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20 de fevereiro de 2014

SOS RIOS DOENTES, POLUÍDOS E DEGRADADOS DE NOSSAS COMUNIDADES E SUAS CONSEQUÊNCIAS


sanitationmonrovia640 629x419 Água, saneamento e energia: contas pendentes

O problema não é a falta de chuvas
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   O grande desafio da gestão das águas é buscar a sustentabilidade ambiental, com obras e intervenções ecológica e economicamente viáveis

AGOSTINHO GUERREIRO


Será que a escassez atual de água em diversos reservatórios da Região Sudeste, colocando em risco a geração de energia hidrelétrica e o abastecimento de água em várias cidades, é devida principalmente à falta de chuvas? 

O problema crucial não é a falta de chuva, e nem necessariamente as mudanças climáticas, mas sim a degradação de nossas bacias hidrográficas, que estão cada vez mais impermeabilizadas. 

O equilíbrio do ciclo hidrológico na natureza é fundamental para a produção sustentável de água doce, para o atendimento ao abastecimento de água, irrigação e geração de energia, bem como para o amortecimento das enchentes, devido ao trabalho fundamental das florestas, que retêm a água das chuvas e as infiltram, permitindo a elevação das vazões fluviais nos períodos de estiagem, consequência do aumento da alimentação subterrânea aos rios, da água que se infiltrou no solo durante as chuvas.

O Crea-RJ já alertou as autoridades para esses problemas, em relatórios sobre as enchentes na Região Serrana em 2011 e na Baixada Fluminense e bairros da Zona Norte do Rio, em 2013, locais em que o solo está bastante desnudado e desprotegido. Praticamente quase nada foi feito. Lembro que em abril começa de fato o período de seca na Região Sudeste, e a situação da escassez de água se agrava.

O que precisa ser feito como principal meta nas políticas públicas não é simplificar o licenciamento ambiental das grandes barragens (que são altamente impactantes ao ecossistema fluvial), nem simplesmente priorizar a construção de mais barragens, já que, a cada ano, os rios estão ficando mais secos nas estiagens, mas, sim, incrementar ao máximo a gestão das bacias, como o reflorestamento em nosso país, de preferência com vegetação nativa, priorizando as Áreas de Proteção Permanente (APPs) — topos de morro, encostas com inclinação acima de 45 graus e faixas marginais de proteção dos rios —, como obriga o Código Florestal Brasileiro. 

Além disso, procurar implementar intervenções nas bacias hidrográficas visando ao aumento da permeabilidade do solo e de infiltração das águas de chuva (acumulando-as no reservatório da natureza, que são os lençóis freáticos). 

Acrescente-se, ainda, as necessárias atuações de controle da poluição hídrica. Tudo isso vai gerar a regularização ambiental sustentável do regime dos rios, diminuindo as enchentes e aprimorando a qualidade e quantidade de água doce dos rios, lagos e reservatórios durante as estiagens.

Portanto, o grande desafio da gestão das águas é buscar a sustentabilidade ambiental, com obras e intervenções ecológica e economicamente viáveis, e que beneficiem de fato a sociedade, com o aumento da recarga das águas das chuvas no solo, pois as enchentes e secas estão inter-relacionadas. 

As atuais enchentes e secas são como duas faces da mesma moeda! Somente com a recuperação do ecossistema da bacia hidrográfica se reduzirão, de fato e num futuro breve, os riscos de desabastecimento de água à população ou de apagões. O GLOBO




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