Pelas águas doces dos rios
20/07/2010Fonte: O Globo, Razão Social, p. 11
Pelas águas doces dos rios
Governo federal faz estudo para ampliar em 9 mil km malha hidroviária
Martha Neiva Moreira
martha.moreira@oglobo.com.br
O Ministério dos Transportes finalizou em maio um estudo para avaliar a viabilidade de um investimento, orçado em R$ 8 bilhões, que pode ampliar em nove mil quilômetros a malha hidroviária no país. A proposta de passar de 13 para 29% a participação do modal aquaviário na matriz de transporte de carga do país já consta do Plano Nacional de Logística e Transportes (PNLT) desde 2008. Hoje, cerca de 60% da carga são transportadas por rodovias.
Para Fernando Fialho, diretor da Agência Nacional de Transporte Aquaviário (Antaq), ligada ao Ministério, o investimento vale, tanto do ponto de vista econômico - pois reduz-se em torno de 20% o custo final do produto -, quanto ambiental:
- Se investirmos nas hidrovias, emitiremos 68% a menos de CO2 pela mesma tonelada de carga transportada nas rodovias. Não tenho dúvidas de que o investimento vale. Qualquer trabalho internacional de transporte sobre o tema mostra que vários países no mundo que podem investir em hidrovias estão fazendo isso como solução ambientalmente responsável - disse Fernando Fialho.
O economista Carlos Lessa é um entusiasta do transporte por hidrovias. Para ele, nenhum mecanismo econômico inteligente pode apostar em um sistema de transporte rodoviário em um país de dimensões como o Brasil.
- Tudo o que se puder transportar em grande volume reduz fantasticamente o custo do frete. O que temos de espetacular neste país são as três bacias hidrográficas.
Só na bacia do Rio Madeira temos quatro mil quilômetros navegáveis que não são utilizados, a maior parte com calado profundo. Ou seja, toda a região do Rio Madeira pode ser interligada por hidrovia.
Em tese, o Brasil poderia ter um sistema eficiente de hidrovias interligado com sistema de cabotagem, já que as principais cidades do país estão próximas da costa. Só que, historicamente, o investimento foi feito primeiro em ferrovias, pois o país tinha restrições financeiras fortíssimas e a implantação da malha poderia ser programada ao longo do tempo. Após a Segunda Guerra, apostamos nas rodovias, responsável pela criação efetiva de um um mercado interno - explicou Lessa, que é ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Pelos dados da Antaq, em todo o país há cerca de 45 mil quilômetros de hidrovias. Deste total, só 15 mil são utilizados. A razão, segundo Lessa, é o alto custo de obras de adaptação dos rios, que inclui construção de eclusas, preservação das matas ciliares e das calhas, além de obras de dragagens.
- O orçamento de R$ 8 bilhões para a ampliação da malha hidroviária avaliado no estudo do Ministério inclui todas as adaptações necessárias para ampliação da rede - contou Fernando Fialho. - O que falta para o estudo sair do papel é planejamento e alocação de verba.
Suzana Khan, ex-ministra do Meio Ambiente e atual pesquisadora na área de sistemas de transporte da Coppe/UFRJ, acha que ainda há alternativas mais interessantes para o meio ambiente antes de fazer um investimento na ampliação da malha hidroviária do país.
- Há muito o que se fazer antes. Para se investir em hidrovias, é preciso estudo detalhado, que não passa apenas pelas obras de construção de eclusas para o rio se tornar navegável por exemplo. E, mesmo estas obras, são caras. Mas é preciso também uma avaliação detalhada pelo múltiplo uso da água. O impacto de uma hidrovia é grande. Há locais em que a água é usada para agricultura. Hoje o que é mais óbvio para mim quando se trata de transporte de carga é recuperar as malha de ferrovia. Uma locomotiva puxa vários vagões. É mais carga com menos consumo de energia.
