DEZOITO AFOXÉS NO CARNAVAL DA BAHIA LEVARÃO A MENSAGEM DO USO RACIONAL DA ÁGUA

INGÁ patrocina Afoxés no Carnaval 2009

Para estimular a consciência ambiental em relação ao uso racional da água no Carnaval de Salvador, o Instituto de Gestão das Águas e Clima (INGÁ), autarquia da Secretaria do Meio Ambiente, conta esse ano com o apoio de 18 afoxés, entidades que atuarão como multiplicadores da mensagem de alerta sobre a importância da conservação das águas durante a folia. Isto porque os afoxés também carregam o simbolismo da água como algo a ser protegido e cuidado.

Para desfilar no Carnaval, os afoxés, que possuem uma relação sagrada com a água, receberão do INGÁ um reforço financeiro de R$ 10 mil cada, através do convênio com a Secretaria de Cultura do Estado da Bahia, dentro do programa Carnaval Ouro Negro. Para o coordenador do Carnaval Ouro Negro, Edvaldo Bolagi, este apoio irá valorizar ainda mais a beleza e tradição dos blocos afros e afoxés.

“Quando se pensa em comunidades religiosas de matriz africana, não há como não pensar no significado das águas para as comunidades de terreiro, tanto no elemento do sagrado, como nos valores culturais presentes em todos os rituais”, afirma Julio Rocha, diretor-geral do INGÁ. Neste carnaval, serão distribuídos 20 mil leques de abanos dentro destes afoxés com mensagem educativa sobre a água.

O convênio prevê ainda o repasse de R$ 1,5 milhão para a realização de ações conjuntas de educação ambiental e conscientização sobre o uso racional da água até o ano de 2010 entre o INGÁ e a Secult, com a participação destas entidades. As ações acontecerão não só no Carnaval, mas também durante todo o ano, através da multiplicação dos programas em suas comunidades, com os jovens e lideranças; e com os terreiros e comunidades tradicionais, que possuem uma relação com as fontes sagradas de água.

Estão previstas também publicações com informações sobre o histórico e atuação desses blocos e sua relação cultural com a água; campanhas de educação ambiental em rádio e TV, focando a relação da Água com a Cultura; a promoção de ações de Educação Ambiental nos Pontos de Cultura; a realização de oficinas, seminários e do II Encontro pelas Águas dos Povos e Comunidades Tradicionais; e a integração entre a Política Estadual de Recursos Hídricos, o Plano Estadual de Cultura e a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais no Estado da Bahia.

Para Rocha, a água está relacionada à sobrevivência e qualidade dos povos e tem forte ligação com o candomblé e com o sagrado. “Nossa participação no Carnaval se insere na perspectiva de uma temática sustentável, em que o cuidado com o elemento água precisa ser difundido na conscientização da população. A água é elemento presente no nosso cotidiano e faz parte de todas as manifestações culturais, assim como o Carnaval".

Tema das águas é lembrado por blocos afros e Afoxés

O tema das águas será lembrado por vários blocos neste Carnaval, entre eles o Afoxé Filhos de Gandhy, o grande homenageado da folia, que traz este ano o tema “60 anos de Paz!”. Eles prometem encher a Avenida de paz e beleza com as cores azul e branco das roupas e contas dos seus cerca de cinco mil integrantes.

O Gandhy lembra que sua mensagem está ligada à história dos Orixás. O presidente da entidade, formada exclusivamente por homens, Agnaldo Silva, revela que o povo do Gandhy reverencia a paz e os Orixás. “Na comemoração dos 60 anos de fundação, vamos celebrar a paz fazendo referência ao poder da natureza, das folhas e das águas”, diz.

Outro Afoxé que destaca a importância das águas em seu desfile este ano é o Ilê Oyá, que significa Casa de Yemanjá. Fundada por representantes do Candomblé, a associação traz para o Carnaval o tema “Encontro das águas sagradas de Oxum – As Yabás pedem paz”.

Segundo a presidente e uma das fundadoras da entidade, Celita Alves Silva, a preocupação com as águas tornou-se urgente porque as Yabás (deusas femininas do Candomblé) precisam se banhar em águas limpas, sem sujeiras nem poluição. “Nós vamos pedir pelas águas salgadas e doces. Nós queremos preservar as águas porque são o símbolo da vida”, ressalta.

A Água também é a temática do bloco Cortejo Afro, que além de se preocupar com a relação desse bem precioso para a humanidade, traduz a importância desse elemento enquanto estética. Quem explica melhor esse conceito é o presidente do bloco, Alberto Pita. “Queremos revelar como os índios pensam as águas, como o Candomblé pensa a água, enfim como os povos pensam as águas”.

Pita adianta que as alas do Cortejo Afro vão representar as águas paradas com Nanã, as águas vivas com Yansã e a senhora das águas secas com o sertão nordestino. A relação do Cortejo no Carnaval baiano defende um tema que se estende através de instalações artísticas, das indumentárias dos foliões e da música levada por 200 percussionistas que fazem uma releitura de ritmos e sons.

E um dos blocos mais famosos internacionalmente, o bloco afro Olodum, também não esquece que a água é parte da relação com meio ambiente. Este ano, os tambores do Olodum vão lembrar os “Dogons, o povo das estrelas”. “Mesmo falando dos seres dos céus, sabemos que eles e o todo têm relação com os rios, com a cultura e com os cultos africanos”, é o que aponta Nelson Mendes, diretor de produção do Olodum.

07/02/09
Ascom INGÁ
Mais informações:
Letícia Belém/Yordan Bosco/Brenda Medeiros
(71) 3116-3286/3042/3024 – 9966-7345

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