O Sistema da Cantareira, conforme se vê no esquema, é composto por: • Cinco reservatórios de regularização de vazões: Jaguari e Jacareí (interligados)
São Paulo e Campinas disputam água e há risco de racionamento
O sistema abastece duas das três maiores cidades paulistas e atravessa uma de suas maiores estiagens. MP quer retirada de menos água
São Paulo e Campinas estão em conflito. O motivo é a crise atual de fornecimento de água, que pode levar ambas as áreas a implementar racionamento de água. Os mesmos rios, com recursos finitos e cada vez mais degradados, abastecem as duas cidades.
Por isso, tanto a Agência Nacional de Água (ANA), em nível federal, quanto o Departamento de Água e Energia Elétrica (DAEE), no Estado de São Paulo, revisam a cada mês quanto cada fornecedora pode captar do sobrecarregado sistema Cantareira.
Além disso, a cada década o grande plano de operação do Cantareira é revisto - processo que está em curso neste momento, em meio a uma das maiores estiagens que se tem registro no sistema.
A crise atual é tão grave que o diretor-presidente da ANA, Vicente Andreu, vai defender, na reunião da diretoria do órgão, segunda-feira, que o debate das novas regras de operação seja interrompido.
Por isso, é bem provável que as duas audiências públicas marcadas para esta semana, que discutiriam as novas regras de operação do Cantareira a partir de agosto, sejam canceladas.
Controle
Mas o debate em curso entre São Paulo e Campinas não envolve apenas o futuro. O presente também divide bastante as opiniões. Na semana passada, o Ministério Público de Campinas recomendou aos responsáveis pelas regras do Canteira que obrigassem a Sabesp a retirar menos água dos reservatórios que administra no sistema.
Promotor de Justiça de Campinas, Rodrigo Garcia considera que o abastecimento de São Paulo está sendo feito em detrimento da segurança hídrica de Campinas e cidades vizinhas.
“A nossa intenção é preservar a qualidade do reservatório, inclusive para o período regular de estiagem, após abril”, diz Rodrigo Garcia.
A autorização dada tanto à Sabesp quanto à Sanasa (que abastece Campinas), prevê limites de segurança dos níveis dos reservatórios e uma poupança de água para eventos extremos, como o que está ocorrendo agora.
“É uma espécie de poupança virtual e pode ser que o sistema não se recupere depois. O risco de colapso existe”, diz Garcia, que se reuniu com vários técnicos da área para fazer suas recomendações.
Especialistas ouvidos pela reportagem confirmam que o sistema Cantareira está sendo operado dentro de um alto risco e que se não chover até março a situação será gravíssima.
A Sabesp, procurada, informou que cumpre todas as normas legais.
Segundo o DAEE, quem responde pelo sistema Cantareira é a ANA, em Brasília. (da Folhapress)
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