da Petrobras já existia o pescador. Eles entraram, invadiram nossa área, ficaram rico em nossa área, expulsaram e deixaram nós com fome. Eu acho que a Petrobras está completamente errada, entendeu? E a maioria de nós pescadores, infelizmente é analfabeta, porque não tivemos tempo para estudar. E filho de pescador não tem condição de estudar.

Analfabetos escolar, mas com uma grande sabedoria do mar, não é?
Zé Boi: É, isso a gente conhece! É que o mar é nosso, a Petrobras invadiu!

Quantos tipos de peixe ainda têm na Baía de Guanabara?
Zé Boi: O único peixe que ficou ainda é a tainha, o resto dos peixes está sumindo tudo.Ainda tem outros peixes, mas olha, piraúna que tinha muito já não tem mais. Sardinha não tem mais, camarão sumiu, robalo, sumiu tudo. Tem outros peixes, mas o peixe que nós sobrevivemos mais um pouquinho, que dá mais um pouquinho é a tainha.

E a Petrobras também está responsável por algum desmatamento do mangue?
Zé Boi: Desmatamento do mangue, a gente nem vai falar sobre isso, né! Eles estão até tentando revitalizar, então a gente não pode falar sobre isso. Mas a gente está querendo saber até eles plantar e o caranguejo voltar, como é que a gente vai sobreviver? Aí nós já morremos de fome! Quem tem fome, tem pressa. Eles estão tentando, mas até dois, três anos nós vamos viver de que?
Eles não estão vendo isso.
Zé Boi: Nós temos a defesa do peixe. Nós temos a defesa da sardinha, a defesa do camarão. Mas eles cortaram tudo. Agora não tem direito a mais nada!Eu acho que eles mesmos estão acabando com a sobrevivência de nossos netos amanhã. Por causa de que? O caranguejo entra de leite agora, no mês que vem mais ou menos já está no caranguejo mole. Então nós vamos ser obrigados a arrancar esse caranguejo que iria produzir vários e vários outros. Para nós sobrevivermos. Por que não dão condição de tirar esse pessoal do mangue agora? Eles não tão dando esta condição!

Na última semana, saiu no jornal que o IBAMA multou 5 pescadores no sul do Rio de Janeiro, porque eles pescaram camarão na época errada.
Zé do Boi: É, mas se agente não pescar, a gente vai comer o que? Como eu falei agora sobre o caranguejo. Sem condição, a gente vai lá e arranca assim mesmo. Por que a gente vai ter que fazer isso? Porque nós temos que sobreviver! Por que a gente não guarda o pescado neste momento? Porque a gente tem que comer e beber! O senhor entendeu? Eles não estão vendo o lado dos netos deles, dos filhos deles. Porque quando eles vierem, não vai ter mais, porque nós mesmos somos obrigados a acabar!

O senhor e os outros Homens do Mar estão com medo por causa do assassinato na última semana de um dos seus fundadores?
Zé Boi: os pescadores estão todo mundo com medo. Nós estamos ameaçados. Um colega já morreu. Outro já foi tentado. A gente vai pescar e eles cercam nós com arma. Então, nem trabalhar nós estamos podendo trabalhar mais. Já não tem o pescado e eles não estão deixando nós trabalhar. Como é que nós vamos sobreviver? Fica difícil!
Obrigado!

Entrevistas realizadas por Norbert Suchanek, Correspondente e Jornalista de Ciência e Ecologia, colaborador e articulista do EcoDebate.
[EcoDebate, 29/05/2009]


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4ª CÚPULA DOS POVOS E NACIONALIDADES INDÍGENAS DE ABYA YALA DENUNCIA CONTAMINAÇÃO NOS RIOS


Jovens indígenas denunciam contaminação de rios e defendem autonomia de territórios

Jovens indígenas das Américas estão no Peru para a 4ª Cúpula dos Povos e Nacionalidades Indígenas de Abya Yala. O encontro será realizado de sexta-feira (29) até domingo (31). Durante a semana, os jovens anteciparam os debates no 2º Encontro de Juventudes Indígenas. Eles querem ampliar o diálogo e a ação conjunta no continente e acusam as transnacionais pela contaminação das terras e dos rios da região. Os índios denunciam que falta atitude dos governos na proteção do meio ambiente.

Jorge Auques, membro da organização do evento, disse que o papel da juventude dentro das comunidades indígenas é dinâmico e mais ativo do que se pensa. “Queremos mostrar que somos capazes de nos inspirar nos mais velhos para organizar uma rede internacional de juventude dos povos originários. O jovem não é apenas aquele que acompanha, mas o que se prepara para dirigir o futuro e os interesses da comunidade”, afirmou.

