Os pinguins-de-magalhães que são encontrados debilitados ou feridos no período de inverno nas praias do litoral norte paulista e recolhidos para reabilitação no Instituto Argonauta para a Conservação Costeira e Marinha e Aquário de Ubatuba, passarão a ser monitorados por satélite pelos pesquisadores dos dois órgãos e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), de São José dos Campos (SP).
O projeto, inédito no Brasil, foi colocado em prática como teste na sexta-feira passada, quando o Aquário de Ubatuba e o instituto soltaram 37 pinguins da espécie, a 150km da costa do litoral norte, entre Ubatuba e Ilhabela. Um dos pinguins, apelidado de “Capitão” pelos pesquisadores, em alusão ao desenho animado Madagascar, levou acoplado em seu dorso um GPS, em formato de antena, que permitirá o monitoramento em tempo real de sua localização e da temperatura corpórea e da água.
“Os pinguins passam por um longo processo de reabilitação, que muitas vezes chega a seis meses. Após recuperados, realizamos a soltura, mas não sabemos o que ocorre depois”, explica o oceanógrafo Hugo Gallo, diretor do Aquário de Ubatuba e coordenador da operação. A soltura mobilizou um navio-patrulha da Marinha do Brasil, com 34 tripulantes, além de veterinários e biólogos dos dois órgãos. A operação durou 15 horas e os animais foram soltos em uma localidade próxima das plataformas de petróleo.
As medições, neste primeiro momento, serão feitas três vezes por semana, a cada 48 horas.
Segundo Gallo, o ponto de soltura foi previamente calculado pelo Inpe com base em dados do satélite Argos para que os animais encontrassem uma corrente marítima que os levassem de volta à costa da Patagônia argentina e Ilhas Malvinas, de onde migraram para o Brasil. “É como se os deixássemos em um rio abaixo. Agora, a própria correnteza os levará de volta para casa.” Um dos pinguins, porém, não acompanhou o grupo e foi novamente recolhido.
O oceanógrafo conta que o número de pinguins encontrados no litoral brasileiro aumentou. Não se sabe ainda o quanto a ação humana (poluição do mar e pesca predatória) tem interferido na sobrevivência desses animais durante a migração anual. Em 2013, 62 pinguins foram tratados e liberados.
Fonte: O Estado de S. Paulo