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5 de outubro de 2008

AZENHA PERGUNTA: SABEMOS PRESERVAR? QUEREMOS PRESERVAR?


O BRASIL QUER FAZER COCÔ NO RIO AMAZONAS

31 de agosto 2008 - Luiz Carlos Azenha
Se um dia me fosse dado o direito de gastar dinheiro público eu faria uma coisa muito simples: pagaria uma passagem de avião para cada brasileiro conhecer a Amazônia.
Nada de ir apenas a Manaus. Seria obrigatório fazer "programa de índio". Viajar de barco. Subir o rio Negro e o Solimões. Ir aos confins do Brasil, às fronteiras com a Guiana, a Venezuela, a Colômbia e o Peru.

Tive a sorte de fazer isso, graças à família Marinho e à TV Cultura de São Paulo -- ou seja, neste último caso graças ao contribuinte paulista. Pouca gente pode dizer: "Conheço a Amazônia". É pretensioso. Dá para dizer: conheci alguma coisa. É fascinante. É maravilhoso. É inacreditável. Você volta com outra visão do Brasil.
Pagar uma viagem para cada brasileiro conhecer a Amazônia, presumo, teria um caráter altamente educativo. Foi o que aconteceu comigo. Minha ficha caiu quando eu subia o rio Solimões em direção a Tefé, de onde viajei para conhecer a Reserva de Desenvolvimento Sustentável de Mamirauá. Esta reserva é um modelo da exploração economicamente sustentável da floresta.

Os moradores locais foram treinados para policiar o parque. São os maiores interessados em evitar a destruição. Há um sistema de rodízio que permite a pesca em algumas lagoas. Há um sistema que permite a retirada de madeira mas nunca de árvores-matrizes, responsáveis pela reprodução da floresta. A reserva é visitada por centenas de turistas americanos e europeus, que pagam caro para fotografar os bichos.

Foi nessa viagem que eu me dei conta de minha ignorância sobre a Amazônia. E da necessidade de mudar de paradigma quando se discute o "desenvolvimento" da Amazônia.
Não dá para aplicar, na Amazônia, o mesmo modelo de desenvolvimento aplicado em São Paulo.
Para início de conversa é preciso considerar a complexidade do sistema de águas e das enchentes.
Boa parte da Amazônia fica sob a água por alguns meses do ano. É justamente por isso que não dá para aplicar, na Amazônia, a agricultura intensiva de outras regiões brasileiras. A interligação dos rios significa que, se você colocar 5 milhões de pessoas no estado de Roraima o cocô dessas pessoas vai acabar no rio Branco, que deságua no Negro, que acaba no Amazonas.

Se você colocar 5 milhões de pessoas em Roraima, da noite para o dia, você vai precisar de uma indústria local que produza -- e polua -- para cinco milhões de pessoas. Onde é que vai parar essa sujeira? Vai ficar contida em uma estufa em Boa Vista? Ou vai descer os rios e se juntar à poluição causada por outros milhões?


O Brasil desconhece a Amazônia.
E nem sabe direito o que quer fazer nela e dela. Enquanto isso o Brasil deveria ter cuidado com o que faz na Amazônia. Para não repetir lá, com efeitos muito mais perversos, o que fez em São Paulo com o rio Tietê, por exemplo. Com a impermeabilização dos solos. Com a destruição da mata Atlântica.
Destruir o brasileiro já mostrou que sabe.
Sabemos preservar? Queremos preservar? Esse é o desafio. Porém, pelos comentários que leio neste site a respeito das terras indígenas nós não temos nada a aprender com eles.
Temos que "civilizá-los", transformá-los em consumidores plenos. O Brasil branco só vai ficar feliz quando estiver fazendo cocô, em peso, no rio Amazonas...
Fonte: Luiz Carlos Azenha -
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