Segundo ele, um dos problemas que mais preocupam os jovens indígenas atualmente é a contaminação de rios amazônicos por derivados de petróleo. “Essa contaminação obriga as comunidades a abandonar seus territórios, rios e bosques. Obriga todos a se afastar e ainda causa sérios problemas para a biodiversidade”, disse.

A plurinacionalidade e a autonomia dos territórios são temas centrais na pauta de reivindicações dos jovens indígenas. Nadino Calapucha, líder andino, afirma que antes de ser equatoriano, ele se identifica como quéchua amazônico. “Queremos que os Estados reconheçam nossa plurinacionalidade e vamos lutar para que tenhamos autonomia dos nossos territórios”, afirmou.

Para a jovem indígena peruana Roxana Pari Bravo, a juventude também precisa assumir a responsabilidade por seu povo e assumir o protagonismo nas comunidades. "Podemos fazer muito por nosso povo e pela nossa sociedade, a partir de onde nos encontramos. Sejamos agricultores, donas de casa, professores", disse. "Se amamos nosso povo, vamos trabalhar pelo desenvolvimento dessa terra. Para fazer isso, não necessitamos do poder, não necessitamos estar em um governo", completou Roxana.

Após a 4ª Cúpula dos Povos e Nacionalidades Indígenas de Abya Yala, os jovens indígenas esperam que seja formada uma coordenadoria das juventudes para o Continente Americano. (Fonte: Radiobrás/AMBIENTE BRASIL)


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Mais de 3 mil indígenas participam da 4.ª Cúpula dos Povos, no Peru
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IBAMA: CONTINUA A INTERDIÇÃO DA PESCA NO RIO PARAÍBA DO SUL

PROJETO PIABANHA PEIXES MORTOS PARAIBA DO SUL - (RICARDO TERRA)
Pesca continua proibida por mais três meses na Bacia do Paraíba do Sul/RJ

Ambiente Brasil - 30/05/2009

A prorrogação da proibição de pesca na Bacia do Rio Paraíba do Sul por mais três meses deve ser publicada no Diário Oficial da União da próxima terça-feira (2), mas com a liberação para a pesca de subsistência. A bióloga Sara Mota, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), em Brasília, disse na sexta-feira (29) que a minuta da nova instrução normativa foi encaminhada para publicação com pedido de urgência e fixando a cota de três quilos de peixe para cada pescador de subsistência.

Como a Bacia do Paraíba do Sul está interditada, a não liberação da pesca profissional com o fim da vigência da Instrução Normativa nº2 do Ibama, que expira domingo (31), espera-se maior pressão sobre o pessoal da defesa ambiental do estado e do governo federal. Na sexta-feira (29) cerca de 30 pescadores profissionais do Rio Muriaé estiveram num dos escritórios do Ibama, acompanhados de um funcionário do Ministério do Trabalho para saber se podem ser incluídos entre os beneficiados pelo auxílio financeiro oficial.

Os ambientalistas reclamam maior engajamento do ministério e da Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca na questão, ajudando na recuperação da área e assistindo pescadores que se sentem desorientados sobre os direitos trabalhistas assegurados em épocas de proibição da pesca. Embora defendam a prorrogação da proibição da pesca, os pescadores profissionais estão apreensivos, porque órgãos federais fora da área ambiental não comparecem com a freqüência e a quantidade de funcionários que esperam.

Também a Servatis, de onde vazou o endosulfan, está apreensiva, não com a prorrogação da proibição da pesca, mas com a suspensão do processamento do endosulfan, desde o vazamento, em novembro do ano passado. Segundo o gestor de Meio Ambiente e Segurança da empresa, Carlito Marques de Almeida, o defensivo agrícola é um entre dezenas de produtos tratados na fábrica em Resende e seu processamento ocorre em dois períodos de três meses, no primeiro e no segundo semestre. “Já perdemos o primeiro e podemos também perder o outro”, afirmou.

O endosulfan é responsável por 13% do faturamento da empresa, que Carlito de Almeida faz questão de definir como prestadora de serviços. “A Servatis não é dona de nenhum produto. Ela recebe do fabricante, faz o processamento industrial e ele mesmo manda buscar aqui. Recebemos uma taxa de industrialização”, disse.

Carlito explicou que a empresa recebe o princípio ativo do endosulfan do fabricante, promove a síntese, a formulação e o envase. Foi neste processo que ocorreu o vazamento de oito mil litros no Paraíba do Sul. “Entre a formulação e o envase, o caminhão transportava o líquido para um tanque. Como se trata de material perigoso, mantemos uma contenção secundária, para evitar vazamento na natureza. Mas um defeito na válvula deixou escapar o produto para o rio”.

A Servatis, segundo o gestor, criou um novo local de envase, a cem metros da síntese e da formulação, e construiu uma tubulação em aço inox, sem emendas, para o tanque, eliminando o uso do caminhão, “que era o ponto fraco do processo”.

