21 / 02 / 2011Microalgas são foco de pesquisa na UFPR
O Centro de Estudos do Mar, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), implantou recentemente duas linhas de pesquisa envolvendo microalgas. Uma delas estuda espécies que são tóxicas e que podem causar problemas para organismos aquáticos e até mesmo para os seres humanos.A outra linha de pesquisa está relacionada com o cultivo de microalgas como alimento na aquicultura, ou seja, na produção de peixes e moluscos.
Luiz Mafra Junior, professor-pesquisador do Centro de Estudos do Mar, conta que em qualquer amostra de água, seja ela do mar, de um rio ou uma simples poça, vai aparecer microalgas. A maioria é imperceptível a olho nu. As microalgas, como qualquer planta, usa a energia do sol para transformar gás carbônico (CO2) em oxigênio.
Elas também servem de comida para peixes e outros organismos. Alguns extratos das microalgas são usados em suplementos alimentares e medicamentos naturais. Além disto, já existem pesquisas sobre o uso de ácidos graxos das microalgas para a produção de biodiesel.
“Em primeira vista, as microalgas são benéficas. No mar, são cinco mil espécies descritas. Destas, 200 são capazes de formar florações (concentrações de microalgas capazes de até transformar a cor da água). A floração acontece quando um evento favorece o crescimento das microalgas, que passam a ter abundância de nutrientes para se alimentarem.
A poluição é só um dos fatores. Pode ser depois de uma chuva, com muitos nutrientes da terra. As correntes marítimas também trazem nutrientes. Algumas florações podem virar comida para peixes, mas outras não são consumidas e podem virar problemas”, explica Mafra Junior.
O primeiro problema é o cheiro ruim vindo da decomposição das microalgas. A decomposição consome oxigênio e pode causar a morte de animais no fundo do mar. Há ainda os casos com cerca de 80 espécies de microalgas que podem produzir toxinas.
Não existem problemas na hora de tomar um banho de mar, segundo o professor. As toxinas se acumulam nos moluscos como mexilhões e ostras (que são verdadeiros filtros) e em peixes, entre outros organismos. Quanto há uma grande concentração destas toxinas, o consumo dos alimentos vindos do mar precisam ser suspensos.
As toxinas podem causar problemas gastrointestinais e até, em situações mais graves com certas espécies, a paralisação de músculos e paradas respiratórias.
A linha de pesquisa pretende identificar, na costa paranaense, quais são as épocas e os pontos onde há mais propensão para formação de florações, além de verificar as espécies de microalgas que habitam o litoral do Paraná.
Mafra Junior explica que no estado de Santa Catarina existe um monitoramento intenso sobre a formação de florações e a presença na água de microalgas que produzem toxinas. Isto acontece pela força da venda de moluscos e peixes para outros estados brasileiros e para o exterior.
“Analisam o produto e se a concentração de toxina for alta na água, podem suspender a comercialização e o consumo, por força de lei. O Paraná tem uma produção menor, mas o poder público deve voltar os olhos para isto. O Paraná em breve pode ter uma produção mais significativa”, avalia o professor.
Ele revela que já houve uma mortandade de peixes por causa de uma floração de uma espécie específica em Paranaguá em 2001.
A morte de peixes que ocorreu no início deste ano também na Baía de Paranaguá não estava relacionada com toxinas na água. De acordo com Mafra Junior, na época, não havia nenhuma espécie capaz de matar peixes, conforme análise do Centro de Estudos do Mar.
Microalgas como alimentos na aquicultura – A outra linha de pesquisa do Centro de Estudos do Mar pretende aprimorar o cultivo de microalgas para alimentação na aquicultura, tanto para moluscos, peixes e larvas de camarão. Estes precisam se alimentar de microalgas em alguma fase da vida, de acordo com o professor e pesquisador Luiz Mafra Junior.
Esta linha de pesquisa também está relacionada com o curso superior tecnológico de Aquicultura, oferecida pela Universidade Federal do Paraná por meio do Centro de Estudos do Mar, localizado no município de Pontal do Paraná. A primeira turma do curso foi criada em 2009. A formação é completada em três anos.
A coordenadora do curso, professora Érica Vidal, conta que o curso no litoral paranaense está voltado mais para a aquicultura com espécies marinhas. Existe outro curso de aquicultura na UFPR, mas em Palotina, na região oeste do Paraná, focado para água doce.
“Este setor é o que mais cresce no mundo. No nosso país, já uma grande costa. Pontal do Paraná está entre duas grandes baías, as de Guaratuba e de Paranaguá. Aqui é um local estratégico. A intenção é unir as disponibilidades locais com as necessidades do mercado”, explica Érica.
A professora afirma que a atividade é relativamente nova no Brasil e ganhou mais notoriedade depois da criação do Ministério da Pesca e Aquicultura. “É possível produzir organismos aquáticos sem agressão ao meio ambiente”, conta. O Paraná tem mais produção em água doce, mas quase nada em água salgada, segundo Érica. (Fonte: O Estado do Paraná)/ AMBIENTE BRASIL
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