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1 de maio de 2013

APÓS PERCORRER 184 MUNICÍPIOS E ABASTECER 12 Mi DE PESSOAS, RIO PARAÍBA RECEBE 1 Bi DE LITROS DE ESGOTOS


Rio Paraíba do Sul recebe despejo de vários dejetos ao longo de seu percurso. Em Campos, a situação não é diferente

Poluição crônica no Paraíba do Sul

28/abr/2013
  • Wilson Cabral ressalta trabalho educacional em Campos
  • Justen: descarte irregular de dejetos orgânicos no rio
  • Área do Conjunto Habitacional Volta Grande IV, na Região Sul
  • Rio Paraíba do Sul recebe despejo de vários dejetos ao longo de seu percurso. Em Campos, a situação não é diferente
Wilson Cabral ressalta trabalho educacional em Campos
Keylla Thederich
Com um percurso total de 1.120 quilômetros da Serra da Bocaina, no Estado de São Paulo, onde nasce, até sua foz, em Atafona, no município de São João da Barra (SJB), o Rio Paraíba do Sul, que passa por três estados – São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro e 184 municípios – está em estado de poluição crônica, segundo o ambientalista Aristides Soffiati. 


Como se não bastasse a contaminação de um bilhão de litros de esgoto doméstico despejados diariamente, o rio sofre com mais uma ameaça de contaminação: os metais pesados despejados pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), que já atingem as águas do Paraíba do Sul no município de Volta Redonda, na Região Sul Fluminense.
Segundo Soffiati, mesmo tendo sido lançado no solo e não diretamente na água, o ascarel (tipo de óleo altamente nocivo à saúde), o principal elemento de contaminação em Volta Redonda pode chegar a Campos, o que segundo ele, agravaria muito a degradação da água, flora e fauna do Paraíba.
De acordo com informações do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), nenhum tipo de metal foi encontrado nas águas do rio em Campos, mas o monitoramento feito pelo órgão revela que o Paraíba está poluído com coliformes fecais e dejetos orgânicos.
Alvo de estudos de diversos órgãos, atualmente o Rio Paraíba do Sul apresenta altos índices de contaminação oriundos do que acontece ao longo de toda sua bacia. Segundo Soffiati, os principais responsáveis pela poluição são os lançamentos de esgoto doméstico e de produtos químicos, os dejetos industriais e o lixo. Ele ressalta que alguns fatores como desmatamento, assoreamento, transposição das águas da bacia e a construção de barragens acabam afetando a fauna e a flora do rio, que ao longo dos anos vem perdendo a sua força. “As consequências do somatório de todas essas ações, além da poluição permanente, é a diminuição da biodiversidade e o desequilíbrio da composição do próprio rio”, afirmou Soffiati.
Plano progressivo e integrado sugerido
Apesar de sofrer ao longo dos anos com tantos problemas, o Paraíba é protegido e monitorado por diversos órgãos como Inea, Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), Secretaria Municipal e Estadual de Meio Ambiente de Campos, Comitê Executivo de Estudos Integrados da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul (Ceivap), além de ambientalistas, como o próprio Soffiati. Com isso, várias ações e políticas públicas tentam garantir a “saúde” do rio.
Segundo especialistas, o principal é que a população e as empresas se conscientizem da importância do Paraíba e que um plano progressivo e integrado pelo Governo Federal, estados do Rio, São Paulo e Minas Gerais e municípios seja elaborado, instituído e executado.
Sendo a única fonte de abastecimento de água para mais de 12 milhões de pessoas no Estado do Rio, vários fatores contribuem para a poluição do Paraíba, segundo o Ceivap, como a disposição de lixo inadequada e irregular, desmatamento indiscriminado que acarreta erosão e assoreamento dos rios afluentes, a retirada de recursos naturais, uso indevido e não controlado de agrotóxicos, extração de areia, pesca predatória e ocupação desordenada do solo, entre outras. Segundo o órgão, um bilhão de litros de esgotos domésticos sem tratamento são despejados diariamente nos rios da bacia do Paraíba, sendo sua carga poluidora total de 300 toneladas de dejetos orgânicos lançados por dia, dos quais 86% de origem doméstica e 14%, industrial.
Contaminação e multa em Volta Redonda 