Outro motivo de apreensão da Servatis são as iniciativas do governo estadual e da Assembleia Legislativa fluminense de proibir a produção do endosulfan no Rio de Janeiro. “Não existe outro defensivo agrícola eficaz para as pragas das lavouras de café, cana-de-açúcar e algodão, as três maiores onde se usa o produto. E além disso, há outras empresas que processam o endosulfan em São Paulo, Santa Catarina e no Rio Grande do Sul. Se proibirem aqui, só vão encarecer o produto”. (Fonte: Luiz Augusto Gollo/ Agência Brasil/Ambiente Brasil)




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29 de maio de 2009

DIA DO GEÓLOGO - 30 DE MAIO - HOMENAGEM DO BLOG SOS RIOS DO BRASIL (III)


E viva nóis!!!
Álvaro*

Geólogo beleza

Quem é esse louco que fita a barranca
E depois de contemplá-la em êxtase
Cai-lhe em cima, em fúria bruta
E a esburaca e a atormenta e a espanca?

Que faz aquele bando, no corte da estrada,
Em discussões febris, ao pé do mestre?
Por que o ataque rude, a marteladas,
A espantar o motorista e o pedestre?

Quem é aquele doido, que alisa a pedra,
Que lhe examina com lupa, os detalhes,
Que a tudo registra, com sutil presteza,
E, com afiada lâmina, lhe assesta um talhe?

Que faz aquele tonto, de aparelho em punho,
A medir, quem sabe lá, que estruturas
De planos surreais, imaginários?
Letras mortas das sagradas escrituras??

E aquele outro ali que, insatisfeito,
Ainda cheira a pedra e a leva à boca!?
Que o recolham às grades, sob algemas,
Antes que saia por aí, de meia e touca!

Mas... Eis ali um jovem, na planície,
A contemplar a serra, inebriado e mudo,
Tecendo mil teorias, explicando tudo
Da ascensão do núcleo à superfície.
A princípio, julguei ser um astrólogo,
Mas, agora, bem de perto... É um Geólogo!
E o sei pelo martelo e a imundície.

Bípede falante, corpo ereto,
Dos gêneros humanos, o mais louco,
De tudo, tudo mesmo, ele é um pouco:
Meio médico, biólogo, arquiteto,
Meio poeta, meio vilão, meio artista.
Escrivão da Natureza e jornalista,
No chão imundo do mundo sem teto,
Bisbilhotando os fósseis escondidos,
Seus ventres estuprados, seus partos perdidos,
Rebentos da Terra... Seus filhos, seus fetos.

Autor: Reginaldo Leão (Baianinho- USP-75)

Enviado pelo nosso colaborador, amigo e "nomeado Consultor Voluntário" a quem recorremos para elucidar as dúvidas do Blog na área de geologia. Assim, abusando de sua generosidade e grande capacidade, o Blog SOS Rios do Brasil, não fala muita bobagem nessa área e pode sempre contar com a postagem dos seus excelentes artigos e reportagens sobre os problemas de geologia de São Paulo e também do Brasil.
A primeira entrevista publicada no Blog (e que gerou muita polêmica) foi do geólogo Álvaro, falando das enchentes em São Paulo (ENTREVISTA DA SEMANA: "ENCHENTES" ).
Parabéns Geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos! Homenageando-o, homenageamos todos os valorosos geólogos do Brasil, neste 30 de maio!
Prof. Jarmuth

*Geól. Álvaro Rodrigues dos Santos (santosalvaro@uol.com.br)

• Ex-Diretor de Planejamento e Gestão do IPT e Ex-Diretor da Divisão de Geologia
• Foi Diretor Geral do DCET - Deptº de C&T da Secretaria de C&T do Est. de São Paulo
• Ex-Secretário de Desenvolvimento Econômico e Social de Mogi das Cruzes
• Autor dos livros “Geologia de Engenharia: Conceitos, Método e Prática”, “A Grande Barreira da Serra do Mar” e “Cubatão”
• Consultor em Geologia de Engenharia, Geotecnia e Meio Ambiente
• Criador da técnica Cal-Jet de proteção der solos contra a erosão


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DIA 30 DE MAIO "DIA DO GEÓLOGO" - HOMENAGEM DO BLOG SOS RIOS DO BRASIL (II)

Montagem do Blog Geologia

OLHE À SUA VOLTA, HÁ UM GEÓLOGO POR AÍ

No dia 30 de maio comemora-se internacionalmente o Dia do Geólogo.

Diferentemente de vários países do mundo, onde a atividade profissional do Geólogo é já entendida em sua enorme importância para o Homem, tem sido regra em nosso país que esse dia passe praticamente despercebido pela sociedade, reflexo do ainda o precário conhecimento que esta sociedade tem sobre a atividade de seus geólogos.

