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2 de fevereiro de 2014

MINEIROS DE POUSO ALEGRE VISITAM E SOCORREM RIBEIRINHOS DO VELHO CHICO, NO NORTE DO ESTADO


Paulo Guimarães
Fotos: Alexandre Barbado



ATITUDES PRÓ-ATIVAS DE MINEIROS DO SUL PRÓ IRMÃOS DO NORTE DE MG

...São brasileiros morrendo de fome e de sede, sem nenhuma ajuda, sem nenhum apoio e atendimento de nenhum governo ou entidade...uma triste e chocante realidade comprovada pelos mineiros de Pouso Alegre.

No fim do ano passado um grupo de pousoalegrenses (MG) resolveu fazer algo a mais em suas vidas e propuseram conhecer a realidade dos mineiros do norte do Estado. O grupo viajou até as cidades fronteiriças com a Bahia, envoltas do Rio São Francisco, e puderem ver o estado de miserabilidade de quem vive naquela região.

O grupo se denomina por missionários da Caravana da Salvação, um grupo sem fins religiosos, nem políticos, sem discriminação de grupo, raça e não vinculando a imagem deles a qualquer tipo de promoção, apenas querendo o bem social de quem não tem nenhum tipo de ajuda. 

Rita de Cássia Delfino Augusto, o marido Edvaldo Augusto, Helbert José Freitas, conhecido por Beto, todos de Pouso Alegre, juntamente com Alexandre Barbado, de Ouro fino, resolveram encarar esse desafio e checar de perto sobre o que se comenta da vida levada na porção norte de Minas Gerais. 

Vale do São Francisco
Foram três dias de permanência do grupo na região norte, passando pelas cidades de Januária, Pedras de Maria da Cruz, São João das Missões e Itacarambi. O contraste vivido no sul de Minas com o destas cidades visitadas foi denominado como ´choque´, justamente pela distinção brutal da realidade.

Os integrantes viveram um ´choque´ cultural e outro de pensamentos, tamanha a diversidade encontrada nos dois extremos mineiros, norte e sul. Explica Rita de Cássia que, por mais dificuldade encontrada no sul de Minas, ainda assim a pobreza daqui não é maior que a vivida no norte do Estado. Compara que o sul de Minas é uma região privilegiada economicamente, propiciando mais recursos aos moradores da região sul, ao contrário de lá. 

Sintetiza, ´perto deles nós somos ricos e eles são miseráveis. Ali você vê outra realidade´, citando que os índices de prostituição infantil e suicídio são os maiores do Estado, conforme pesquisa feita com base em dados fornecidos naquela região, comparados com os daqui.

A porta de entrada, a BR-040, deu a primeira impressão ao grupo. ´Eu não imaginava esse lado miserável. Quando eu entrei na BR-040, que liga o Rio a Goiás, passando por Minas, uma rodovia perigosa, eu pude perceber as histórias que as pessoas contam´, relata.

Desprovimento geral
´A água do rio é a única fonte que os habitantes utilizam para realizar todas as necessidades que um ser humano precisa. ´A água que eles bebem é do Rio São Francisco, o banho deles é do Rio São Francisco, a comida deles é feita com a água do Rio São Francisco. Eles não têm banheiros, nada, é um abandono total´.

A comida é tão escassa que até osso acaba virando alimento de uma viúva e seis filhos. Tinha um pedaço de osso, e essa família eu inclusive tirei a foto, com alguma carne grudada, ali curtindo no sol, para fazer uma sopa. Isso era o alimento de uma mãe que ficou viúva há três meses, com seis crianças. O marido morreu de doença de chagas´, contam, chocados, os integrantes da Caravana.

Para estudar, as crianças precisam atravessar o rio em barcos que praticamente estão quase afundando. Isso para chegar à escola sem recurso didático algum, sem caderno, nem outro tipo de material escolar.

Ilha da Capivara
Exatamente neste local, o grupo ficou tocado pela realidade. As palavras de Rita descrevem o quanto se pode perceber de tamanha pobreza. ´Eu não sabia se tirava as fotos, ou se eu chorava, o que eu fazia. Crianças que não têm roupa, crianças que não têm sapato, crianças que não têm um comprimido para dor de cabeça se tiver passando mal ali. Totalmente abandonados. As casas são de taipas, casas feitas de pau trançado com barro´. 

O mais desolador, percebe o grupo, é a falta de quem faça valer os direitos daqueles habitantes do norte mineiro. Além disso, não há qualquer assistência material, nem humana. ´Você não vê nada ali, não vê saneamento, não vê assistente social, não vê nada. E você pergunta pra eles se alguém do governo vai lá, ninguém. Eu não sei como eles sobrevivem´, descreve.

´O caos vivido é tão extremo que famílias inteiras vêem seus filhos morrerem de desnutrição. E não é conto para inglês ver, são histórias contadas ao grupo. ´Tem histórias ali, inclusive eu vi mesmo, de pessoas que têm 11 filhos, morreram os 10 e ficar só um. Morrer de desnutrição. O que eles têm a fazer ali? Nada!´, relata, aflita.

