IGARAPÉS DE BOA VISTA (RR) POLUÍDOS POR ESGOTO CLANDESTINO

Esgotos clandestinos ameaçam igarapé

Moradores que moram perto desse bueiro reclamam da fedentina que exala do igarapé
O igarapé Jararaca, que passa em boa parte do bairro Mecejana, é mais um dos mananciais urbanos que está sofrendo com a poluição e pode se tornar um esgoto a céu aberto, caso providências urgentes não sejam tomadas.

A poluição pode ser vista a olho nu. Na calha do igarapé são lançados restos de peças de roupas, sobras de comidas, animais mortos, além da lama de esgotos residenciais clandestinos.

A situação é tão flagrante que os moradores sentem a consequencia do problema, com a sujeira, a proliferação de insetos e o mau cheiro que exala do local, principalmente no trecho que fica na avenida Venezuela, próximo da esquina da rua Mestre Albano, na divisa com o bairro Liberdade.

Hernando Cases, gerente de uma loja de pneus que fica localizada ao lado do igarapé, disse que o mau cheiro incomoda o trabalho dos empregados e afasta os clientes. Ele comentou que o acúmulo de lixo atrai insetos e doenças. “Tive que colocar uma caçamba para a coleta de entulho a fim de que as pessoas não joguem mais os lixo no igarapé. Já solicitamos várias vezes da Prefeitura e da secretaria do Meio Ambiente, mas não obtivemos nenhuma resposta”, disse.

O morador José Pinto denuncia e existência de esgotos clandestinos residenciais lançados no esgoto pluvial que acabam lançando os detritos no igarapé. “Hoje não vejo mais o local como uma nascente de um igarapé, e sim com um esgoto a céu aberto”, reclamou.

Segundo um engenheiro civil que não quis ser identificado, o problema existe há mais de quinze anos. As águas do igarapé Jararaca correm até o Igarapé Mecejana e a junção dos dois forma o igarapé Caxangá, ao longo da avenida Glaycon de Paiva. As águas poluídas do Caxangá são lançadas direto no rio Branco, na altura no Caetano Filho, núcleo urbano conhecido como Beiral.


SMGA - Sobre a degradação e a poluição do igarapé Jararaca, a Secretaria Municipal de Comunicação da Prefeitura de Boa Vista informou que a Secretaria Municipal de Gestão Ambiental e Assuntos Indígenas (SMGA) enviou uma equipe local, mas não encontrou nenhuma irregularidade relacionada a esgotos.

Porém, a assessoria confirmou que uma equipe irá novamente ao local para continuar as vistorias a fim de verificar se há focos de lançamento de esgotos no igarapé. Caso seja constatado o lançamento de detritos no igarapé, as pessoas que estiverem causando o dano ao meio ambiente serão enquadradas na Lei Municipal Nº. 513, que dispõe sobre a política de proteção, do controle e da conservação do Meio Ambiente e da melhoria da qualidade de vida no Município de Boa Vista.

A secretaria esclareceu que os casos de crimes ambientais podem ser informados para o setor de fiscalização pelo telefone 3624-4451 ou para a Central 156 da Prefeitura.

Estudo aponta degradação de igarapés de menores extensões

Um estudo realizado desde o ano passado pela Universidade Federal de Roraima (UFRR), denominado de “Projetos Ídolos – ligado a Petrobras Ambiental”, fez um mapeamento dos principais igarapés da área urbana e o levantamento sobre os impactos ambientais sofridos por esses mananciais.

Os maiores problemas são os despejos de esgotos domiciliares clandestinos e as ocupações de moradores em área de preservação ambiental próximos de igarapés de menor extensão como o Jararaca e o Tiririca.

De acordo com o coordenador do projeto, Wladimir de Sousa, as nascentes dos igarapés de maiores extensões, como o Caranã, Grande, Pricumã, Frasco, Caxangá, Mirandinha e o Paca antes eram lagoas.

“Na década de 50 e 60, os mapas hidrográficos mostram como esses igarapés eram lagoas e cerca de 90% dessas águas desapareceram por um efeito de ocupação do homem às margens de suas águas. Ao contrário do que muitos pensam, uma lagoa serve para o escoamento da água das chuvas, principalmente em Boa Vista, por ser uma cidade feita sobre lagoas”, disse.

Ele acrescentou que os problemas de alagamento como nos estados de Santa Catarina, São Paulo e Minas Gerais são consequências de descaso do homem e dos órgãos ambientais com a natureza.

Segundo o coordenador do projeto, ainda não há uma conclusão dos estudos feitos sobre a qualidade das águas dos igarapés em Boa Vista. Contudo, disse que a poluição desses igarapés afeta diretamente os rios Cauamé e o Rio Branco e consequentemente o homem.

Os igarapés de menores extensões, como o Jararaca e o Tiririca, são os mais depredados e poluídos devido aos despejos de lixos e esgotos. Com a poluição das águas dos igarapés, Sousa disse que a comunidade corre o risco de contrair doenças como hepatite, dengue, malária, doenças de verminoses e doenças de pele.

A mata ciliar, que é a formação vegetal localizada nas margens dos lagos, represas e nascentes é fundamental para a preservação dos igarapés. “As pessoas precisam ser conscientizadas que o desmatamento provoca depredação dos igarapés e que os mesmos são fundamentais para manter o equilíbrio natural do meio ambiente”, orientou.


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