Diga-se a bem da verdade que esse relativo desconhecimento deve-se em boa parte aos próprios geólogos, em geral mais afeitos a seus círculos profissionais específicos e restritos e despreocupados em dialogar mais abertamente com a sociedade sobre as importantíssimas questões com as quais trabalha.

Simplificadamente, podemos dividir em três grandes planos a atividade profissional do Geólogo, todos eles, como se verá, com estreita relação com o cotidiano e com a qualidade da vida humana no planeta:

Fenômenos Geológicos Naturais, no âmbito do qual o Geólogo investiga fenômenos associados à dinâmica geológica do planeta, como terremotos, maremotos, vulcanismos, variações térmicas planetárias e suas conseqüências, processos regionais de desertificação, escorregamentos e avalanches naturais em regiões serranas, etc., definindo cuidados e providências que devam ser tomados pelo Homem para evitar ou reduzir ao máximo os danos que esses fenômenos possam causar;

Exploração de Recursos Minerais, plano em que o Geólogo estuda a formação de jazidas minerais de interesse do Homem (ferro, manganês, cobre, carvão mineral, petróleo, água subterrânea, urânio, alumínio, areia e brita para construção, argila para cerâmica, etc., etc.), localiza-as na Natureza, avalia-as técnica e economicamente e planeja, juntamente com o Engenheiro de Minas, sua exploração e posterior recuperação ambiental da área afetada;

Geologia de Engenharia, dentro do qual o Geólogo estuda as interferências do Homem sobre o meio físico geológico. Dentro desse plano é importante entender que, para o atendimento de suas necessidades (energia, transporte, alimentação, moradia, segurança física, saúde, comunicação...), o Homem é inexoravelmente levado a ocupar e modificar espaços naturais das mais diversas formas (cidades, agricultura, indústria, usinas elétricas, estradas, portos, canais, extração de minérios, disposição de rejeitos ou resíduos industriais e urbanos...), o que já o transformou no mais poderoso agente geológico hoje atuante na superfície do planeta.

Pois bem, caso esses empreendimentos não levem em conta, desde seu projeto até sua implantação e operação, as características dos materiais e dos processos geológicos naturais com que vão interferir e interagir, é quase certo que a Natureza responda através de acidentes locais (o rompimento de uma barragem, o colapso de uma ponte, a ruptura de um talude, por exemplo), ou graves problemas regionais (o assoreamento de um rio, de um reservatório, de um porto, as enchentes e escorregamentos urbanos, a contaminação de solos e de águas superficiais e subterrâneas, por exemplo), conseqüências todas extremamente onerosas social e financeiramente, e muitas vezes trágicas no que diz respeito à perda de vidas humanas.

Enfim, mesmo com a abdicação do consumismo tresloucado e do crescimento populacional descontrolado, a epopéia civilizatória de chegarmos a uma sociedade onde todos os seres humanos tenham uma vida materialmente digna e espiritualmente plena, exigirá, sem dúvida, a multiplicação de empreendimentos humanos no planeta: exploração mineral, energia, transportes, indústrias, cidades, agricultura, disposição de resíduos...

A Geologia é uma das ciências sobre as quais recai a enorme responsabilidade de tornar essa maravilhosa utopia técnica e ambientalmente possível, sem que a própria possibilidade da vida humana no planeta seja comprometida.

Conclui-se, assim, que para se assegurar que a Humanidade tenha um futuro promissor e pleno de felicidade em seu planeta faz-se cada vez mais imprescindível conversar com a Terra. Para esse diálogo, os homens têm seu inspirado intérprete: o Geólogo.
De outra parte, a Geologia é uma geociência maravilhosa. E seu caráter maravilhoso liga-se à sua intrínseca relação com o movimento (Movimento = Tempo + Espaço).

O sentido maior da Geologia é apreender o movimento, os processos que definiram, definem e definirão o Planeta e seus fenômenos. O fator Tempo pode ser também importante em outras profissões, mas na Geologia é a variável permanente e onipresente em todas suas equações.

Dentro desse espírito, é justo rendermos um tributo ao Geólogo escocês James Hutton, que ao final do séc. XVIII, pela primeira vez rompeu documentadamente e corajosamente com os estreitos tabus e dogmas religiosos da época, para os quais o mundo atual era exatamente aquele criado por Deus, cunhando (o Geólogo inglês Charles Lyell logo em seguida deu primorosa e enérgica seqüência à sua teoria) as bases da teoria do Uniformitarismo ("o Presente é a chave do Passado"), a qual, por sinal, Darwin, dando todos os créditos a Lyell e Hutton, aplicou ao mundo Biológico.

