Cantinho Literário - "O RIO DE MINHA INFÂNCIA" (XIII)

O RIBEIRO DE MINHA INFÂNCIA

Adelaide Monteiro

http://adelaide-monteiro.blogspot.com

SINTRA - Portugal


Ribeiro onde brinquei e com quem partilhei em surdina, os segredos de menina.
Elegi-te meu rio mágico e das tuas águas cristalinas surgiam as mouras encantadas, de histórias para mim reais, contadas por uma doce avó, ao serão.
Contigo corri atrás de borboletas coloridas e com grinaldas de flores das tuas verdes margens, corri atrás de sonhos.
Fui rainha e princesa do teu moinho, meu castelo, mó em movimento de magia.
Foste espelho das minhas vaidades e foste confidente dos beijos apaixonados de amores proibidos. Sorriste feliz nas juras de amor eterno e elegeste-te padrinho desse amor.
Abandonei-te em correrias loucas, deste mundo louco, sempre correndo sem chegar a lugar nenhum.
Ah!...Mas a saudade foi-me matando e regresso agora, na esperança que me reconheças.
Abraço-te, aconchego-te, meu amado fio de águas limpas; também tu tens menos pressa de chegar à foz.
Também as tuas frondosas árvores de outrora estão menos espessas e os troncos cobertos de musgo prateado, igual ao meu cabelo e tal como a minha alma, as tuas águas continuam cristalinas.
Venho dizer-te que te amo, que amo a vida e tudo o que foi para além dos nossos segredos guardados em baús dourados que ficaram no depósito do teu leito.
Venho segredar-te que há injustiças que me fazem sofrer e pedir-te que me recebas de novo no teu leito mágico, em histórias de menina.
Quero voltar a brincar ao faz de conta, para fazer de conta que nada disto existe.

Quero voltar para ti, ribeiro da minha infância!...

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Ex.mo senhor:
É para mim uma honra ter o meu texto poético no blog sosriosdobrasil.
O ribeiro da minha infância é no Nordeste Transmontano, numa aldeia de Miranda do Douro. Chama-se rio Angueira ( ribeira ) e vem de Alcanices,Espanha.
Tem a particularidade de ter lagostins de água doce, que na minha infância e juventude apanhávamos à mão.
Há uns anos atrás houve uma enxurrada de poluição, vinda de Espanha e morreram todos.
Foi repovoado e neste momento já tem novamente vida. É proibida a sua captura, com vista ao futuro equilíbrio natural.
Infelizmente, aqui em Sintra, as ribeiras estão todas poluídas, com cheiro nauseabundo. Enfim, atentados contra a Natureza que já se estão a pagar caros.

Junto envio a minha foto, conforme me foi sugerido. Quem sabe, algum familiar em S.Paulo me venha a reconhecer.

Os meus cumprimentos,

Adelaide Monteiro

INSTITUTO SOS RIOS DO BRASIL

Divulgando, Promovendo e Valorizando

quem defende as águas brasileiras!
ÁGUA - QUEM USA, CUIDA!