ENCHENTES = Trechos do LIVRO INEDITO do Prof. Jorge Paes Rios
" CONTROLE DE ENCHENTES"
ENCHENTES
ALGUNS Trechos do LIVRO INEDITO do Prof. Jorge Paes Rios “ CONTROLE DE ENCHENTES”
1.1 Considerações Gerais sobre as ENCHENTES
Denomina-se enchente, cheia ou inundação à elevação do nível d’água de um corpo hídrico (rio, lagoa, reservatório, etc.) provocada, normalmente, pelas precipitações pluviométricas. Como tal, trata-se de um fenômeno natural a que todo corpo hídrico está sujeito de forma cíclica. Além das precipitações das chuvas em determinadas regiões, a fusão da neve acumulada no inverno também dá origem a inundações cíclicas na primavera.
O conceito de enchente pode ser estendido às inundações artificiais provocadas por atividades antrópicas, tais como as rupturas de barragem e diques, as pontes, bueiros e canalizações subdimensionados. Esse conceito se estende, também, às inundações decorrentes da urbanização descontrolada e das agressões ambientais, tais como o aterro de áreas normalmente inundáveis, a impermeabilização excessiva do solo, a concentração de vazões em áreas não apropriadas, efetuadas por obras erroneamente planejadas ou, simplesmente, sem planejamento algum.
As cheias, consideradas como fenômenos naturais, podem ser benéficas, EM CERTOS CASOS, fazendo parte dos ciclos da natureza, fertilizando o solo, controlando a população de certas espécies vegetais e animais. Todavia, as enchentes, quase sempre, foram consideradas apenas pelos seus aspectos maléficos causados às populações ribeirinhas, principalmente no que tange à perda de vidas humanas, destruição de casas e moradias, prejuízos materiais diversos, paralisação das atividades econômicas, etc. Sendo assim, o controle das inundações, durante muito tempo, sempre foi considerado apenas sob o ponto de vista econômico e social.
Saturnino de Brito, em 1925, sabiamente escreveu em seu livro “Defesa Contra Inundações” que o homem considera violentas as enchentes que destroem suas casas e tudo arrastam, mas não considera a violência das obras que comprimem o rio em seu leito, atentando contra a própria natureza e não deixando passagem para as suas águas. O autor chama a atenção para o fato de que, em muitos casos, o problema das inundações é causado pelo homem, o qual deve reconhecer a dificuldade ou a impossibilidade de resolvê-lo de modo completo para se evitar obras inúteis, despesas excessivas e fracassos políticos e sociais.
O geólogo francês Dollfus concluiu, em 1923, após analisar as inundações francesas, que o homem pouca coisa ou quase nada pode fazer contra esse fenômeno natural e que, muitas vezes, os benefícios são pequenos em relação às grandes despesas a serem realizadas e conclui que a solução mais simples e imediatamente aplicável é a proibição de se construir nas áreas perigosas declarando-as “non ædificandi”.
Ressalta à evidência que é economicamente impossível proteger-se uma determinada área contra toda e qualquer cheia possível de ocorrer, mesmo porque a pior enchente é sempre aquela que ainda está por acontecer.
Há algumas décadas, sobretudo na Europa, empreendeu-se uma tentativa de proteção dos bens humanos contra os efeitos das enchentes, cogitando-se, também, de se reservar novas áreas para ocupação, sobretudo agropecuárias, realizando-se para tal fim inúmeras obras de defesa contra as inundações.
A partir da década de setenta, com o aprofundamento dos conhecimentos das variáveis ecológicas e ambientais, mercê de diversos estudos minuciosos, praticamente não se elaborou na Europa qualquer projeto sem a consideração dos aspectos ambientais.
ÁGUA - QUEM PENSA, CUIDA!