Dizia Hutton: "Desde o topo da montanha à praia do mar...tudo está em estado de mudança. Por meio da erosão a superfície da Terra deteriora-se localmente, mas por processos de formação das rochas ela se reconstrói em outra parte. A Terra possui um estado de crescimento e aumento; ela tem um outro estado, que é o de diminuição e degeneração. Este mundo é, assim, destruído em uma parte, mas renovado em outra".
Ao Geólogo, portanto, com todo o merecimento, cabem as honras e homenagem por mais esse aniversário de sua tão bela profissão.

Geól. Álvaro Rodrigues dos Santos (santosalvaro@uol.com.br)

• Ex-Diretor de Planejamento e Gestão do IPT e Ex-Diretor da Divisão de Geologia
• Foi Diretor Geral do DCET - Deptº de C&T da Secretaria de C&T do Est. de São Paulo
• Ex-Secretário de Desenvolvimento Econômico e Social de Mogi das Cruzes
• Autor dos livros “Geologia de Engenharia: Conceitos, Método e Prática”, “A Grande Barreira da Serra do Mar” e “Cubatão”
• Consultor em Geologia de Engenharia, Geotecnia e Meio Ambiente
• Criador da técnica Cal-Jet de proteção der solos contra a erosão

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30 DE MAIO "DIA DO GEÓLOGO" - HOMENAGEM DO SOS RIOS DO BRASIL (I)


30 de Maio Dia do Geólogo

A Terra e sua história, origens, estrutura e processos que a formaram e os que regem as transformações pelas quais ainda passa são objetos de estudo do geólogo. O profissional também deve estar atento à vida pré-histórica, registrada nos fósseis que são restos de seres vivos preservados em rochas.

Regulamentada no Brasil em 1962, a profissão é fiscalizada pelo Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia.

O QUE FAZ?

Em laboratórios, escritórios ou no campo, o geólogo pode atuar em dez áreas diferentes que são a paleontologia, petrologia, pesquisa mineral, geologia de petróleo, hidrogeologia, geotécnica, geoquímica, geofísica, geologia marinha e geologia ambiental.

Confira o trabalho do geólogo em cada uma delas:

Paleontologia

É a parte da geologia que estuda os fósseis, compostos por restos de animais e plantas petrificados. São muito importantes para determinar o tipo de ambiente e a época no qual os sedimentos se depositaram, além de indicar a idade de formação das rochas onde estão os restos preservados.

Petrologia
É o estudo das rochas que se dividem em ígneas, sedimentares e metamórficas.
Mas antes de entendermos, é preciso saber que a Terra é dividida em três camadas: núcleo, manto e crosta. A fusão dos dois últimos dão origem a um líquido chamado magma. Quando este se resfria e se solidifica forma as rochas ígneas.

Já as rochas sedimentares são fruto dos sedimentos que se acumulam nas depressões da Terra. E as metamórficas são formadas pelas modificações de temperatura e pressão sofridas pelas ígneas, sedimentares e outras rochas metamórficas.

Pesquisa mineral
Ao atuar na pesquisa mineral, o geólogo visa pesquisar um bem mineral em particular. No gráfico abaixo, você encontra dados sobre a produção mineral brasileira:

Geologia do petróleo
É o ramo da geologia que examina as camadas de rochas onde existe acumulação de petróleo. Resultado da decomposição dos restos orgânicos, este mineral se deposita nos poros das rochas sedimentares formando jazidas.

Fonte: IBGE/Portal São Francisco
HOMENAGEM DO BLOG SOS RIOS DO BRASIL
Nossa homenagem aos geólogos que estão presentes nas principais atividades dos seres humanos. Ao buscarem através de alterações na natureza, resolver seus problemas de transportes, habitação, ocupação de espaços, produção de energia, navegação, recuperação de processos geológicos naturais, de alguma forma provocam acidentes tais como: assoreamento de rios, reservatórios, portos, enchentes, rompimento de barragens, de taludes, deslocamento de pontes, contaminações de águas e solos, entre outros.
Qualquer atividade séria e bem planejada de engenharia é sempre precedida de um bom estudo geológico e exige do profissional dessa área muita dedicação e empenho para garantir segurança e tranquilidade aos futuros usuários.
Nós que procuramos valorizar e incentivar a recuperação, preservação e revitalização dos rios do Brasil reconhecemos, valorizamos e homenageamos os valorosos geólogos brasileiros que realizam um importante papel na defesa de nossos cursos d' água de superfície e subterrâneos. Parabéns geólogos!!!


