
Hidrelétricas do Pará inundarão uma S.Paulo
Áreas da floresta Amazônica que servirão de reservatório para novas usinas no Pará equivalem a mais de 30% do território da capital paulista
Uma área da floresta Amazônica superior ao território da  cidade de São Paulo será inundada pelas hidrelétricas localizadas em  unidades de conservação no Pará e que deverão entrar em operação até  2019, de acordo com o Plano Decenal de Energia.
Dados preliminares dos projetos de cinco das usinas do Complexo  Tapajós, disponíveis no sistema de licenciamento ambiental do Ibama,  mostram que as áreas de reservatório dessas hidrelétricas somarão 1.980  km2, área 30% maior que a cidade de São Paulo.
Juntas, essas usinas têm potência de 10,5 mil MW, quase uma Belo  Monte, a maior hidrelétrica brasileira, com 11,2 mil MW, recentemente  leiloada. Para uma comparação, Belo Monte irá inundar 516 km2 na criação  do reservatório.
No plano que a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) lançou à consulta  pública na terça-feira, o Complexo Tapajós aparece como responsável por  quase a terça parte do aumento da oferta de energia no País na próxima  década.
"Acho muito pouco, o que estamos propondo é um mínimo de devastação",  defende Luiz Fernando Rufato, superintendente da Eletronorte,  referindo-se à área a ser alagada. A estatal bancou os estudos de  viabilidade dos empreendimentos ao lado das empreiteiras Camargo Corrêa e  CNEC Engenharia.
Rufato alega que o abate de árvores causado pelos lagos das  hidrelétricas brasileiras é pequeno diante de outros motivos da  devastação, como o avanço da fronteira agrícola e sobretudo a pecuária.  Todas as hidrelétricas - das pequenas às grandes - já inundaram uma área  equivalente a 40 mil km2 no País.
A área do reservatório representa a dimensão mínima do desmatamento a ser causado pelos futuros empreendimentos em reservas ambientais do Pará. As chamadas usinas plataforma causam desmatamento, por mais "cirúrgica" que se pretenda a intervenção.
O diretor de licenciamento do Ibama, Pedro Bignelli, adianta que o órgão ambiental dará tratamento diferente aos processos do Complexo Tapajós, segundo ele ainda em "estado latente".
Açodamento. A proposta de construir hidrelétricas em unidades de  conservação chegou à cúpula do governo em meados de 2008. Ganhou fôlego  com o decreto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, assinado no mês  passado, autorizando pesquisa de potencial hidrelétrico no interior das  áreas protegidas.
A maior parte das unidades de conservação próximas aos rios Tapajós e  Jamanxim, que abrigarão as novas hidrelétricas, foi criada para deter o  desmatamento nas proximidades da BR-163 e também da Transamazônica.
O presidente do Instituto Chico Mendes, Rômulo Mello, diz que as  unidades de conservação foram criadas "de forma açodada" e estão longe  de representar áreas realmente à salvo do desmatamento. Ele diz que há  inclusive áreas de agricultura consolidada dentro dessas unidades. O  instituto é responsável pelas áreas de proteção e pretende compensar a  área atingida pelas hidrelétricas com novas áreas de proteção nas  proximidades.
A maior das usinas planejadas nessa região é São Luiz do Tapajós, com  potência de 6.133 MW. No plano da EPE, a usina começará a operar em  novembro de 2016. As demais usinas do Complexo Tapajós entrariam em  operação em janeiro de 2019.
Duas outras usinas estudadas na mesma região - Chacorão e Jardim de Ouro - não contam com o entusiasmo imediato dos empreendedores porque a primeira avança em território indígena e a segunda não demonstra ser um investimento atraente, embora tenha sido listada pelo Plano Decenal de Energia.
PARA LEMBRAR
Plano Decenal é resposta às críticas antigas
Lula incita Pará a brigar por usina
O presidente Lula convocou ontem o Pará a se engajar em uma "briga nacional" em defesa da usina de Belo Monte, alvo de críticas de ambientalistas. Em visita ao estado, ele condicionou o desenvolvimento local à implantação da hidrelétrica, pois levará a indústria à região amazônica, historicamente fornecedora de matérias-primas como minério de ferro, madeira e bauxita. O Pará tem que fazer uma briga nacional - disse ele, após evento em Tomé-Açu, no qual lançou o Programa de Produção Sustentável de Palma de Óleo. O presidente ressaltou que a preocupação ambiental é muito maior hoje do que no passado. Lembrou que o lago de Belo Monte ocupará menos da metade da área prevista originalmente e que investimentos estão sendo feitos em compensações - O Globo, 7/5, Economia, p.36. / MANCHETES SOCIOAMBIENTAIS
ÁGUA - QUEM USA, CUIDA!
 
 
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