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7 de janeiro de 2009

Cantinho Literário - "O RIO DE MINHA INFÂNCIA" (II)


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Vera Vilela
Blog ENCANTANDO O TEMPO
http://www.veravilela.com/





DOCE RIO DA MINHA INFÂNCIA

Um rio clarinho
Delícia de se ver
Pedrinhas cobrindo o fundo
Cascudos passeando
Entre os pés meninos

Juntando pedras maiores
Fazemos uma pequena represa
E matando a aula de educação física
Ganhamos um banho
No nosso “pequeno marzinho”

Brincadeira de criança
Jamais esquecida
Uma diversão sem igual
Refresco no calor
Tão pertinho de casa

Hoje, olhando o mesmo rio
Águas negras de esgoto
Cheiro ruim e ratos passeando
Dá uma dor no peito
E uma grande saudade

Vontade de ser mágica
E transformar com uma palavra
O negro e podre rio
Naquele, da minha infância
E mergulhar nas águas
Do doce Tamanduateí*.

Abraços


Atracadouro e lavadeiras às margens do Rio Tamanduateí, c. 1890.
Crédito: Marc Ferrez - SP 450 Anos

*Rio Tamanduateí

De 35 quilômetros de extensão, o Rio Tamanduateí (a palavra quer dizer "tamanduá grande" em tupi; os antigos sertanistas o chamavam de Rio Piratininga) nasce cristalino no município de Mauá, passa pelas cidades de Santo André e São Caetano, atravessa o centro de São Paulo, no Parque D. Pedro II, até desaguar no Rio Tietê, no bairro do Bom Retiro, em frente ao Palácio das Convenções do Anhembi.


O Tamanduateí era um rio bastante sinuoso que cumpriu importante papel na formação da cidade de São Paulo, permitindo a navegação até o Rio Tietê e facilitando a locomoção dos moradores e dos sitiantes que residiam nas vizinhanças.

Teodoro Sampaio escreve sobre a navegação no Tietê e no Tamanduateí no final do século XVI: "Embarcados na sua canoa o padre, o negociante, o fazendeiro, o simples homem do povo podiam atingir qualquer ponto da zona povoada em torno de São Paulo".
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6 comentários:

  1. Vera Vilela abrindo o tema com chave de ouro, com este poema encantador sobre o Rio Tamanduateí e as alegrias das brincadeiras de crianças privilegiadas por conviverem assim tão proximamente com o rio limpinho e tranqüilo !
    É por isso que precisamos nos empenhar, para que esta maravilha possa ser vivida pelas crianças do presente e do futuro !
    A pesquisa do Professor Jarmuth está supimpa, com a foto e a história viva do Tamanduateí !
    Parabéns aos dois !

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  2. Onde nasci não havia rio, mas havia a vontade mágica de transformar o pequeno riacho no fundo da casa no mais caudaloso rio, cheio de cardumes diversos e barcos navegando ao sabor do vento. Felizmente era só a magia da imaginação, senão seria hoje uma língua negra de esgoto tal qual o Rio Tamanduataí, que um dia atraiu tamanduás e aventureiros que fincaram uma cidade às suas margens.
    Beijos e vamos à luta contra a matança dos nossos rios.
    Tom

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Parabéns Vera,
    pela sensibilidade, pela competência de descrever em poucos versos a beleza do Tamanduateí de sua infância....realmente deve ter sido fantástico!

    Sabe Vera, a gente não precisa ser mágico para tranformar "o negro e podre rio" dos dias atuais, naquele rio lindo e maravilhoso de nossa infância....
    Basta fazermos alguma coisa, com o estamos tentando fazer, divulgando o que estão fazendo com nossos cursos d' água nas cidades e usarmos "todas as nossas palavras", até mesmo o "verso & prosa" para sensibilizarmos as pessoas, os administradores, os políticos...
    Vc quer rios mais poluídos do que os da Europa? Em pouco mais de 20 anos foram revitalizados e renaturalizados....
    Basta vontade política para tal...
    Continuemos nossa luta, usando de todas as tricheiras possíveis e principalmente NOSSAS FORTES PALAVRAS para salvar nossos agonizantes rios do Brasil....
    Como diz muito sabiamente o TOM DO JUNCO: "vamos à luta contra a matança dos nossos rios"!

    Prof. Jarmuth/Equipe ISOSRiosBr

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  5. Lindo Rio da infância e da saudade!Que a tua poesia seja mais uma trincheira de luta pelo direito à vida dos nossos rios.Um abração, Vera! Parabéns ao Prof. Jarmuth e sua equipe pela iniciativa corajosa e necessária em tempos de silenciamento conivente.Deus os proteja!

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  6. Obrigado Edna!
    Aguardamos a sua contribuição falando do Rio da Sua Infância.
    Abrçs

    Prof. Jarmuth

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