A contaminação que atinge o solo e o lençol freático do terreno de 10 mil metros quadrados, onde está localizado o Conjunto Habitacional Volta Grande IV, afetando 2.200 moradores, segundo a Secretaria Estadual do Ambiente, é de responsabilidade da CSN. No último dia 8, o órgão aplicou multa de R$ 35 milhões, que poderia chegar a R$ 50 milhões, caso fosse comprovada a contaminação das famílias que vivem no local. 
De acordo com o secretário estadual do Ambiente, Carlos Minc, a extensão da contaminação no lençol freático ainda é medida, mas o nível está entre um metro e 1,5 metro, considerado superficial. No entanto, ressaltou que os poluentes podem ter se espalhado por uma área maior.
A secretaria informou que o solo e o lençol freático foram contaminados por 18 produtos tóxicos, entre eles o ascarel, cujo nível de contaminação no local é 90 vezes maior do que os padrões aceitáveis. Outros elementos, como chumbo, cádmio, zinco e cromo, também superam os limites toleráveis.
Especialistas revelam que esses elementos podem causar sérios danos à saúde como: alterações neurológicas graves, câncer, efeitos nocivos ao sistema nervoso central, disfunções endócrinas, entre outros. Além da multa, a CSN terá que arcar com os custos de remoção dos moradores e o pagamento da descontaminação do solo, que pode chegar a R$ 60 milhões. O Inea também estabeleceu o cumprimento de 22 medidas complementares com prazos determinados.
Educação Ambiental
Na tentativa de amenizar a situação do Rio Paraíba do Sul, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Campos realiza semanalmente um trabalho de conscientização, através de palestras destinadas a crianças e jovens da rede de ensino pública e particular que visitam o Centro de Educação Ambiental. “No Centro nós realizamos um trabalho de orientação de como podemos cuidar do rio, sobre a importância dele para a nossa região e de educação ambiental. Além da educação formal, através dessas visitas, existe um trabalho de educação informal também diretamente com a população”, afirmou o secretário de Meio Ambiente, Wilson Cabral.
Ele ressaltou que a questão da proteção ambiental já avançou muito, mas precisa avançar muito mais. “O Rio Paraíba do Sul é um grande patrimônio que nós temos e a população precisa se conscientizar da importância do Rio. Temos que discutir cada vez mais as questões ambientais para que as futuras gerações tenham um planeta muito melhor e habitável, já que água é vida”, concluiu Cabral.
Visitação - O Centro de Educação Ambiental funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h, na Avenida José Carlos Pereira Pinto, 300, em Guarus. Para a visitação, os responsáveis pelas escolas devem fazer o agendamento na sede da Secretaria de Meio Ambiente, na Avenida Osvaldo Cardoso de Melo, 1233, no Parque São Caetano, ou através do telefone 2738-1096.
Coliformes presentes
Segundo informações do superintendente regional do Inea, René Justen, os índices de coliformes fecais encontrados no Rio Paraíba do Sul se deve ao descarte irregular de dejetos orgânicos. Ele explicou que o monitoramento dos níveis de poluição no rio é realizado mensalmente pelo órgão ambiental. “Nós temos quatro pontos da calha principal entre o município de Itaocara (na Região Noroeste Fluminense) e a foz, onde é feita a análise da água, estando localizados nos seguintes municípios: Cambuci, São Fidélis, Itaocara e Campos”, revelou o superintendente regional do Inea.
Além disso, de acordo com Justen, uma análise bimestral é realizada em outros 12 pontos nos afluentes do Rio Paraíba do Sul. Ele também ressaltou que esse monitoramento é feito há 30 anos, o que significa um histórico de índices e dados sobre a qualidade da água e o nível de poluição no rio.


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