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12 de setembro de 2013

"RENATURALIZAÇÃO JÁ" - A SOLUÇÃO PARA NOSSOS RIOS E CÓRREGOS URBANOS



Assassinato de córrego em curso!
Assassinato de córrego em curso!

Conservar Sim, Canalizar Jamais DIGA NÃO A CANALIZAÇÃO


Já viu cenário mais feio que a canalização de um córrego ou rio? Pode-se vir com vários argumentos me dizendo que a canalização só trará benefícios  refutarei todos. 
Não existe nenhum beneficio em se canalizar. A canalização nada mais é do que uma forma rápida e fácil de se livrar de um problema. Ilude-se a população com a falsa ideia de que o rio é o problema e a solução esta em corrigir o seu curso e cimentar suas laterais. 
Em alguns casos tampa-se o “problema” e constrói-se uma praça em cima. Até quando veremos um violento crime desse contra a natureza e contra a qualidade de vida da população da cidade, que na maioria das vezes assiste ao fato passiva e enganada? 
Alguns países da Europa já perceberam o erro causado e estão renaturalizando seus rios, voltando para a forma original dos mesmos. 
Por que então devemos passar pelo mesmo processo? Primeiro canalização e depois se volta tudo atrás com a renaturalização? Já não seria hora de pegarmos as boas ideias de países muitos mais antigos e que já sentiram na pele a bobeira que cometeram. Hora de pensar. 
Abaixo posto um interessante texto escrito por uma estudante da UFMG. Vale a pena ler.

PRESERVAR, CONSERVAR, RENATURALIZAR

Especialista alemão mostra que é possível recuperar rios e córregos impactados. A ocupação das terras pelo homem sempre foi norteada pela presença dos rios e córregos. A água que eles forneceram foi indispensável neste processo, já que oferecia transporte, energia, abastecimento e irrigação para a organização dos agrupamentos humanos. No entanto, o crescimento “desordenado ” fez com que, mais tarde, os rios se tornassem entraves à constante necessidade de avanço territorial. 
Durante muito tempo, a estratégia adotada pelas engenharias hidráulica e fluvial consistia em regularizar o curso de rios e córregos para que seu trajeto se tornasse o mais curto possível. Estas modificações eram feitas para ganhar novas terras e diminuir os efeitos locais das cheias. A realização destas obras causou impactos ambientais não considerados no planejamento.
Rompeu-se a interação natural entre rio e baixada e isso ocasionou grande empobrecimento do ecossistema. A variedade de vida animal e vegetal foi reduzida e as cheias hoje causam prejuízos cada vez maiores. A velocidade da corrente aumenta, causando erosão e assoreamento, o que exige obras complexas para manter o rio retificado. 
Além disso, os rios retificados e canalizados têm seu processo de renovação natural muito prejudicado. Atualmente, existe uma consciência muito maior do homem na sua relação com o meio-ambiente. 
Diante dos impactos causados por séculos de ocupação “desordenada” e do risco de esgotamento de alguns recursos naturais, surgem novas alternativas para um desenvolvimento que considere as alterações ambientais. É nesse contexto que aparecem estratégias dirigidas à renaturalização de rios e córregos. O consultor alemão Walter Binder, do Departamento Estadual de Recursos Hídricos da Baviera, apresenta essas possibilidades em seu estudo.
O desafio é recuperar os cursos d’ água que sofreram modificações profundas sem colocar em risco as zonas urbanas e vias de transporte, e sem causar desvantagem para a população. Para isso, os engenheiros envolvidos devem elaborar um plano que leve em conta as particularidades de cada caso, e que se articule aos demais planos territoriais e programas regionais. 

renaturalização em Seul, na Coréia (antes e depois)
Na Alemanha, por exemplo, o plano de renaturalização de rios foi implantado considerando os planejamentos de urbanização e paisagismo, os programas de proteção do ecossistema e o plano diretor de agricultura existente. 
Também deve ocorrer, desde o início, a participação efetiva das pessoas envolvidas. Associações de pescadores ou de agricultores das baixadas afetadas, por exemplo, precisam ser informadas e consultadas antes que as modificações sejam realizadas. É indispensável obter a compreensão e a aceitação da população ribeirinha. 
A elaboração de um plano como este exige profissionais que tenham conhecimento dos novos conceitos de engenharia hidráulica e planejamento territorial. Só assim é possível implantar corretamente todas as etapas de renaturalização. 
Em zonas urbanas, torna-se mais difícil a recuperação dos rios. É nas cidades que eles sofrem as alterações mais profundas, havendo grande comprometimento das relações biológicas. Nestes casos as possibilidades de uma revalorização ecológica são limitadas, mas existem, sim, formas de diminuir o impacto ambiental. Muitas vezes, essas melhorias também favorecem as condições de vida da população ribeirinha, como no caso da criação de parques municipais nas margens recuperadas. 
Outra vantagem da renaturalização é a economia. De acordo com Binder, os custos para manter a evolução natural do rio são pequenos em comparação aos de obras hidráulicas tradicionais e de manutenção.
Na Europa o interesse e a expectativa da população quanto à renaturalização de rios e córregos são imensos, mas a descrença dos proprietários das terras afetadas ainda persiste. A conscientização de engenheiros hidráulicos foi um processo bastante demorado, mas hoje a engenharia ambiental faz parte do currículo da formação de profissionais ligados a recursos hídricos. 
Enquanto na Europa já começa a se estabelecer esta consciência quanto à remoção de canais, os rios brasileiros passam por uma intensa canalização. No Brasil, ainda existe a crença de que rio canalizado significa avanço, progresso. 
De acordo com Edézio Teixeira de Carvalho, geólogo, outro fator que caracteriza os rios europeus é que eles chegaram a um ponto de poluição que programas como os de renaturalização tornaram-se urgentes. Ele não tem conhecimento de nenhum rio ou córrego brasileiro que tenha passado por esse processo, mas acredita que num futuro próximo isso poderá acontecer. “O Brasil tem o costume de copiar bons exemplos com 30 anos de atraso”, diz ele, “acredito que estas medidas de renaturalização podem ser adotadas, sim, em nosso país.”
Flávia Mantovani (Estudante de Comunicação Social da UFMG).



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