Fábrica fecha para SP ganhar represa
Após 30 anos de impasse, Estado vence disputa judicial por terreno
Vitor Hugo Brandalise - Estadão 14/06
Após uma disputa judicial que durou quase 30 anos, a unidade de Suzano da empresa Manikraft Guaianazes Indústria de Celulose e Papel deixou ontem de funcionar e vai dar espaço a um novo braço da Represa de Taiaçupeba, parte do Sistema Alto Tietê, no limite entre Suzano e Mogi das Cruzes. Conforme informou o Estado em março, a nova represa vai produzir mais 1,7 mil litros de água por segundo, o suficiente para abastecer 550 mil pessoas.
O Departamento de Águas e Energia Elétrica (Daee) estima que a fábrica seja demolida até setembro e que o trecho comece a ser inundado em janeiro. As cerca de 555 famílias que vivem nos arredores da fábrica da Manikraft - em um bairro conhecido como Vilinha, que costuma sofrer com constantes alagamentos - terão de deixar o local. Apenas 260 delas, porém, serão levadas para conjuntos habitacionais em Suzano.
Iniciada em 1978, a disputa judicial entre o Estado e a unidade da Manikraft de Suzano chegou ao fim em 19 de maio, quando o Tribunal de Justiça de São Paulo cassou uma liminar concedida em fevereiro a favor da fábrica. Essa liminar atrasou a desapropriação, que já havia sido decidida em 11 de fevereiro, pelo juiz Fernando Bartoletti, de Suzano - para o magistrado, a companhia colocou interesses particulares acima do interesse público.
A sentença só foi expedida após o pagamento da última parcela da desapropriação, de R$ 8 milhões. Em valores atualizados, o governo do Estado pagou, desde o início do processo, R$ 46,75 milhões em indenizações à companhia. "O início da construção já foi adiado por tempo demais. Isso, agora, chegou ao final. A demolição vai estar praticamente concluída em 90 dias", disse o superintendente da Daee, Ubirajara Tannuri Félix.
A Manikraft, contudo, não se dá por vencida - diz que vai recorrer novamente da decisão. Segundo um de seus diretores, Francisco Caseiro, a empresa vai entrar com um pedido de liminar para protelar mais uma vez a desapropriação no início da semana que vem. Eles vão alegar que a empresa não teve acesso aos resultados da avaliação dos peritos, que teve início há cerca de 40 dias."O problema é que os peritos terminaram o trabalho na quarta-feira. Como podem começar a desapropriar apenas dois dias depois? Além disso, não fomos informados dos valores que eles fixaram na companhia", disse Caseiro.
A unidade da Manikraft de Suzano ocupa área construída de 90,7 mil metros quadrados - 52,1 mil metros quadrados de área construída - e é utilizada para a fabricação de papel toalha. Desde ontem, oficiais de Justiça estão na fábrica, impedindo seu funcionamento. Um dos motivos para o interesse do governo em concluir logo as desapropriações é a criação da primeira Parceria Público-Privada (PPP) no setor de saneamento básico no Estado. A PPP Alto Tietê representa investimento de R$ 1,3 bilhão, em 15 anos de contrato de prestação de serviços.
MORADORES
Menos da metade das famílias que vive no local terá direito a um apartamento popular em sete unidades de conjuntos habitacionais que estão em fase final de construção em Suzano. Com as 295 famílias que não serão contempladas, segundo a secretária de Saneamento e Energia do Estado, Dilma Pena, o governo do Estado vai gastar cerca de R$ 4 milhões em auxílio para mudança, transporte e aluguel nos primeiros meses após a remoção.
Alto do Tietê: últimos mananciais
A criação de outro braço da Represa de Taiaçupeba permitirá a exploração plena dos dois últimos mananciais da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê - o Paraitinga e o Biritinga-Mirim. "São os últimos mananciais da região metropolitana com possibilidade de exploração", disse o diretor metropolitano da Sabesp, Paulo Massato. "Com 150 mil novos consumidores entrando no sistema por ano, o novo braço deve atender à demanda dos próximos sete a oito anos.
Conseguiremos tempo para estudar alternativas para aumentar a disponibilidade hídrica de São Paulo no futuro". Massato afirma que a alternativa ao Alto Tietê que está em fase mais avançada de estudos é o aproveitamento dos mananciais da Bacia do Rio Ribeira, na nascente do Rio Juquiá, próximo à cidade de Registro - OESP, 14/6, Metrópole,
Com a elevação da represa se perde uma indústria que deu empregos as pessoas da região, por outro lado beneficie grande população sem água e também traz laser com atividade a de pesca com passa tempo.Perdemos a indústria, os rios taiaçupeba e ganhamos uma represa, águas na torneira.
ResponderExcluirOsli Barroso