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3 de julho de 2010

SOS RIO JUCU - VITÓRIA (ES)


O rio Jucu pede socorro

Rafael Carvalho Neves
Vitória, 30 de junho de 2010

"O rio Jucu é um curso d’água de domínio estadual (cerca de 80 km de extensão) com a sua foz situada na praia da Barrinha, costa sul do município de Vila Velha. A desembocadura do rio Jucu está situada na Reserva Estadual de Jacarenema, declarada Unidade de Conservação em 28 de julho de 1997."

O estado do Espírito Santo possui aproximadamente 400 km de linha de costa. Não obstante a realidade dos demais estados costeiros do Brasil, a região costeira Capixaba vem sofrendo diversos impactos ambientais decorrentes da ação antrópica, como a ocupação populacional indevida, implantação de indústrias, atividades portuárias e agrícolas e, principalmente, lançamento de efluentes sem tratamento na região costeira, responsáveis pela poluição orgânica e de metais pesados das águas.

A degradação do ambiente costeiro é mais preocupante na Região Metropolitana de Vitória e no município de Guarapari (maior balneário do Estado), devido à grande ocupação urbana e intensa atividade turística.

O rio Jucu é um curso d’água de domínio estadual (cerca de 80 km de extensão) com a sua foz situada na praia da Barrinha, costa sul do município de Vila Velha. A desembocadura do rio Jucu está situada na Reserva Estadual de Jacarenema, declarada Unidade de Conservação em 28 de julho de 1997.

Esta reserva, localizada no distrito de Barra do Jucu, possui uma área de aproximadamente 247,36 ha e é uma das únicas áreas na Região Metropolitana de Vitória que ainda possui uma considerável vegetação de restinga.



Juntamente com o rio Santa Maria da Vitória, o rio Jucu é um dos principais cursos d’água que abastecem a Região Metropolitana de Vitória e vem sofrendo lançamento direto de resíduos sólidos domésticos, industriais e hospitalares, além da existência de aterros inadequados nas margens do rio e nas suas imediações.

Outro agravante é o crescimento urbano acelerado em suas margens e foz. Essa ocupação ocorre de forma bastante intensa e desordenada, criando problemas quanto às atividades econômicas associadas à urbanização, como a intensa atividade pesqueira, e ao destino final do lixo produzido por essa população.

Observando esse contexto, um grupo de pessoas, incluindo alunos formandos do curso de Oceanografia da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e a professora da disciplina de Poluição Ambiental do curso, decidiu analisar espacial, temporal (quatro amostragens), qualitativa e quantitativamente os dejetos sólidos que chegam à praia da Barrinha durante um mês (entre outubro e novembro de 2009), a fim de se conhecer a influência do rio Jucu como fonte de lixo no ambiente costeiro.

Coincidentemente, uma elevada precipitação atingiu toda a bacia hidrográfica do rio Jucu (anomalia de pluviosidade maior que 100 mm) durante cinco dias do período de coleta. Desta maneira, pode-se também analisar a influência da maior pluviosidade, associada ao aumento da vazão do rio Jucu, na quantidade e tipo de resíduos sólidos encontrados na praia da Barrinha.

Após quatro campanhas amostrais em cinco seções perpendiculares a linha de costa, os resultados mostraram que 46,3% do peso total de lixo coletado na praia da Barrinha eram plásticos. Esta alta porcentagem de plástico encontrada é reflexo da sua grande utilização em bens de consumo humanos, principalmente pela sua resistência e baixo custo, elevada persistência no ambiente e ineficácia ou inexistência de programas de gerenciamento de resíduos sólidos. Outros resíduos muito encontrados durante o período de coleta foram pedaços de borracha, vidro, lixo orgânico (cascas de frutas), madeira trabalhada, tecidos e equipamentos de pesca.



As maiores porcentagens em peso de lixo foram encontradas na região próxima a desembocadura do rio Jucu, evidenciando a contribuição predominante do aporte fluvial na chegada de resíduos sólidos na praia da Barrinha. Entretanto, muitas pessoas frequentadoras da praia, como pescadores, surfistas e turistas, não recolhem os seus resíduos. Esta contribuição pode ser principalmente observada na região próxima à Ponte da Madalena (principal meio de acesso a praia da Barrinha), onde uma maior quantidade de resíduos orgânicos foi encontrada.

O aumento da quantidade de lixo coletado durante o período de maior pluviosidade foi clara. A título de comparação, durante o período chuvoso, o peso do lixo coletado na seção amostral mais próxima a desembocadura do rio foi dez vezes maior (20 kg) que o peso de lixo amostrado na mesma seção antes da elevada influência pluvial (2 kg). Vários materiais incomuns, entre eles calçados, pneus, porta de geladeira e pedaços de colchão, foram encontrados na praia durante o período amostral mais chuvoso.


A destinação inadequada dos resíduos sólidos às margens do rio Jucu, assim como o mau hábito dos frequentadores da praia da Barrinha, associado ao não recolhimento dos resíduos produzidos durante as suas atividades de lazer, foram claramente evidenciados nos resultados do estudo. Esse panorama pode ser facilmente encontrado em quase todos, senão todos, os rios e praias do Estado.

Algumas ações sociais, como a campanha “Praia Limpa” realizada anualmente pela Secretaria de Meio Ambiente do Espírito Santo em diversas praias do estado e a manifestação pública anual da “Descida Ecológica do rio Jucu”, são muito importantes e visam conscientizar a população sobre a relevância da conservação ambiental. Entretanto, a utilização adequada do ambiente costeiro Capixaba parece uma realidade ainda muito distante, fruto da exígua consciência ambiental da população e da negligência governamental com o meio ambiente.

Colaboradores do estudo

Larissa Albino da Silva Santos
Kyssyanne Samihra Santos Oliveira
Izabel Christina Martins Nogueira
Diego Venturini Loureiro
Tarcila Franco
Priscila Moreira Farias
Geórgia Moraes Catabriga
Geandré Carlos Boni
Silvia Nossa Bourguignon
Profa. Dra.Valéria da Silva Quaresma

Análise quali-quantitativa da distribuição de lixo na Praia da Barrinha (Vila Velha-ES)


Fonte: Postagens do Site GLOBALGARBAGE - Jornalista Ambiental Fabiano Barreto

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