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TEMPORADA DE QUEIMADAS NO PANTANAL (MS) JÁ REGISTROU QUASE MIL FOCOS DE CALOR

Exército e Marinha vão ajudar bombeiros a combater incêndio

Queimadas fazem fogo se alastrar pelo Pantanal de MS

Mais de 60 mil hectares de vegetação nativa foram destruídos desde o início da temporada de queimadas no Pantanal. O levantamento foi divulgado pela superintendência do Ibama em Mato Grosso do Sul, que atribui o cenário a uma combinação de seca intensa com a ação do homem.
"Num ambiente com grande quantidade de vegetação seca, qualquer manejo de pasto com fogo ou mesmo um pequena fogueira de um pescador podem desencadear um incêndio e esse fogo se alastrar pelo Pantanal", diz o superintendente regional, David Lourenço.
Somente em maio, 374 focos de queimadas foram registrados na região de Corumbá (440 km de Campo Grande), considerada o epicentro do problema. O numero representa um aumento de 712% em relação aos registros no mesmo mês em 2008 (50).
De janeiro a maio, Mato Grosso do Sul já contabiliza 980 focos de calor, o equivalente a 65% do acumulado em todo o ano passado. "Desse total, 80% foram na região de Corumbá, o que, nesta época do ano, é uma situação atípica", afirma Márcio Yule, coordenador do Prevfogo (Sistema Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais, do Ibama).
Segundo a Embrapa Pantanal, o nível do rio Paraguai deverá atingir em maio a terceira cota mais baixa para o período nos últimos 35 anos. A falta de chuvas, diz Yule, antecipou a abertura de acessos por terra ao Pantanal e, por sua vez, o calendário das atividades humanas.
Focos de incêndio foram registrados em áreas de pastagens nativas à beira do rio Paraguai --o fogo é usado para a limpeza, renovação e abertura de áreas para o gado. \"Há também o caso dos extrativistas de mel silvestre, que se utilizam do fogo para afugentar as abelhas\", diz Yule. Ontem, em Corumbá, uma chuva ajudou a extinguir as frentes de fogo que se alastravam nas proximidades da zona urbana.
A água também serviu para amenizar o desconforto vivido pelos moradores da cidade, que nos últimos dias tiveram de se habituar à fumaça e às cinzas no ar. Segundo o Ibama, a operação de emergência montada para combater os focos --que inclui helicóptero e 24 homens do Corpo de Bombeiros-- será ampliada com a criação de uma brigada municipal de incêndio, que terá a participação do Exército e da Marinha. Fonte: Folha ONline (Rodrigo Vargas)

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PALESTRA NA ABPEF NO RIO DE JANEIRO - CONVITE


PROF. DR. JORGE RIOS CONVIDA


"RECURSOS TECNOLÓGICOS EM PROJETOS HÍDRICOS EM BACIAS HIDROGRÁFICAS" = prof. jorge rios = http://www.profrios.kit.net/



Sexta-feira, 29 de Maio de 2009
De: "Jorge Rios ALTERNEX" Adicionar remetente à lista de contatos
Para: Prof. Jarmuth - SOS Rios do Brasil


TODOS estao convidados [ alunos, amigos, interessados , etc.... ]

saudacoes fluviais;

prof. jorge rios = www.profrios.kit.net

Chefe da DIVISÃO TÉCNICA DE RECURSOS HÍDICOS E SANEAMENTO – DRHS
Diretor Tecnico da ABPEF

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----- Original Message -----
From: Clube de Engenharia - Atendimento


To: clubedeengenharia@listas2.rits.org.br
Sent: Thursday, May 28, 2009 4:10 PM
Subject: “RECURSOS TECNOLÓGICOS EM PROJETOS HÍDRICOS EM BACIAS HIDROGRÁFICAS”

PALESTRA:

“RECURSOS TECNOLÓGICOS EM PROJETOS HÍDRICOS EM BACIAS HIDROGRÁFICAS”

PALESTRANTE:

ENGENHEIRO CIVIL MARCOS COTRIM SERPA

PROMOÇÃO:

DIVISÃO TÉCNICA DE RECURSOS HÍDICOS E SANEAMENTO – DRHS
DIVISÃO TÉCNICA DE ENGENHARIA DO AMBIENTE – DEA
DIVISÃO TÉCNICA DE RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS – DRNR
ABPEF

DIA 02/06/09 – 18H30– 20º ANDAR

AV. RIO BRANCO, 124 – CENTRO - RIO DE JANEIRO – RJ
[21] - 2178-9200 2178-9261 [LENICE OU DENISE ]

divisoes-tecnicas@clubedeengenharia.org.br

ENTRADA FRANCA

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CONTAMINAÇÃO NAS ÁGUAS DA GUARAPIRANGA, ALERTAM CIENTISTAS

A represa de Guarapiranga, em São Paulo, recebe todos os dias resíduos de remédios e produtos industriais (Foto: Sabesp)


Cientistas alertam que a água tratada contém restos de café e de remédios

PORTAL G1 - 28/05/2009

Pesquisadores detectaram substâncias perigosas na água potável. Falta de legislação dificulta a resolução do problema.

