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19 de março de 2014

Ações conjuntas para enfrentarmos a escassez de água


Desde o início do Verão já era sabido que a estação das chuvas seria mais seca em relação aos anos anteriores, quando as frentes frias capazes de quebrar o bloqueio da massa quente posicionada no Sudeste do país tardavam mas chegavam com força. 

Mesmo com as previsões de estiagem atípica, esperava-se, entre dezembro e março deste ano, precipitação suficiente, se não para recompor os reservatórios, para evitar ao racionamento de água. 

Neste momento a situação se apresenta bem mais complicada do que as teses mais pessimistas anunciadas antes da temporada de chuva, com a possibilidade de termos também um 2015 seco.

Por isso, devemos ser realistas ao extremo sobre um eventual racionamento nos próximos meses caso não chova em volume suficiente, para que toda a população compreenda o que está acontecendo, o que pode acontecer e colabore.

Diante desse quadro, o Serviço Municipal de Água e Esgoto de Piracicaba (Semae) desencadeou recentemente uma campanha pública objetivando o consumo consciente de água, pedindo que a população evite lavar calçada e carro com esguicho, desligue a torneira enquanto escova os dentes, e o chuveiro enquanto se ensaboa, acumule roupas antes de ligar a máquina de lavar, não desperdice água enquanto lava louça, enfim.

São pequenos gestos que não comprometem o dia a dia das famílias e ajudam muito a evitar ou suavizar o racionamento. 

É evidente que somente ações na ponta do consumo não resolvem o problema. O Semae também precisa fazer sua parte, como vem fazendo.

O sistema de abastecimento de Piracicaba não é pequeno. Conta com 1.450 quilômetros de rede, o que daria para ir a Brasília e voltar até o meio do caminho. 

Por se tratar de um sistema relativamente antigo, com vários problemas acumulados ao longo de sua história, acumula uma perda de água de 45%, desde a captação até ao bico da torneira. 

Para encontrar uma solução compatível com a realidade orçamentária do município, temos realizado vários estudos sofisticados para se chega a um denominador comum. 

O estudo mais recente é o Plano Diretor de Perdas Físicas (PDPF), que exigirá investimentos da ordem de R$ 30 milhões nos próximos 20 anos para que Piracicaba possa atingir o padrão internacional de desperdício tolerável, estimado entre 20 e 25%. 

O núcleo do PDPF será executado nos próximos dois anos (conclusão prevista para até 2016), com investimentos de aproximadamente R$ 13 milhões, o que resultará em uma redução imediata estimada de no mínimo 9% do desperdício atual, com redução gradual até o objetivo estabelecido. 

Este núcleo consiste na setorização da rede com a instalação de registros e válvulas e a criação de um Centro de Controle Operacional (CCO), que permitirá o acompanhamento remoto do desempenho de cada setor a partir da telemetria. 

Serão instalados sensores nas válvulas capazes de informar a pressão na rede, permitindo saber se há vazamentos, onde e em qual dimensão. Assim, a equipe de reparo poderá ser acionada rapidamente com endereço preciso e a manutenção de um setor não comprometerá outro setor da cidade. 

Ou seja, um bairro não ficará sem água por causa de um problema ocorrido no bairro próximo. A colocação de válvulas para equilibrar a pressão no sistema (que deve ser entre 10 a 40 MCA) - já que pressão acima disso é um dos fatores que elevam o risco de vazamento -, por sinal, já começou. 

Nos últimos dois anos foram instaladas 10 delas e precisarão mais 40, além das 37 que já existiam, compondo um total de 87 válvulas. 

Os estudos do Semae indicam que com essas válvulas o monitoramento se torna uma realidade e até a parte mais velha da rede, localizada principalmente nas regiões centrais, densamente urbanizadas, onde hoje acontece o maior número de vazamentos, terá vida útil prolongada e com perdas controladas e reduzidas. 

Vale observar que o fato de haver desperdício na rede não deve desacreditar a campanha de conscientização sobre consumo responsável. 

Uma coisa não pode se sobrepor a outra. O Semae tem trabalhado muito para tentar encontrar o melhor caminho para a melhoria do sistema. Os estudos demoram tempo. 

