Estudo aponta maior impacto de desmatamento
na parte alta da Bacia do Alto Paraguai
O diagnóstico que será apresentado por um grupo de ONGs ao governador do Mato Grosso do Sul, André Puccinelli, nesta quarta-feira, 26/05, em Campo Grande, tem por objetivo o monitoramento de impactos no Pantanal
Estudo realizado por um consórcio de ONGs que atuam no Pantanal, entre elas o WWF-Brasil, mostra um Pantanal ainda conservado se comparado a outros biomas, como Mata Atlântica, mas vulnerável, principalmente em razão dos impactos ocorridos na parte alta da Bacia do Alto Paraguai (BAP). Enquanto a planície inundável mantém 86,6% da sua cobertura vegetal natural, no planalto da BAP, apenas 43,5% da área possui vegetação nativa.
O diagnóstico denominado Monitoramento das Alterações da Cobertura Vegetal e Uso do Solo na Bacia Alto Paraguai foi realizado pelas ONGS Ecoa-Ecologia e Ação, Conservação Internacional, Fundação Avina, SOS Pantanal e WWF-Brasil e teve o apoio técnico da Embrapa Pantanal. O objetivo foi fazer uma análise detalhada das mudanças de cobertura vegetal e uso do solo, ocorridas na Bacia do Alto Paraguai no período de 2002 a 2008.
O estudo teve como base inicial dados do Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade Biológica Brasileira (Probio), do Ministério do Meio Ambiente (MMA). O trabalho envolveu a análise de mapas existentes e de novas imagens de satélite. Os técnicos também fizeram visitas de campo para coletar dados, entrevistaram especialistas da área e compararam essas informações com as imagens de satélite.
O resultado do diagnóstico mostra que a planície inundável, onde está o Pantanal ainda está bem conservada, com 86,6% da sua cobertura vegetal natural. A situação é bem diferente na parte alta da bacia hidrográfica, onde apenas 41,8% da vegetação natural permanecem com sua formação original. O estudo também registrou um percentual maior de desmatamento no planalto da BAP. De 2002 a 2008, o lado brasileiro da BAP, onde está o Pantanal, teve uma perda de 4% de sua vegetação natural, contra 2,4% da planície.
Conversão para pastagens
O mapeamento apontou diferenças na ocupação do solo entre o planalto e a planície, onde está localizado o Pantanal. Enquanto o planalto caracteriza-se pela forte ocupação da agricultura e pecuária, na planície, a pecuária de caráter mais extensivo exerce menor pressão sobre a cobertura vegetal original.
Os dados de 2008 mostram que a pecuária é o uso antrópico (pela ação humana) mais representativo na BAP, respondendo por 11,1% da área antrópica da planície e por 43,5% da área antrópica do planalto. A agricultura, que ocorre em apenas 0,3% da planície, ocupa uma área de 9,9% do planalto.
Ciclo das Águas
O estudo ajuda a reforçar a necessidade de olhar para o Pantanal com uma visão de bacia hidrográfica e não apenas a região alagável, a mais conhecida. Isso porque, é na parte alta onde estão as nascentes dos rios que abastecem o Pantanal. O equilíbrio ambiental e os processos ecológicos, responsáveis pela rica biodiversidade do Pantanal são determinados por eventos, naturais ou não, que ocorrem tanto na parte alta como na planície da bacia hidrográfica.
A água que nasce nas partes altas corre para baixo, para a planície inundável, por isso qualquer impacto nessa área tem reflexos no Pantanal. “É esse ciclo hidrológico – com águas que sobem no período das águas e baixam na estação seca - que faz o Pantanal um bioma tão importante, único, com uma das mais ricas biodiversidades do mundo’, destaca a secretária-geral do WWF-Brasil, Denise Hamú. Para Hamú, entender e respeitar esse ciclo é fundamental para a conservação do Pantanal e das espécies que ele abriga.
Ferramenta de gestão e monitoramento
O mapa da cobertura vegetal é mais uma ferramenta para entender o Pantanal e a relação entre o planalto e a planície alagável e para ajudar os governos a adotarem medidas para a conservação do Pantanal.
Para as instituições, será um elemento importante para as ações de conservação e para o diálogo com o segmento produtivo. “Nosso objetivo é discutir um modelo sustentável para o futuro do Pantanal que combine desenvolvimento com a proteção da natureza” afirma Denise Hamú.
A base de dados produzida pelo estudo servirá de referência para o monitoramento da cobertura vegetal e uso do solo da BAP, sendo revisada e detalhada, incorporando-se críticas e sugestões de entidades parceiras a cada revisão. A intenção das ONGs é contribuir para o aumento da compreensão da dinâmica que ocorre na região e que essa compreensão possa ser convertida em ações de apoio à conservação e ordenamento do uso sustentável da região.
O Estudo completo está disponível no site www.wwf.org.br
Contatos:
Assessoria de Comunicação do WWF-Brasil
Geralda Magela, assessora de Comunicação – Programa Pantanal: (61) 8165-6809 – geralda@wwf.org.br
Maristela Pessôa, assistente de Comunicação: (61) 3364.7464 – maristela@wwf.org.br
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