Para Fernando Fialho, diretor da Agência Nacional de Transporte Aquaviário (Antaq), ligada ao Ministério, o investimento vale, tanto do ponto de vista econômico - pois reduz-se em torno de 20% o custo final do produto -, quanto ambiental:
- Se investirmos nas hidrovias, emitiremos 68% a menos de CO2 pela mesma tonelada de carga transportada nas rodovias. Não tenho dúvidas de que o investimento vale. Qualquer trabalho internacional de transporte sobre o tema mostra que vários países no mundo que podem investir em hidrovias estão fazendo isso como solução ambientalmente responsável - disse Fernando Fialho.
O economista Carlos Lessa é um entusiasta do transporte por hidrovias. Para ele, nenhum mecanismo econômico inteligente pode apostar em um sistema de transporte rodoviário em um país de dimensões como o Brasil.
- Tudo o que se puder transportar em grande volume reduz fantasticamente o custo do frete. O que temos de espetacular neste país são as três bacias hidrográficas.
Só na bacia do Rio Madeira temos quatro mil quilômetros navegáveis que não são utilizados, a maior parte com calado profundo. Ou seja, toda a região do Rio Madeira pode ser interligada por hidrovia.
Em tese, o Brasil poderia ter um sistema eficiente de hidrovias interligado com sistema de cabotagem, já que as principais cidades do país estão próximas da costa. Só que, historicamente, o investimento foi feito primeiro em ferrovias, pois o país tinha restrições financeiras fortíssimas e a implantação da malha poderia ser programada ao longo do tempo. Após a Segunda Guerra, apostamos nas rodovias, responsável pela criação efetiva de um um mercado interno - explicou Lessa, que é ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Pelos dados da Antaq, em todo o país há cerca de 45 mil quilômetros de hidrovias. Deste total, só 15 mil são utilizados. A razão, segundo Lessa, é o alto custo de obras de adaptação dos rios, que inclui construção de eclusas, preservação das matas ciliares e das calhas, além de obras de dragagens.
- O orçamento de R$ 8 bilhões para a ampliação da malha hidroviária avaliado no estudo do Ministério inclui todas as adaptações necessárias para ampliação da rede - contou Fernando Fialho. - O que falta para o estudo sair do papel é planejamento e alocação de verba.
Suzana Khan, ex-ministra do Meio Ambiente e atual pesquisadora na área de sistemas de transporte da Coppe/UFRJ, acha que ainda há alternativas mais interessantes para o meio ambiente antes de fazer um investimento na ampliação da malha hidroviária do país.
- Há muito o que se fazer antes. Para se investir em hidrovias, é preciso estudo detalhado, que não passa apenas pelas obras de construção de eclusas para o rio se tornar navegável por exemplo. E, mesmo estas obras, são caras. Mas é preciso também uma avaliação detalhada pelo múltiplo uso da água. O impacto de uma hidrovia é grande. Há locais em que a água é usada para agricultura. Hoje o que é mais óbvio para mim quando se trata de transporte de carga é recuperar as malha de ferrovia. Uma locomotiva puxa vários vagões. É mais carga com menos consumo de energia.
A malha ferroviária representa 25% da matriz de transporte do país.
ANTAQ www.antaq.gov.br
O Globo, 20/07/2010, Razão Social, p. 11
Por onde navegam as riquezas | |||||
Onde estão algumas das maiores hidrovias do mundo e o que é transportado por elas | |||||
Hidrovia | Reno Danúbio | Mississippi Missouri | Yang-Ts | Paraná Tiet | Volga Báltico |
Onde | Europa | Estados Unidos | China | Brasil | Rússia |
Extensão (em 1 000 km) | 8,1 | 6,3 | 2,7 | 2,4 | 1,1 |
O que transporta | Carvão, minérios, combustíveis, grãos, turistas | Combustíveis, cereais, ferro, aço, fertilizantes, passageiros, carvão | Cereais, passageiros, carvão, minérios | Soja, álcool, milho, trigo, calcário, areia, cana-de-açúcar | Carvão, cereais, passageiros, minérios |
Fonte: Fatec/Coordenadoria do Curso de Navegação Fluvial |
VALE- investimento na compra de barcaças para hidrovia
Transpetro abre concorrência para comprar 80 barcaças para etanol
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