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11 de maio de 2010

CURIMATAÚ PARAIBANO EXCLUÍDO DA TRANSPOSIÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO


PICUÍ - O maior gerador de empregos do curimataú paraibano.

Curimataú paraibano excluído da transposição do rio São Francisco,

com nota do pesquisador João Suassuna

Correio da Paraíba, João Pessoa – quarta-feira, 05 de maio de 2010.

Rubens Nóbrega – rubensnobrega@correiodaparaiba.com.br

A escritora Lourdinha Luna está revoltada. Depois de ver de perto a seca e a sede no Curimataú da Paraíba, descobriu que a região não será contemplada com a água do São Francisco transpostas para a nossa Pequenina.

Lourdinha soube da notícia ruim por Adelson Barbosa, autor de matéria sobre a transposição publicada domingo (02/05) neste jornal.


Segundo o jornalista, as águas do Velho Chico devem chegar a 127 municípios no Estado. Consequentemente calcula rapidinho Lourdinha, 96 municípios paraibanos estarão excluídos do alcance da obra e a maioria deles está encravada no Curimataú Setentrional, “onde não há grandes reservatórios”.


Lembra que o maior açude da região foi construído na gestão de Wilson Braga (1983-86) e doado a um amigo do então governador, “que o cercou de arame farpado, negando à população sedenta uma lata d´água para o mingau dos bebês”.


Recorda ainda que tal absurdo chegou ao fim no governo Ronaldo Cunha Lima (1991-94), “que teve um gesto que entrou para a história. Mandou cortar a cerca e determinou ao povo se servir do bem público, que não podia ser alienado a particular”.


Lourdinha revela que ouviu “falar” pela primeira vez em transposição de águas – “não de rio”, esclarece – lendo “A Paraíba e seus problemas”, de José Américo de Almeida.

“Em conversa com o autor, ouviu dele que a via para sua execução residia na cessão de uma parte do caudal do Tocantins, através de uma fenda tectônica, que chegava ao São Francisco e daí para os grandes açudes, nos anos sáfaros”, conta.


“Mais adiante, conheci o apóstolo dessa imensurável grandeza para o Nordeste, na voz e nos atos do engenheiro civil-militar João Ferreira Filho, a quem fui apresentada pelo Doutor João Medeiros Filho”, acrescenta.


A escritora lamenta, por fim, que a obra da transposição venha agregando ao longo do tempo “patrocinadores” que dela se servem com objetivos puramente eleitoreiros.


Sem citar nomes, Lourdinha observa que esses, abastecidos de “mares de água doce”, pensaram e pensam “apenas em seus redutos eleitorais e na possibilidade de se elegerem e elegerem parentes”, enquanto esqueceram e esquecem o restante do Estado.


Acredita ela que a construção de adutora para estender a transposição até o Curimataú corrigiria uma tremenda injustiça, além de incluir entre os beneficiários da iniciativa, os habitantes “das circunscrições administrativas que não interessam aos futuros senadores e deputados federais e estaduais”.

Confirmado

Em matéria de água abasteço-me da melhor fonte: Francisco Jácome Sarmento, um dos coordenadores do Projeto São Francisco, atual secretário de Recursos Hídricos, Ciência e Tecnologia do Governo do Estado.

Mandei para ele a justa indignação de Lourdinha Luna, agregando pedido de informações e orientações. Fui atendido pronta e gentilmente pelo Doutor Sarmento, mais uma vez. Suas considerações vão valiosas e esclarecedoras, como sempre, e serão compartilhadas com o leitor a partir deste ponto.

******

- Rubens, realmente o Curimataú paraibano ficou de fora da transposição. Sua inserção decorre da posição geográfica. Seria econômica e financeiramente impagável na atualidade uma interligação dos leitos receptores das águas transpostas do São Francisco para aquela região.


A solução hídrica para o Curimataú, a médio prazo, tem de ser local. Ou seja, aproveitamento adequado do potencial hídrico das bacias locais, embora sejam bastante limitadas tanto quantitativa como qualitativamente, em razão da salinidade.