Atenção: tem café na sua água. Café e mais: resíduos de colesterol, hormônios sexuais, produtos industriais e uma infinidade de substâncias microscópicas que passam pelo sistema de tratamento das cidades brasileiras. Isso não quer dizer que a água seja imprópria para o consumo. Segundo todos os padrões internacionais de potabilidade, a água que chega às torneiras dos brasileiros é limpa e está pronta para beber. O problema é que, até hoje, a Organização Mundial de Saúde (OMS) não avaliou os riscos para a saúde desses resíduos.Matéria de Marília Juste, do G1, em São Paulo.

O alerta sobre a presença desses compostos vem de cientistas no Brasil e no exterior e tem sido feito há cerca de dez anos. As companhias de saneamento, no entanto, afirmam que não podem fazer nada enquanto não existir uma legislação sobre o assunto. Essas empresas seguem recomendações do Ministério da Saúde, que, por sua vez, segue as orientações da Organização Mundial de Saúde.

Os pesquisadores da OMS ainda estão investigando o assunto. Segundo a assessoria de imprensa do órgão em Brasília, não existem informações sobre o tema no Brasil. Por enquanto nem ao menos se sabe se essas substâncias fazem ou não mal à saúde e em que concentrações poderia morar o perigo.

“Os cientistas começaram a pesquisar e a detectar pequenas quantidades de substâncias perigosas na água que sai da torneira, aquela que já passou por todo o sistema de tratamento e está pronta para o consumo da população”, explicou o chefe do departamento de desenvolvimento técnico e inovação da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), Américo Sampaio, ao G1.

“Temos [esses] estudos, mas não temos um padrão”, afirma ele. “A água que entregamos na casa das pessoas obedece todos os padrões nacionais e internacionais de potabilidade. Ela é pronta para beber. Mas não temos ainda uma legislação sobre essas substâncias e sem ela não podemos fazer nada a respeito”, explica Sampaio.

Entenda

Toda vez que você toma uma medicação, parte dela é absorvida pelo seu organismo e parte é expelida, através da urina e das fezes. Isso não desaparece magicamente no ar. Vai até o sistema de esgoto, passa pelo tratamento e é liberado no ambiente. Depois, é capturado novamente pelo sistema de tratamento de água, passa por tudo e volta para a torneira da sua casa. Ou seja, parte (uma parte muito reduzida, é claro) do remédio para dor de cabeça que você tomou hoje pode voltar para sua torneira daqui alguns dias.

É preciso explicar que estamos falando de uma parte muito reduzida, mas muito reduzida mesmo, do remédio, café e afins. “Estamos falando de uma concentração muito pequena”, explica o professor Ivanildo Hespanhol, diretor do Centro Internacional de Referência em Reúso de Água (Cirra) da Universidade de São Paulo (USP). Mas não faz mal? Aí é que fica a interrogação.

É uma concentração muito pequena, mas que está aumentando ano a ano, graças ao crescimento da população brasileira. E enquanto a Organização Mundial de Saúde não tiver o que os cientistas chamam de “padrão de potabilidade de fármacos” – ou seja, uma definição do que seria considerada uma quantidade segura de remédios na água – as companhias não sabem como agir.
“Nós estamos em um nível de pesquisa muito inicial sobre isso, ainda restrito às universidades”, explica Daniel Cerqueira, analista de controle de qualidade da Companhia de Saneamento de Minas Gerais, a Copasa. “Que ocorre essa contaminação, ocorre. Mas ainda não sabemos nem mesmo qual a metodologia mais adequada para investigar esse problema”, explica.

Carlos Eduardo Pierin, gerente de controle de qualidade da Sanepar, a Companhia de Saneamento do Paraná, concorda. “Seguimos a portaria do Ministério da Saúde. Se a OMS ainda não se manifestou, não temos nem como saber onde procurar. Precisamos de mais estudos e para isso contamos com o apoio das universidades. É assim que a coisa funciona”, diz Pierin.

A companhia do Rio Grande do Sul, Corsan, diz que não tem dados sobre o assunto, mas que está se preparando para mudanças futuras na legislação. “Não estamos alheios à possibilidade de presença destes na água e seguimos nos equipando para, em breve, desenvolvermos tecnologia para efetuar estas determinações”, afirma o engenheiro da empresa, Ivan Lautert Oliveira.

É o mesmo que afirma o diretor de tecnologia da Sabesp, Marcelo Salles. “A Sabesp acompanha os estudos da comunidade científica nacional e internacional e cumpre os padrões da OMS”, declara. “A empresa aguarda o resultado dos estudos que estão em andamento.”

Estudos

As universidades estão atrás dos dados que as companhias precisam. O professor Wilson Jardim, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), estuda a presença dessas substâncias tanto antes quanto depois do tratamento de água nas bacias que servem a cidade do interior paulista. Seu estudo encontrou resíduos de produtos industriais (dietilftalato, dibutilftalato e bisfenol A), de cafeína, de colesterol e de hormônios sexuais (estradiol, etinilestradiol e progesterona) na água tratada. O mesmo seria encontrado em outras cidades do país, acredita ele. “Fizemos o estudo em Campinas, porque estamos na Unicamp. Mas a mesma coisa poderia ser vista em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília ou qualquer outra cidade”, afirma Jardim. “O que você procurar, você acha”, diz o cientista.

