O litoral paulista enfrenta os maiores problemas socioambientais do Estado, com favelas e sem saneamento básico.
O problema de saneamento é mais grave no litoral norte, região de maior crescimento populacional do Estado.
Ali, os índices de coleta e tratamento de esgoto não passam de 30%.
O esgoto chega aos rios e córregos e polui a água nas praias.
No mês passado, o governo de São Paulo anunciou que serão aplicados R$ 240 milhões no litoral norte, o que subirá os índices de esgotamento na região para 85%.
Há também a ocupação desenfreada, que levou à derrubada da Mata Atlântica, ao aterramento de mangues e à construção de favelas, que, sem saneamento, aumentam ainda mais a poluição nessas áreas - FSP, 10/10, Cotidiano, p.C4.
Preocupação
A explosão imobiliária no litoral norte, embora traga empregos e mais arrecadação de impostos, preocupa as prefeituras. Além da crônica falta de água e de redes e tratamento de esgoto, há ainda os congestionamentos, comuns nos horários de chega e saída das praias, e o aumento do lixo doméstico.
Um outro ingrediente nocivo ao ambiente do litoral norte: a migração desordenada de pessoas que vão trabalhar em grandes obras e acabam em áreas de favelas, como já ocorreu entre os anos 1970 e 1980.
Carlini diz que a cidade de São Sebastião tem estrutura para absorver o crescimento imobiliário, com exceção dos sistemas de água e esgoto, de responsabilidade da Sabesp.No final do ano, bairros da região ficaram sem água e, na costa sul, a rede de esgoto é precária. Ainda há casos de vazamento de esgoto diretamente na areia da praia, como ocorre na orla de Juqueí.Segundo Carlini, a prefeitura investe 37% do Orçamento, de R$ 294,5 milhões neste ano, em infra-estrutura, incluindo escolas e postos de saúde."Essas melhorias atraem investidores.
Outro atrativo é o "congelamento" das favelas, que pararam de crescer, mas a Sabesp precisa investir", diz.A Sabesp, há duas semanas, anunciou investimentos de R$ 469 milhões em todo o litoral paulista em sistemas de água e saneamento básico.Segundo a empresa, os sistemas de água em Caraguatatuba, Ubatuba e São Sebastião produziram no final do ano 20% a mais em comparação ao mesmo período de 2006.
Em Ilhabela, o aumento foi de 50%.Para o prefeito de Ilhabela, Manoel Marcos de Jesus Ferreira, o que mais preocupa é a superpopulação na cidade com os lançamentos de condomínios -o maior terá 139 casas. Segundo ele, a aprovação ocorreu antes da mudança no Plano Diretor, que restringiu as construções no município."É o momento de todo o litoral norte começar a pensar primeiro na infra-estrutura, colocar o pé no freio e verificar se está preparado", afirma.
Com a construção civil aquecida em todo o Estado, além das grandes obras de estrutura na região -a base de gás e o gasoduto entre Caraguatatuba e Taubaté, a ampliação do porto de São Sebastião e a duplicação da rodovia dos Tamoios-, já falta mão-de-obra.É o que diz o diretor regional do Sindicato dos Trabalhadores na Construção Civil, Antônio Carlos da Silveira. "Com tantas obras, não há pessoal suficiente na região", afirma.
Há hoje cerca de 7.000 trabalhadores no litoral norte. "Há mesmo um risco de haver muito mais migração", afirma.
Lixo sem solução
Outra questão ambiental latente no litoral norte é a falta de áreas adequadas para depósitos de lixo, o que obrigou a Prefeitura de Ilhabela a encaminhar seus resíduos para um aterro sanitário no Vale do Paraíba.A coleta de lixo já é complicada, porque as cidades são altamente espalhadas, ao longo da rodovia Rio-Santos, o que exige grandes deslocamentos dos caminhões.Em São Sebastião, município que se estende por mais de 100 km de litoral, o lixão da praia da Baleia foi fechado em razão de graves problemas de poluição.
Como Ubatuba e Caraguatatuba sofrem o mesmo problema, a solução foi criar um consórcio intermunicipal para criar um aterro regional. O local escolhido foi Caraguatatuba, que, além de estar no centro do litoral norte, ainda conta com áreas livres para o aterro.
Verde ameaçado
Um grupo de jovens que mora em Juqueí teme que a falta de água fique mais comum e que a natureza sofra impacto negativo com o grande empreendimento que a Cyrela lançou no local, de 125 casas."É uma grande área verde que vão ocupar, onde encontramos tucanos, lagartos, diversos pássaros", afirmou o balconista Levi Almeida Ribeiro, 19. A propaganda da obra diz que 92% de área verde será "intocavelmente" preservada.Regina de Paiva Ramos, da Samju (Sociedade Amigos do Juqueí), afirma que o empreendimento é "sério" e que vai respeitar a lei. "Eles se comprometeram a usar mão-de-obra local e vão construir sobre pilotis [conjunto de colunas] para evitar a impermeabilização e o desmatamento", diz.
Para a chef de cozinha Andréa Garcia Lopes, que mora há 17 anos na Itália e passa as férias no Brasil, um empreendimento para 42 casas não deveria ser feito em Paúba. "Não tem nada de bom nisso. A cada ano que eu venho há menos mata. Quem vem em busca de natureza vai procurar outro lugar", diz.
O comerciante Alexandre Zeronian, que trabalha em Paúba e depende dos turistas, acredita que a praia não tem porte para receber mais pessoas. "Vai fazer um estrago muito grande, vai precisar de mais encanamento, maior rede de esgoto", diz ele, que vende jóias na praia.
Fonte: Folha de São Paulo - AFRA BALAZINA
Fui para Juquei neste final de semana e observei o crescimento desenfreado das favelas. È lamentável e muito triste o que está ocorrendo naquela região. Desmatamento, poluição, pessoas vivendo como bichos sem infra-estrutura, saneamento básico, etc.
ResponderExcluirProponho que a associação de moradores de Juquei e a prefeitura de São Sebastião ACORDEM para o perigo que estão correndo.Em poucos anos essa região irá se transformar em numa nova Guarujá - feia, perigosa, poluída. Os imóveis irão se desvalorizar e os turistas irão embora gerando desemprego e aumentando a violência nas áreas marginalizadas pelo Estado.
Para reverter essa situação todos devem fazer a sua parte. Algumas sugestões: a prefeitura deverá cadastrar os moradores das favelas e não permitir que mais moradores se instalem nesses locais. Para isso devem eleger representantes da comunidade que deverão fazer um monitoramento constante da área. Funcionando como uma espécie sindicos. Os comerciantes de Juquei, as imobiliárias e as construtoras deverão contribuir para o pagamento desses serviços.
A prefeitura deverá criar normas para exigir que as construtoras providenciem locais apropriados e definitivos para os funcionários evitando que depois de terminada a obra essas pessoas construam barracos nos morros.
Promover ampla campanha nas favelas alertando para o risco que essas pessoas correm de em breve perderem os seus empregos. Para o aumento da violência e aumento do controle de traficantes e pessoas mal intencionadas transformando a vida dessas pessoas num inferno.
Providenciar locais adequados para essas pessoas com saneamento básico e infra-estrutura adequada. Muitos são trabalhadores honestos e merecem a devida dignidade.
Os condomínios, as grandes áreas comerciais, os hotéis deveriam prever o alogamento para um percentual dos seus funcionários.
Somente através de vontade política essa situação poderá mudar.
Caso isso não ocorra, ADEUS POBRE JUQUEI. Tão bela, mais entregue nas mãos de pessoas corruptas, egoistas e miopes....