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10 de janeiro de 2009

Cantinho Literário - "O RIO DE MINHA INFÂNCIA" (IV)



O rio de minha infância: Córrego do Correia (Taubaté)‏


Colaboração da:

Profª Adriana Caldeira
Rudge Ramos - SBCampo - SP





Vi peixinhos passando
por pedrinhas que brilhavam no fundo,
vi a água cristalina
e senti a brisa em meu rosto.
De noite as estrelas vinham
ver seu reflexo na água,
disseram que até uma sereia nadava por lá.

Lógico que tudo era mágico e que só estava na minha
cabeça e nos meus sonhos,
partes descritas dos livros infantis que ganhava.

A triste realidade é que desde que nasci em 1965
no Jardim Santa Clara, em Taubaté, o Córrego do Correia,
ou rio do Convento Velho, como os antigos chamavam,
tinham detritos,sofás rasgados,pneus velhos, resto de
animais mortos...
Ate hoje recebe parte do esgoto da "DONA SABESP"
e tem na verdade, um odor fétido, insuportável.

Mamãe nunca deixou que jogássemos nada no rio,
ela com sua bem pouca instrução escolar,
mas grande respeito ao que Deus nos dera,
achava melhor que enterrássemos os cães e gatos
no nosso próprio quintal e colocássemos o lixo na
lixeira!

A minha infância feliz,
ao lado de uma família simples de Taubaté
imaginava o rio acima descrito,
límpido de águas cristalinas...
Lá se vão 44 anos...
e o pobre rio continua a agonizar!!!!!

Adriana Caldeira -SBCampo
foto anexa, ilustrativa, não é do Córrego.


CÓRREGO DO CORREIA OU DO CONVENTO VELHO
Famoso e antigo "Pátio da Breganha" (ou da barganha) localizado nas margens do Córrego do Correia (ou do Convento Velho) é marca registrada da cidade. (Fonte: ABREU, 1980,p.106)

É um córrego de pequeno porte que nasce no Bairro do Belém, antes da Rodovia Presidente Dutra e corta toda a cidade, na sua parte mais baixa. Está canalizado até a linha férrea da antiga Central do Brasil e sobre a canalização foi construida a importante Av. Desembargador Paulo de Oliveira Costa (duas pistas e canteiro central). Após os trilhos da estrada de ferro, corre a céu aberto até a divisa da cidade de Tremembé, onde vai desaguar (e poluir consideravelemente) o Rio Paraiba do Sul.

Embora, quase não se encontre citações desse córrego, que hoje em boa parte está canalizado, pois tornou-se uma rede de esgotos da cidade de Taubaté, encontramos um importante relato que fala da história da cidade onde nasceu Monteiro Lobato e cita o "Córrego do Correia ou Córrego do Convento Velho" como localização do berço do núcleo central da cidade. Portanto, sua importância é considerável, visto que a cidade de Taubaté, de onde sairam muitos bandeirantes para as descobertas das Minas Gerais, teve seu início às margens do Córrego do Correia ou Córrego do Convento Velho.

Quem sabe, com a construção da Estação de Tratamento de Esgotos de Taubaté (uma das maiores do Vale), que a SABESP está realizando e que certamente vai retirar o esgoto "in natura" do Córrego do Correia, por sua importância histórica, não incentiva os taubateanos a revitalizar e renaturalizar o velho rio, como estão fazendo nos grandes e adiantados países da Europa?
Taí uma sugestão a ser dada aos políticos de Taubaté, a "Capital do Automóvel do Vale do Paraíba" (fábricas da Ford e Volkswagem). Prof. Jarmuth Andrade

Vejamos:

Núcleo Primitivo de Taubaté - "Pateo da Breganha"

"Taubaté tem suas origens na sesmaria de Jaques Felix e seus filhos, Domingos Dias Felix e Belchior Felix (ORTIZ, 1988, p.48), que explorava o Vale do Paraíba desde o primeiro quartel do seiscentismo, que receberam em 21 de novembro de 1628, do capitão-mor da Capitania de Itanhaem João de Moura Fogaça carta de datas de terras entre Pindamonhangaba e Tremembé.