Poços acoplados com dessalinizadores e barragens onde é possível serem executadas é o que consta em termos de programação de obras físicas para a região. O Sistema Adutor do Cariri, construído no âmbito do Plano das Águas, é hoje o que garante o abastecimento de água da cidade de Pedra Lavrada (no Curimataú). Na época da construção, foi bastante difícil convencer o Banco Mundial (financiador da obra) para incluir aquela cidade distante 180 km (em comprimento de tubos) do manancial de Boqueirão (o mesmo que abastece Campina Grande).


A longo prazo, vem a ser bastante provável que outras interligações como a do Sistema Adutor do Cariri precisem ser feitas para garantir água de outros municípios do Curimataú e, veja bem, estamos falando de volumes apenas para o suprimento humano e animal.

Nota de João Suassuna

11/05/2010

Em 2004, a SBPC promoveu uma reunião no Recife, de caráter

internacional, na qual foram discutidos projetos de transposição entre grandes

bacias hidrográficas, com a presença de cerca de 40 renomados hidrólogos,

nacionais e estrangeiros. Nessa reunião foi elaborado um relatório com diversas

sugestões para a solução dos problemas de abastecimento do povo nordestino.

Mereceu destaque nesse documento, a sugestão da realização de uma

infraestrutura hídrica em cada estado do Nordeste setentrional (a ser realizada de

jusante para montante), para aproveitamento dos recursos hídricos locais, antes

mesmo de se iniciar o projeto de transposição das águas do rio São Francisco.

Aliás, o Curimataú paraibano está localizado no agreste do Estado, região na qual

foi identificada, pelos estudos da Agência Nacional de Águas (ANA), uma

significativa escassez hídrica. O abastecimento da cidade de Pedra Lavrada, com

as águas de Boqueirão, é um exemplo do que foi sugerido na reunião da SBPC,

com o aproveitamento das águas interiores da região (nesse caso a adução de águas

do reservatório de Boqueirão). Ocorre que a transposição, na Paraíba, irá

abastecer o açude de Boqueirão, o qual já está possibilitando o abastecimento de

uma cidade do Curimataú, conforme mencionado pelo secretário de Recursos

Hídricos da Paraíba. Nesse caso, o uso das águas do Velho Chico, para fins de

abastecimento humano e animal, provenientes daquela represa, será permitido. É

possível, no entanto, que a escritora Lourdinha, personagem revoltada do texto

acima, não tenha tido acesso a essa informação. Na nossa avaliação, o difícil será

fazer com que o uso da água do São Francisco, em Boqueirão, seja realizado

apenas para o abastecimento humano e animal conforme acredita o secretário.

Lembro ao leitor menos avisado, que Campina Grande possui um dos pólos

industriais mais desenvolvidos do Nordeste, principalmente com indústrias têxteis

consumidoras de água, pólo este localizado em uma das regiões mais carentes do

Estado em termos de recursos hídricos. Em ano eleitoral a proposta é matar a sede

da população. Passadas as eleições a proposta será a de matar o rio. Com relação a

isto, não temos a menor dúvida.


Microrregião do Curimataú Oriental

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.


Curimataú Oriental
Localização
Estado Paraíba
Mesorregião Agreste Paraibano
Microrregiões limítrofes Não disponível
Características geográficas
Área 1.363,492 km²
População 96.388 hab. est. 2006
Densidade 70,7 hab./km²
Indicadores
IDH médio 0,568 PNUD/2000
PIB R$ 190.300.884,00 IBGE/2003
PIB per capita R$ 2.008,84 IBGE/2003

A microrregião do Curimataú Oriental é uma das microrregiões do estado brasileiro da Paraíba pertencente à mesorregião Agreste Paraibano. Sua população foi estimada em 2006 pelo IBGE em 96.388 habitantes e está dividida em sete municípios. Possui uma área total de 1.363,492 km².

Municípios



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