ODE AO VELHO CHICO - CANTO AO RIO DA UNIDADE NACIONAL

23.01.2014 - 03:26   por Redação

Canto ao rio da Unidade Nacional

Ode ao Velho Chico

Rio São Francisco

                  

As margens e no entorno (Bacia) do Rio São Francisco vivem aproximadamente vinte milhões de pessoas, são 504 municípios, sete estados (Minas Gerais, Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco) e Goiás e Distrito Federal (entorno Bacia).
          

O Baixo São Francisco é a região mais penalizada pelo descaso governamental, quanto ao abastecimento e principalmente quando falamos do esgotamento sanitário, o governo federal tem uma dívida social com os barranqueiros do Baixo São Francisco, outrora, convivente com o vai e vem das enchentes naturais do Velho Chico, com farta produção das mais diferentes espécies de peixes, berço de fauna e flora diversas, hoje luta contra a adversidade, o abandono, e a situação de miserabilidade a que foi relegado.
           

O que justifica a pressa desenfreada da transposição?  Com certeza não é a falácia de que vamos levar água para consumo humano dos irmãos da Paraíba, Ceará, e Pernambuco. É notório o interesse das grandes empreiteiras, financiadoras contumazes das campanhas eleitorais, os grandes latifundiários, aí, onde mora o perigo, é a corrupção anunciada, é um projeto originalmente orçado em R$ 4,5 bilhões, porém as estimativas é que ultrapasse a casa dos R$ 18 bilhões.
           

Na opinião de João Suassuna engenheiro da fundação Joaquim Nabuco, “a transposição caracteriza-se como um projeto ruim, socialmente preocupante e politicamente desastroso, pois alem de ignorar o mal estado do rio, visa como sempre concentrar água, terra e poder e levará o dinheiro público para o ralo da corrupção”.
            

Dom Luiz Cappio, que recentemente esteve em Penedo, foi  categórico ao afirma  “a transposição é mentirosa, antiética, ant-isocial, injusta e economicamente inaceitável”. O Bispo dizia na oportunidade: “O projeto é socialmente injusto porque vai beneficiar um pequeno grupo, enquanto que projetos alternativos podem beneficiar quase toda a população do Nordeste do semiárido. Ela é ecologicamente insustentável porque, enquanto o projeto de transposição agride a realidade do Rio São Francisco, os projetos alternativos são altamente sustentáveis. E a transposição é eticamente inaceitável porque é mentirosa, enquanto os projetos alternativos estão aí para poder atender as necessidades do povo”.
           

Antes de gastar bilhões de reais na transposição, o governo tem que aplicar urgentemente recursos na revitalização do Rio São Francisco, na recuperação das matas ciliares, no tratamento do esgoto sanitário, enfim são ações de investimentos infinitivamente inferiores aos previstos para a transposição, que hoje é o mesmo que fazer transfusão de sangue de um paciente numa UTI em estado terminal. O rio pede socorro, e nós penedenses da boa cepa temos que nos insurgir, lutar, protestar contra esse crime de morte, hediondo, que o governo vem cometendo contra o rio e o povo ribeirinho.
          

Que o Rio São Francisco com virilidade, continue a inspirar os poetas que mexem com nossos sentimentos.

Eu e o Rio

Miltinho, Luiz Antonio (autor)

  

Rio, caminho que anda,

e vai resmungando, talvez, uma dor.

Ah! Quanta pedra levaste,

quanta pedra deixaste, sem vida e amor.

Vens, lá do alto da serra,

o ventre da terra, rasgando sem dó.

Eu também venho do amor,

com o peito rasgado de dor e tão só;

Não viste a flor se curvar,

teu corpo beijar e ficar lá "prá" traz.

Tens a mania doente, de andar só "prá" frente,

não voltas jamais

Rio, caminho que anda,

o mar te espera, não corras assim

eu sou o mar, que espero,

alguém, que não corre "prá" mim...

              José Machado – advogado
              Presidente – OAB/PENEDO.

Fonte: José Gois Machado e Miltinho - http://correiodopovo-al.com.br/

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