Jaques Felix foi o iniciador de um processo de colonização efetiva na região da aldeia indígena de TABIBATÈ. Foi o primeiro a trazer para esses sertões gado vacum e cavalar e a dedicar-se, com sua família, agregados e escravos a constituir uma verdadeira fazenda, sendo, portanto, o primeiro proprietário rural da região.

Taubaté foi fundada em plena vigência da escravidão negra, mas já em épocas de restrições legais á escravidão ameríndia, o que não impediu Jacques Felix de organizar expedições na captura de indígenas (o que é importante salientar que no século XVII e início do século XVIII a maioria dos escravos de Taubaté era constituída de ameríndios, trazidos do sertão pelas entradas e bandeiras).

O núcleo primitivo, que ainda corresponde à porção mais central da cidade contemporânea, ficava no platô localizado entre o curso d’água do Convento Velho ou Correa (hoje canalizado por baixo do mercado e ao longo das avenidas Desembargador Paulo de Oliveira Costa e Juca Esteves) e um pequeno afluente do mesmo, denominado córrego Sagüiru, também hoje canalizado.

Jacques Felix estabeleceu, portanto o povoado em local alto e plano, com água próxima, todavia sem edificações alagáveis, bem arejado, com terras férteis e grandes matas que serviriam aos povoadores em suas fazendas e construções foram erguidas em taipas de pilão, cobertas inicialmente com palha e pouco mais tarde com telhas de barro cozido, cuja matéria prima era encontrada em abundância e de boa qualidade nos terrenos circunvizinhos.

Além das casas de morada, de moinhos para milho, trigo e engenho de açúcar, Jacques Felix fez construir quatro prédios de importância: a igreja Matriz, a casa de Conselho, a cadeia e o convento Velho. O bandeirismo taubateano, entretanto, durante largo período do Brasil colonial não cessou de fazer crescer a área de influência da vila pioneira."

Fonte: Vale do Paraiba - Terra da Gente


LEIA MAIS:


Taubaté, abandonada pelos índios goianas, era outrora um simples lugarejo com um amontoado de casas desordenadas, toscas, construídas de pau-a-pique, cobertas de palha e dispostas ao redor da “banda do Tanque”, hoje Praça Dr. Campos Sales. A “banda do Tanque” abrangia então, o Largo do Mercado e o Ribeirão do Correia. Era na “banda do Tanque” que se achava localizado o reservatório de água que abastecia a escassa população do “arraial”. “Os brejos e o tanque formados pela corrente do Rio Convento Velho (ou Correia) era denominados de Água da Vila” e representaram desde os anos de 1640, um elo de ligação entre o povoado colonizador à margem esquerda, e a aldeia ameríndia à encosta da outra margem. Guia Taubaté

Justiça embarga obra e retém máquinas em Taubaté:

Canalização do córrego do Convento Velho é paralisada por suposto dano ambiental

Taubaté - 21/10/2003
A Justiça de Taubaté embargou a obra de canalização do córrego do Convento Velho, no Jardim Ana Rosa, e apreendeu quatro máquinas que vinham sendo utilizadas pela prefeitura no local.

O mandado de busca e apreensão foi concedido pelo juiz da 1ª Vara Cível, Jorge Alberto Passos Rodrigues, acatando pedido do Ministério Público por suposta degradação ambiental.

A apreensão foi realizada na última sexta-feira por um oficial de Justiça, acompanhado pela Polícia Militar Ambiental e pelo promotor de Meio Ambiente de Taubaté, Frederico Augusto Neves Araújo, autor do pedido.

A canalização, com custo estimado em R$ 300 mil, já havia sido embargada no início do ano por falta de licenciamento ambiental, mas a prefeitura retomou sua execução depois de conseguir uma liminar que garantia a continuidade da construção em trechos que representavam riscos à segurança da população, como uma ponte próxima à avenida Shalon.

Segundo o Ministério Público, a prefeitura descumpriu a liminar, concedida pelo próprio juiz Jorge Alberto Rodrigues, e vinha realizando a obra em sua totalidade. Jornal Valeparaibano

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