A preocupação dos pesquisadores é maior quando falamos dos hormônios. Por exemplo, aqueles que existem em comprimidos anticoncepcionais, que são expelidos pelo organismo de mulheres e liberados na água todos os dias.

Por enquanto não se sabe se isso pode causar algum problema à saúde humana, mas os hormônios em excesso já estão alterando o desenvolvimento de espécies de plantas e animais nas represas. “Temos encontrado peixes e sapos hermafroditas nas represas de São Paulo e acreditamos que isso tenha a ver com o excesso de hormônio presente na água”, explica o professor Hespanhol, da USP.

Os hormônios que bebemos não são reconhecidos como “inimigos” pelo nosso organismo. Na verdade, ele acredita que as substâncias têm todo o direito de estarem ali. O excesso atrapalha o funcionamento de todo o corpo, podendo levar a problemas de fertilidade tanto em homens quanto em mulheres. Além disso, o excesso do hormônio feminino estrogênio, comum em muitos tratamentos médicos e contraceptivos, está ligado a um risco maior de desenvolvimento de alguns tipos de câncer, como o de mama.

Tratamento

Se a má notícia é que não se sabe o quanto é preciso baixar o nível desses fármacos, a boa é que quando se souber, já será possível retirá-los da água. De acordo com Sampaio, da Sabesp, o primeiro passo para reduzir essa contaminação é melhorar o tratamento de água e esgoto que já está em operação. O professor Wilson Jardim, concorda. “A curto prazo devemos atualizar a tecnologia das estações de tratamento para limpar da melhor maneira possível o esgoto bruto que recebemos, e, assim, reduzir ao máximo a presença dessas substâncias”, afirma o cientista.

O segundo é mais complexo e exige uma mudança “política”, para o pesquisador da Unicamp. “O Brasil precisa começar a tratar, de fato, o esgoto. Nosso saneamento básico é extremamente deficiente. Chega a ser vexatório o que se investe em saneamento no nosso país”, diz o pesquisador.

Ivanildo Hespanhol, da USP, tem uma proposta para modernizar o tratamento de água brasileiro. No Cirra, sua equipe desenvolve membranas que prometem melhorar a qualidade da água, com o mesmo custo e ocupando menos espaço. “Se a gente substituísse o sistema atual pelo de membranas, ele ocuparia uma área de um quarto da original. Isso é extremamente importante em grandes centros urbanos, que precisam de espaço”, explica o pesquisador.

Para retirar os hormônios, os remédios e outros compostos orgânicos da água, a saída seria o uso de carvão ativado. “Nós temos a tecnologia e as companhias de saneamento precisam começar a aplicar”, afirma Hespanhol.

Fósforo

Se os fármacos assustam na água tratada, na água não-tratada o inimigo é o fósforo. Essa substância é um contaminante importante que é liberado no sistema de esgoto pelas fezes humanas. Uma vez na água, ele age como um “supernutriente” para microorganismos e algas na água. Não é a toa que o fósforo é um dos componentes dos fertilizantes agrícolas. “Sol, calor, luz e fósforo é o paraíso das algas”, explica Américo Sampaio.

O que sobra após o tratamento do esgoto é liberado nas águas. Se ocorrer em excesso, as algas se multiplicam perigosamente, entupindo canos nas represas e, no caso das algas chamadas de “cianofíceas”, que são tóxicas, colocando em risco a saúde humana.

A lei brasileira exige que as companhias de saneamento monitorem o nível de fósforo em todas as suas represas e rios. Mas embora existam métodos para retirar essa substância da água, as companhias de saneamento do país não os utilizam. “O Brasil faz apenas as etapas primária e secundária de tratamento de esgoto, que retiram o lixo sólido e as partículas solúveis [respectivamente]. A etapa terciária, que elimina o fósforo, praticamente não existe”, explica Iara Chao, que trabalha na Sabesp e desenvolveu uma nova forma de retirar essa substância da água, em seu mestrado feito na Universidade de São Paulo.

Nessa nova técnica, a cientista usa o lodo que é acumulado e jogado fora após o tratamento de esgoto. Esse lodo é rico em sulfato de alumínio, que reage com o fósforo e permite que ele seja retirado. “É um resíduo que é liberado no meio ambiente e que pode ajudar a eliminar o fósforo nas represas. Com esse método, a gente resolve dois problemas: remove o fósforo e recicla o lodo”, afirma Chao.

[FONTE: EcoDebate, 28/05/2009]

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