Com o Plano Diretor de Perdas Físicas estamos bem mais capacitados para agir. Paralelamente, temos que destacar a campanha junto à população, estimulando o consumo consciente, que é fundamental para enfrentarmos este momento crítico. 

Vlamir Schiavuzzo é presidente do Semae (Serviço Municipal de Água e Esgoto)
Texto: Vlamir Schiavuzzo no Jornal de Piracicaba 12/03/2014

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3 de janeiro de 2012

SEGUNDA TRANSPOSIÇÃO DO RIO PARAÍBA DO SUL ASSUSTA RIBEIRINHOS


Rio Paraíba do Sul
               Além Paraíba, única cidade mineira cujo núcleo urbano é banhado pelo rio

Moradores vizinhos do Paraíba do Sul temem transposição de águas do rio

A mudança no curso seria para evitar o desabastecimento da região metropolitana paulista


FELIPE COURI


Comunidades que vivem às margens do rio Paraíba do Sul estão em alerta. Nos próximos dias, o governo de São Paulo deve concluir estudos iniciados em 2008 para evitar a escassez hídrica na região metropolitana paulista. A falta d’água pode ocorrer a longo prazo. Uma das alternativas levada em conta pelos técnicos é a transposição de parte das águas do Paraíba do Sul para o Sistema Cantareira.

Embora a pesquisa não esteja pronta, a mera possibilidade de que a água do rio – que banha 184 municípios de Minas, Rio e São Paulo – seja desviada é alvo de críticas de ambientalistas, autoridades e populações ribeirinhas. Todos preveem danos ao meio ambiente e repercussões sociais negativas. “Qualquer tipo de transposição traz mais impactos negativos do que positivos”, avalia o biólogo Geraldo Majela Sálvio.

Coordenador do grupo de Pesquisas em Planejamento e Gestão de Áreas Naturais Protegidas do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais (Ifet/Sudeste/MG), em Barbacena, Sálvio lembra que a mudança do fluxo natural do rio atrapalha, por exemplo, o ciclo reprodutivo de peixes que dependem da migração para procriar.

Segundo o biólogo, que é coordenador da organização não governamental (ONG) Brasil Verde, o menor volume de líquido também leva a um processo de eutrofização, provocado por micro-organismos que se multiplicam e consomem muito oxigênio da água. “Hoje, mais de 90% da poluição é causada pelo esgoto. Reduzindo a quantidade de água, aumenta-se a poluição”.

O Paraíba do Sul nasce na Serra da Bocaina, em São Paulo, com o nome de Paraitinga. Em Minas, banha 88 municípios e, na Zona da Mata, separa o território mineiro do fluminense. O curso d’água percorre 1.137 quilômetros até a foz em São João da Barra, no Norte do Rio de Janeiro.

O historiador Plínio Alvim, de Além Paraíba, diz que desde o começo do século passado o rio é alvo de transposições. Uma delas, na fronteira de Minas com o Rio, desviou cerca de três quilômetros do leito para a construção da usina da Ilha dos Pombos, na década de 1920. A usina pertence à empresa Light.

Em 1946, grande parte das águas do rio Paraíba do Sul foi desviada em Barra do Piraí (RJ) para o rio Guandu, alimentando reservatórios hidrelétricos e abastecendo 10 milhões de pessoas na capital fluminense. Segundo Osman Fernandes da Silva, especialista em recursos hídricos da Agência Nacional das Águas (ANA), esta transposição é da ordem de 180 metros cúbicos de água por segundo, representado 63% da vazão do rio na região.

Nas próximas semanas, 340 metros cúbicos de água por segundo, o equivalente a 77% da vazão na divisa de Minas com o Rio, serão desviados em Anta (RJ). Eles chegarão, por meio de um circuito hidráulico paralelo de 30 quilômetros formado por túneis, canais e diques, até os geradores da Usina Hidrelétrica de Simplício, do Sistema Eletrobrás/Furnas, em Além Paraíba. Lá, as águas retornarão ao leito do rio.Fonte: HOJE EM DIA



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