Negowat: novo recurso para negociações ambientais no Alto Tietê e Guarapiranga
Uma nova ferramenta será testada este ano como auxílio na negociação de conflitos sobre água e ocupação do solo na Bacia do Alto Tietê. É o Projeto Negowat, que utilizará a modelagem computacional multi-agente e jogos de papéis entre os envolvidos nessas questões.
A iniciativa é financiada pela Comissão Européia, Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agronômica para o Desenvolvimento (Cirad) da França e Fapesp, com a participação de várias instituições brasileiras, européias e da Bolívia, onde experiência similar será feita.
A coordenadora é a pesquisadora francesa Raphaèle Ducrot, do Cirad. Ph.D. em agronomia e especialista em modelagem multi-agente, ela trabalha sobretudo com problemas de gerenciamento de processos de decisão em sistemas de irrigação.
Há três problemas centrais no gerenciamento da Bacia do Alto Tietê, segundo Ducrot e outros integrantes do projeto:
1) melhoria da qualidade da água e proteção dos recursos, especialmente nas nascentes;
2) adequação dos recursos hídricos versus a demanda num contexto de crescimento populacional e aumento das tensões;
3) gerenciamento das inundações.
A ferramenta a ser elaborada pelo Negowat será testada em casos ligados a esses problemas tanto na cabeceira do rio Tietê quanto na Represa Guarapiranga e também nas proximidades de Cochabamba, na Bolívia.
A modelagem multi-agente é uma nova forma de representação computacional desenvolvida nos últimos 15 anos e que utiliza a chamada linguagem orientada a objetos. Segundo Ducrot, isso tem sido utilizado nos últimos 10 anos na indústria, nos robôs, no controle de tráfego aéreo em aeroportos e na análise do trânsito urbano, entre outros casos. Nos últimos 3 anos passou a ser utilizada em centros de pesquisa para gestão de recursos naturais.
A pesquisadora explica que o interesse nesse tipo de modelagem deve-se ao fato de ele possibilitar um modelo muito aberto e permitir representar, simultaneamente, fenômenos biofísicos e sociedades virtuais, onde agentes representam seres humanos, com comportamentos básicos como a possibilidade de tomar decisões, ter uma representação do ambiente e dos outros, de se comunicar e de agir. Entretanto, ela considera que esses modelos são bons para representar sistemas complexos, mas não são adequados para fornecer previsões: “São mais interessantes para ajudar os atores a discutir a partir de cenários possíveis”.
“Não tenho certeza se uma representação muito complexa de um sistema ajude na tomada de decisão, por isso nossa primeira hipótese é trabalhar com um modelo muito simples.
“Não tenho certeza se uma representação muito complexa de um sistema ajude na tomada de decisão, por isso nossa primeira hipótese é trabalhar com um modelo muito simples.
O importante é que os atores concordem com a representação feitas sobre eles”, comenta Ducrot. A modelagem será refeita até que todos concordem com a forma com estão sendo retratados. Feito isso, acontecerão os jogos de papéis entre os envolvidos no problema. “Outra vantagem de articular a modelagem multi-agente com o jogo de papéis é que a modelagem é fechada, depois da concordância com as representações, enquanto o jogo de papéis é aberto, com as pessoas podendo propor outros enfoques e posturas.”
Exemplos de casos possíveis são os conflitos que podem surgir com agricultores, que podem alegar não concordar em pagar pela água que ajudam a conservar. Outro caso pode ser a negociação entre municípios que possuem recursos hídricos abundantes mas não os consomem e os municípios que usufruem desses recursos. Outra possibilidade é a situação das invasões de áreas de mananciais por loteamentos irregulares.
Mais: informações sobre o Negowat
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