São João das Missões
É neste município onde fica a reserva indígena dos Xacriabás. Durante os dias em que o grupo esteve no local, havia conflito entre os índios e fazendeiros vizinhos à aldeia. O grupo, que só entrou na reserva após mais de uma hora de espera e sob ordem do cacique, constatou que deveria ser mostrado pela mídia o motivo do conflito, que gira em torno da água.

´A Funai mostra o bonito da sede dela, mas o que é feio eles não mostram. Nós conhecemos uma família de índios e o que eles tinham de alimento eram três saquinhos de leite em pó, eu creio que era de 250 gramas cada saquinho. Isso era o alimento deles´. 

A questão a ser resolvida não está localizada apenas a uma família de índios, isto é, ´famílias como essa tem centenas lá´. Ao todo, são 35 aldeias dentro da reserva dos Xacriabás. 


O Rio São Francisco é, portanto, alvo do conflito vivido entre os fazendeiros, que utilizam o rio, e os índios, a que lhe restaram a parte seca. ´Na realidade, eles estão morrendo. Então, o conflito é esse. Eles querem o rio. 

O governo está mostrando o conflito, mas não mostra o motivo, que é a água. Eles morrem de sede, eles morrem de fome. Você fala, ´meu Deus, eu nunca vi isso! São situações que a gente fica horrorizada´.

Esperança
Ao se despedirem dos habitantes, o que marcou foi a pergunta, ´vocês vão voltar?´. Rita avalia que a esperança deles não são as pessoas que moram lá.

´A esperança deles são as pessoas que saem de todo o lugar do país onde vivem para ir suprir as necessidades deles. Eles sim são a parte esquecida do governo. Aquela realidade o governo não mostra´, revela.

O grupo vai continuar na missão de ajudar aquelas pessoas e contam com os recursos dos habitantes da região do sul de Minas. ´Eu voltei com esse desejo mesmo de criar raízes aqui, porque aqui tem o recurso. Eles precisam lá, mas aqui, graças a Deus, tem recurso e pessoas que podem ajudar´. 

A ideia é conscientizar as pessoas daqui, principalmente as que detêm mais poder aquisitivo, com condições de ajudar. São doações que o grupo está arrecadando, e não dinheiro. ´A gente não está pedindo dinheiro, não estamos pedindo um centavo, nós estamos pedindo doações em alimentos, que eles precisam muito, leite em pó, que seria necessário, principalmente para os ribeirinhos que teriam alguma coisa para dar para as crianças à noite´, pede a integrante. 


Outro item básico indispensável é roupa, ´mas não é resto que eles precisam. Eles precisam de amor, de carinho, de pessoas que não vão lá, mas que mandam sua ajuda, isso que eles estão precisando´. 

Rita destaca que essa ajuda não será feita esporadicamente, e sim constantemente, como explica. ´Nós estamos com esse projeto e vai ser direto porque lá tem homens fortes, mulheres fortes, mas não tem emprego. E se eles abandonarem lá, vão fazer o quê? Morar na rua? Não tem como. Eles querem trabalhar, mas não tem como. A comida deles sai do rio. É uma situação bem precária mesmo´.

Donativos
As doações serão levadas no mês de março, por um dono de uma transportadora que cedeu a carreta e o combustível. Quem puder ajudar com alimentos e roupas, pode procurar um dos dois pontos disponíveis pelo grupo para arrecadação dos donativos, nas lojas do missionário Beto, na Avenida Vicente Simões, nº 955, ou na Avenida Vereador Antônio da Costa Rios, nº 55.

´Não serviu para mim, serve para o meu próximo. Isso significa tudo, objeto de casa, coisas de crianças, brinquedos, as crianças não tem uma bola para brincar, eles brincam com chuchu e esse chuchu vira sopinha de tarde. Eles brincam de boizinho com o chuchu. Se as pessoas puderem ajudar, com material de escola, roupa de criança e principalmente os alimentos. Uma coisa que eu acho essencial, leite em pó, que não vai estragar, não vai ter o perigo de estar vencendo rápido e as crianças, os idosos, vão ter o que tomar também à noite. Eles sabem viver com pouco, mas dando valor ao que eles têm. Isso que a gente quer passar´, solicita Rita.

A missionária termina ressaltando a independência do grupo com qualquer entidade organizacional, seja religiosa ou política. ´Não é instituição religiosa, por que nos ajudam espíritas, ateus, católicos, protestantes, evangélicos, todos nos ajudam, 


Não tem fins lucrativos, não é uma ONG, é ajuda humanitária de pessoas que formaram um grupo de missionários. É isso que está escrito na Bíblia, "tive fome e me deste o que comer, tive sede e deste o que beber, estava nu e me vestiste"






  Fonte: TV UAI - http://www.tvuai.com.br/tvuai/2343

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